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Nº 1793 - Ano 39
8.10.2012

Plano de voo

Às vésperas de seu 44º aniversário, campus da UFMG em Montes Claros prepara salto de qualidade em sua infraestrutura física

Maria Fernanda Ruas*

O Instituto de Ciências Agrárias (ICA), que completa 44 anos nesta quinta-feira, dia 11, encara o desafio do crescimento. Desde a implantação de quatro cursos no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em 2009, laboratórios, salas de aula e até gabinetes de professores passaram a ser insuficientes para atender as novas demandas.

Para enfrentar a empreitada, o ICA segue à risca as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) relativo ao quadriênio 2011-2014. Na pauta, reformas e construções que serão iniciadas em 2013 e “vão proporcionar aos alunos e professores melhores condições de ensino, pesquisa e extensão”, prevê o diretor da Unidade, professor Delacyr da Silva Brandão Júnior.

As primeiras melhorias começaram a ser executadas, com a inauguração de uma sala de desenho técnico e de 12 laboratórios de ensino: química; física e eletrotécnica; anatomia vegetal e dendrologia; entomologia e zoologia; patologia florestal; microbiologia; informática; toxicologia e farmacologia; morfologia animal aplicada; parasitologia; biodigestão anaeróbia; e tratamento e aproveitamento de resíduos agrícolas.

Segundo o coordenador da Comissão de Planejamento e Infraestrutura, professor Edson Vieira, boa parte das adequações previstas no PDI está concentrada no Centro de Atividades Administrativas e Didáticas (CAAD), prédio localizado em imóvel vizinho ao campus. Suas instalações, que abrigravam um curtume, foram desapropriadas pela União e repassadas à UFMG no ano passado, aumentando a área total do campus em mais de 53 mil metros quadrados.

Desde março, algumas atividades didáticas já são realizadas no prédio, que será alvo de reforma ampliada no início de 2013, para que possa concentrar toda a área administrativa do campus. O local também receberá, em um segundo momento, laboratórios e um centro de convenções.

A parte antiga do campus também terá sua infraestrutura modernizada. O Bloco A, que hoje abriga salas de aula e diversas atividades administrativas, passará a concentrar apenas laboratórios depois de ser reformado. Já no bloco B ficarão os laboratórios de uso compartilhado, como o de microscopia. “Medidas como essas vão garantir que os prédios concentrem atividades específicas, proporcionando mais organização e melhor andamento dos trabalhos”, pontua o professor Edson Vieira.

O PDI reserva atenção especial para a melhoria da infraestrutura didática dos cursos de graduação. O de Engenharia Florestal, por exemplo, contará com os laboratórios de serraria, produção de energia, papel e celulose, além do viveiro florestal, que vão integrar o Centro Tecnológico de Ciências Florestais. Já o curso de Engenharia Agrícola e Ambiental vai receber os laboratórios de mecânica e mecanização e o de construções rurais. As obras estão em fase de licitação, e a previsão é de que sejam iniciadas no primeiro semestre de 2013. O curso de Engenharia de Alimentos terá o suporte de uma mini-indústria de alimentos. Tal obra ainda está em fase de projeto, com previsão de início para o segundo semestre do ano que vem.

O aumento do número de cursos e de alunos também provocou a contratação de mais professores, que hoje somam 66. “Não há gabinetes suficientes para abrigá-los”, afirma o professor Delacyr. Essa carência será suprida com a edificação, também prevista para o próximo ano, de prédio de gabinetes com tecnologias de construção
ecologicamente corretas.

Referência no semiárido

Arquivo ICA
Aluno analisa beterraba plantada na fazenda experimental para fins de pesquisa e ensino
Aluno analisa beterraba...

Em seus 44 anos de trajetória, o Instituto de Ciências Agrárias se consolidou como um dos principais centros de geração de tecnologia e extensão apropriadas às realidades dos vales dos rios Jequitinhonha e São Francisco. Um dos eventos de maior visibilidade é a Semana do Produtor Rural, realizada a cada dois anos desde 1988.

Outro diferencial do campus Montes Claros é a Fazenda Experimental Professor Hamilton de Abreu Navarro, que pertence à UFMG desde a década de 1960. Com área de 232 hectares, está localizada a sete quilômetros do Centro da cidade e dispõe de infraestrutura necessária para as aulas práticas dos cursos de graduação, especialização e mestrado oferecidos pelo ICA, além de possibilitar a realização de pesquisas.

Na fazenda, são mantidas atividades de bovinocultura de leite e de corte, suinocultura, ovinocaprinocultura, avicultura e equicultura. No âmbito da fitotecnia, destacam-se a fruticultura (cítricos, banana, pequi, goiaba etc.), olericultura orgânica (beterraba, cenoura, alface, couve, alho, cebola etc.), além dos plantios de feijão, milho, mandioca e sorgo.

Legado de excelência

O início da trajetória do campus Montes Claros data de 1968, quando foi criado o Colégio Agrícola Antônio Versiani Athayde, que oferecia cursos de formação técnica em Agropecuária. Mais tarde, em 1975, foram instalados cursos superiores de curta duração em Administração Rural e Bovinocultura, o que hoje equivale aos chamados tecnólogos.

Os cursos superiores regulares no Campus Montes Claros são relativamente recentes. O primeiro curso implementado foi o de Agronomia, em 1999, e seis anos depois foi a vez de Zootecnia. Os outros quatro cursos, Administração, Engenharia de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental e Engenharia Florestal, só foram implementados em 2009, por meio do Reuni.

Os alunos matriculados nos cursos técnicos, extintos em 1981, cursavam simultaneamente o atual ensino médio em outras instituições. Durante anos, o Colégio Agrícola, considerado o melhor do Norte de Minas, preparou alunos de Montes Claros e região para o vestibular, ajudando a formar advogados, médicos, empresários e professores. Três deles são docentes do ICA: Ernane Ronie Martins e Flávio Gonçalves Oliveira foram alunos do Colégio Agrícola e fizeram os cursos técnicos junto com o ensino médio; a professora Júlia Maria de Andrade fez o curso superior de curta duração em Bovinocultura, já no Núcleo de Tecnologia em Ciências Agrárias, instituído pela Universidade para oferecer ensino superior.

“O Colégio Agrícola deixou um legado importante ao formar profissionais de primeira linha. Como campus da UFMG, esperamos que ele também fique marcado pela excelência do ensino, compromisso e envolvimento com a comunidade da região”, afirma a professora Júlia de Andrade.

ICA em números (2011)

6 cursos de graduação (Administração, Agronomia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal e Zootecnia)

1 especialização em Recursos Hídricos e Ambientais

1 mestrado em Ciências Agrárias

1.209 alunos de graduação, especialização e mestrado

66 professores

65 servidores técnicos e administrativos em Educação

98 projetos de pesquisa registrados

114 projetos e 8 programas de extensão

Fazenda Experimental com área de 232 hectares

Biblioteca com cerca de 19 mil volumes, entre livros, periódicos, dissertações, teses e conteúdos em áudio e vídeo