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Nº 1797 - Ano 39
05.11.2012

“Audiências VENTILAM RELAÇÃO com a sociedade”

Maria Rita Kehl: violações como tradição da cultura brasileira

Maria Rita Kehl: violações como tradição da cultura brasileira

“Nossa pesquisa abrange o período entre 1946 e 1988, mas eu poderia partir de 1930, 1920 ou até 1500: as violações de direitos fundamentais são tradição horrorosa da cultura brasileira.” A constatação é da psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve presente na UFMG no último dia 22, para promover a audiência pública Universidade, estudantes e ditadura.

Na divisão de áreas de investigação entre os integrantes, Kehl encarregou-se das violações de direitos humanos de populações camponesas e indígenas, que, em sua avaliação, são as mais frágeis e vulneráveis no Brasil. Na entrevista abaixo, a psicanalista faz um balanço do trabalho já realizado.

Qual a função de audiências públicas que a Comissão tem realizado em diferentes regiões do país?

Elas servem pra ventilar nossa relação com a sociedade, abrir portas e janelas, e conseguir colaboração das pessoas nos vários estados por onde passamos.

A CNV foi instituída em maio deste ano. Como a senhora avalia os avanços em relação às investigações?

Tivemos um tempo inicial de cerca de três meses de organização da própria comissão – toda a parte burocrática, a estrutura, os assessores e o funcionamento. Desde o início, temos feito audiências, mas muito tempo foi gasto na criação da estrutura. Depois, os grupos de trabalho foram divididos e começaram a funcionar.

Em que estágio está o trabalho no seu grupo?

Fomos para o Araguaia e entrevistamos vários camponeses. A tribo Suruí instituiu sua própria comissão da verdade para poder nos contar as histórias de violações. Esse tipo de iniciativa tende a se multiplicar. Por meio do MST, consegui reunir em Brasília um grupo de pessoas ligadas a diversos tipos de movimentos do campo e indígena (CPT [Comissão Pastoral da Terra], Contag [Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], entre outros) para criar uma comissão da verdade camponesa. Está se formando uma teia para nos ajudar. Se, em agosto, eu ainda não conseguia enxergar como levaria a cabo esse trabalho, hoje já vejo os caminhos. Ainda não percorri todos eles, mas é certo que se abriram. Estou muito otimista em relação aos resultados.

O fato de a CNV ter sido instituída por um governo de pessoas que foram vítimas da ditadura – a começar pela presidente Dilma – poderia, de alguma forma, ­interferir no trabalho?

Absolutamente. Em primeiro lugar, essa não é uma comissão do governo Dilma, mas uma comissão de Estado, aprovada no Congresso. Além disso, para alcançar essa legitimidade, foi preciso que houvesse, entre os integrantes, pessoas que participaram de cada um dos governos da redemocratização, exceto o governo Collor. Por último, a Comissão não tem membro pessoalmente atingido – nenhum de nós foi torturado, então não existe essa passionalidade entre os integrantes.

Fisioterapia convoca VOLUNTÁRIOS para PESQUISA

O Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG está recrutando voluntários com mais de 60 anos que sofrem de dor lombar para participar de estudo internacional multicêntrico sobre o assunto envolvendo equipes de pesquisadores do Brasil, Austrália e Holanda.

A intenção é traçar o perfil de pessoas com mais de 60 anos que acessam os serviços públicos de saúde do país para tratar de dores lombares, subsidiando os governantes com dados que serão utilizados no aprimoramento de políticas públicas.

Segundo a professora Leani Souza Máximo Pereira, que coordena os estudos pela UFMG, o voluntário será beneficiado com elaboração gratuita do diagnóstico sobre sua crise aguda de dor nas costas, além de ter a evolução de seu tratamento acompanhada por telefone durante um ano. Ela esclarece ainda que o processo não prevê qualquer outro tipo de intervenção, como atendimento de fisioterapia e fornecimento dos medicamentos.

Cerca de 250 voluntários já estão cadastrados, e a equipe da UFMG pretende ainda obter a adesão de outras 350 pessoas. Os interessados devem ligar para os telefones (31) 3081-0504 e 8440-1292.