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Nº 1840 - Ano 40
14.10.2013

Chapa 3 UFMG em ação

José Nagib Cotrim Árabe

Paulo Sérgio Lacerda Beirão

Reitor Vice-Reitor

PRINCÍPIOS PARA UMA UFMG DE EXCELÊNCIA

Uma universidade de excelência é uma universidade republicana, formadora de cidadãos criativos e capazes de enfrentar com competência e independência os problemas que afligem nossa sociedade. É uma universidade geradora de conhecimentos de fronteira, comprometida com as necessidades do povo brasileiro e com o interesse público; irradiadora de cultura e detentora do patrimônio científico, tecnológico e cultural da humanidade; capaz de dar suporte a um modelo de desenvolvimento econômico e social baseado no conhecimento e na solidariedade, e reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade do seu trabalho e impacto na sociedade. É, finalmente, uma universidade que defende sua autonomia, com um ethos coeso, que define sua política acadêmica sem interferência político-partidária, de maneira independente dos diversos níveis de governo.

RUMO AO CENTENÁRIO COM INOVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

A UFMG, uma das mais antigas universidades brasileiras, completará, em 2017, no transcurso do próximo reitorado, apenas 90 anos, enquanto que, em outros países, existem instituições que já se aproximam do seu primeiro milênio. Os desafios que se colocam para a UFMG, ao voltar o olhar para o seu centenário, é o de se consolidar como instituição que associa o compromisso com o seu tempo e lugar, de se orientar pelos desafios do conhecimento sem se esquecer de sua importância para o desenvolvimento sustentado nos planos econômico e social do país que a mantém. Para cumprir tais desafios serão necessárias ações inovadoras, transformadoras e bem planejadas como as apresentadas em nosso plano de trabalho.

Defesa da Educação Pública Gratuita e Autonomia da Universidade

Comprometemo-nos com a premissa de que a educação gratuita e de qualidade, em todos os níveis, é um bem público, direito de todos e obrigação do Estado. A UFMG faz parte de um sistema de universidades federais, dentro do qual exerce uma liderança, e isso significa mantermos o protagonismo que caracteriza a UFMG na luta pela autonomia das universidades federais, um objetivo ainda não alcançado.

O Papel da UFMG na Expansão do Ensino Superior

É imprescindível uma discussão para a definição do papel da UFMG na expansão do sistema público superior de ensino segundo os objetivos inscritos no PNE 2011-2020. Um dos gargalos para alcançarmos essa meta é a carência de docentes qualificados. A UFMG pode dar uma contribuição formando novos mestres e doutores nas diversas áreas do conhecimento.

A Inclusão, Permanência e o Respeito à Diversidade

A expansão da UFMG, com a ampliação de vagas na graduação e a criação de mecanismos de inclusão, trouxe mudanças no perfil do nosso alunato, ainda não consolidadas de todo. Serão necessárias novas políticas de permanência, equalização e assistência para o acolhimento de estudantes. O aumento da diversidade entre nossos alunos exige ainda, a construção coletiva de uma política de enfrentamento a todas as formas de discriminações, numa cultura democrática de respeito às diferenças e aos direitos humanos.

Tempo de Rupturas e de Novas Formas de Participação Democrática

Vivemos um tempo de mudanças vertiginosas e de rupturas. Um tempo de novos desafios que podem ser enfrentados com trabalho cooperativo e interdisciplinar, com colaboração entre departamentos e unidades dando mais qualidade aos esforços individuais. O futuro requer estar aberto para cogitar, debater e experimentar novas formas de convivência e abordagens, onde todos possam emitir seu ponto de vista para que decisões tenham legitimidade e transparência.

A EXCELÊNCIA E O VALOR DAS PESSOAS: RECURSOS HUMANOS VALORIZADOS E CAPACITADOS

A UFMG é reconhecida como uma universidade de excelência e qualidade em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. O bem mais valioso da UFMG é sua comunidade: alunos, servidores técnico-administrativos em educação e servidores docentes. Para consolidarmos uma universidade de excelência devemos contar com uma comunidade excelente. Para tal, a UFMG deve implantar uma política de recursos humanos integrada e coesa para todos os servidores, com a construção de um ambiente de lealdade institucional, consolidando em particular uma política para os servidores TAEs.

ENSINO DE QUALIDADE EM TODOS OS NÍVEIS

A Educação Básica (Centro Pedagógico)

Propomos uma política institucional para que o Centro Pedagógico amplie seu papel como referência para a educação básica, com qualidade na formação de seus alunos, implantação de turno integral, produção de novas metodologias e como campo de formação para alunos de licenciaturas de outros cursos da universidade. Isso requer uma atuação incisiva da Reitoria junto ao MEC e obtenção de recursos para melhorias no espaço físico e expansão do quadro docente da escola.

A Educação Profissional e Tecnológica (Coltec)

Propomos a implementação de uma política para tornar o COLTEC uma referência nacional em educação profissional e tecnológica em todos os níveis de ensino. Isso significa discutir a criação de uma unidade especial focada em Educação Profissional e Tecnológica. A Reitoria deve atuar junto ao MEC para resolver o dimensionamento do corpo docente do Colégio e ampliação do espaço físico do prédio.

A Graduação em Novos Formatos de Ensino Superior

O ensino de graduação na UFMG, mesmo com bons indicadores de qualidade, é ainda focado na tradição de cursos pouco flexíveis, centrado em carreiras profissionais, oferecendo ao aluno poucas oportunidades para mudar sua trajetória ou buscar uma formação diferenciada. A diversidade crescente das especialidades profissionais exige uma reflexão sobre o modelo de educação superior e discussões sobre as possibilidades de implantar alternativas mais flexíveis em nossos currículos. Outra questão é que o nosso ensino é ainda muito centrado no professor e na sala de aula, cabendo agora, deslocar o foco do ensino para o estudante. Em qualquer profissão hoje, o profissional necessita de atualização constante, independente do ensino formal. O ensino precisa ser mudado, com mais protagonismo do estudante em seu aprendizado. Devem ser ampliadas as iniciativas do projeto GIZ, com novas abordagens de ensino para a educação superior, avaliado o impacto da nossa adesão ao SISu e as mudanças no perfil do nosso corpo discente.

A Formação de Professores e a Melhoria da Qualidade do Ensino Básico

Mesmo com alguma evolução obtida nas últimas décadas, é crítica a situação do ensino básico no Brasil, de qualidade inferior para um país que quer melhorar sua inserção internacional. Um dos principais problemas do ensino básico é o desprestígio das carreiras de professores e o aviltamento dos salários. A UFMG deve ter uma ação enérgica na luta pela melhoria da qualidade do ensino básico, pela dignidade da carreira de professor, pela adoção do tempo integral nas escolas públicas de ensino básico e na defesa da alocação de 10% do PIB para solução dos problemas que a educação brasileira vive.

A Pós-Graduação e a Internacionalização de Cursos

A pós-graduação na UFMG passa por um crescimento quantitativo e qualitativo, com programas de nível internacional, alta proporção de cursos de excelência. O desafio para muitos cursos é a sua internacionalização.Temos vários cursos com inserção internacional, visitas de pesquisadores estrangeiros e envios de estudantes ao exterior. O desafio é sermos mais atrativos, dar visibilidade à cultura, ciência e tecnologia que produzimos, atrair alunos de países desenvolvidos, e, ao mesmo tempo, manter nossa solidariedade com países africanos e latino-americanos. Isso requer a oferta de moradias aos estudantes de outros países.

O Ensino a Distância e o Uso de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

A educação a distância pode ampliar as matrículas na educação superior, possibilitando aumentar o número de estudantes e também a abrangência geográfica de cursos com investimentos menores do que os exigidos para o ensino presencial. A UFMG, que já atua com ensino a distância, deve discutir uma eventual expansão desses cursos com uma avaliação dos MOOCs (Massive Open Online Courses) como uma alternativa para participar na oferta de conteúdos e novas metodologias para atingir um grande número de alunos.

A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO – PESQUISA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A UFMG conta com mais de 800 grupos de pesquisa nas diversas áreas do conhecimento, envolvendo mestres, doutores, estudantes e técnicos de diferentes níveis, com colaborações nacionais e internacionais, com alto nível de excelência. Nossa produção científica e tecnológica pode ser ainda aprimorada com apoio da administração central a novos pesquisadores e grupos de pesquisa, com o estímulo a colaboração multi e interdisciplinar e participação na criação de laboratórios multiusuários em nível nacional. A UFMG terá um novo salto nas atividades de inovação e transferência de tecnologia com o novo prédio da CTIT e da Incubadora Inova, além do complemento da segunda etapa do BH-TEC com a instalação de novas empresas de alta tecnologia, que deverão oferecer inúmeras oportunidades de interação e colaboração com professores, alunos e técnicos da universidade.

ATIVIDADES ACADÊMICAS DE EXTENSÃO E CULTURA

Na UFMG, a extensão está indissociada do ensino e da pesquisa, com suas atividades de extensão reconhecidas como referência nacional. Além de um expressivo número de projetos e de mais de mil alunos com bolsas de extensão anualmente, existe um forte crescimento da dimensão acadêmica da extensão, realimentando atividades de pesquisa e ensino. Devemos estimular o contínuo crescimento das ações de extensão, com sua valorização e créditos para suas atividades.

Os Museus e a Divulgação Científica e Cultural

Os museus universitários não são apenas museus no interior de uma universidade. Devem ser organismos que, mantendo cada um a sua especificidade, preencham também as responsabilidades gerais de pesquisa, docência e extensão de serviços à comunidade. A UFMG conta com diversos museus, espaços de divulgação científica, espaços culturais e centros de memória. É preciso implementar uma Política de Memória da UFMG envolvendo a Escola de Belas Artes, Escola da Ciência da Informação e diversas outras unidades. Promover maior integração entre as atividades da Diretoria de Divulgação Científica, Diretoria de Ação Cultural da Proex e a Rede de Museus.

O PLANEJAMENTO E A ADMINISTRAÇÃO – UMA NOVA GESTÃO

Para atingir uma posição de excelência em suas atividades fim, uma universidade precisa de uma gestão das atividades meio que também seja de excelência. Neste aspecto há muito o que aperfeiçoar na UFMG. Mesmo com uma legislação restritiva, é possível implantar novos instrumentos de gestão e introduzir novos procedimentos com o auxílio das tecnologias de informação, para desburocratizar e simplificar o trabalho em todos os níveis. Como as atividades meio são realizadas em sua maioria por servidores técnico-administrativos, a prioridade é o desenvolvimento de uma política de recursos humanos para esses servidores. Assim poderemos contar com toda a capacidade e competência humanas para que novos processos sejam implantados.

Compras e Gestão de Contratos

Compras é um setor estratégico dentre as atividades administrativas da universidade. A maioria das atividades da universidade depende de comprar materiais para atividades acadêmicas e administrativas, com contratos de fornecimento. Uma parte dos serviços da UFMG é realizada por empresas terceirizadas e devem ser comprados, total ou parcialmente. Centenas de servidores de todas as unidades trabalham na gestão desses contratos com enorme responsabilidade. Somente com servidores valorizados e capacitados, será possível a implementação de novos sistemas de gestão e novas tecnologias para otimizar os processos de compra e gestão de contratos.

A Infraestrutura Física

A UFMG apresenta uma boa infraestrutura em instalações prediais e laboratoriais e em relação à urbanização e conservação dos seus campi. Mas existem grandes diferenças entre nossas instalações. Existem vários passivos na infraestrutura existente, inclusive, em relação a acessibilidade e proteção contra incêndio e pânico. Além de novas obras e de expansão de atividades de pesquisa, existem prioridades em infraestrutura que incluem a conclusão dos novos prédios da Faculdade de Direito e Escola de Arquitetura; recuperação progressiva de todo o passivo existente na universidade, para prédios e áreas externas; conclusão dos planos diretores do Campus Saúde e do Campus Montes Claros e posterior expansão de ambos; criação de bicicletários e ciclovias; implantação de novos espaços de convivência; revitalização do CEU; conclusão do licenciamento ambiental do Campus Pampulha dentre outras.

O Trânsito e a Mobilidade

Uma questão que é motivo de reclamações e aborrecimentos na comunidade. Um problema complexo, que só pode ser amenizado e não resolvido de todo. Temos a convicção de que a causa principal deste problema se refere à mobilidade urbana em geral e falta de transporte público na nossa cidade, o que leva a uma utilização de automóveis. A saída é a criação de soluções de mobilidade que envolve a Prefeitura de Belo Horizonte e os governos estadual e federal, o que pode demorar mais de uma década. Na falta de uma solução imediata teremos que tomar medidas de restrição e controle, que podem ser de vários níveis. Tais decisões são polêmicas e requerem uma ampla discussão na comunidade sobre as alternativas possíveis. De modo mais imediato, ações concretas podem incluir a criação de uma linha especial de transporte coletivo entre o Campus Saúde e o Campus Pampulha.

As Fundações

Temos convicção que a Fundep e outras fundações de apoio da UFMG são fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa e extensão. Legislação restritiva à atuação das fundações retirou sua flexibilidade e agilidade no apoio a nossos projetos. Cabem à UFMG duas linhas de atuação: agir internamente, dando condições às fundações para obter o melhor desempenho possível em seus convênios e externamente, liderar uma luta conjunta com outras universidades para aperfeiçoar o marco legal, esclarecendo os órgãos de controle governamentais sobre a importância das fundações.

O Orçamento e a Estrutura Administrativa

Além da divulgação da execução orçamentária pela Proplan, é necessário que todos os gestores da universidade tenham clareza em relação à elaboração do orçamento das universidades federais no âmbito do MEC, e de seus impactos para a UFMG, em particular em relação aos Planos de Desenvolvimento da universidade (PDI e PDTI). Outra questão a ser discutida na universidade é sua estrutura administrativa. Nas duas últimas décadas a universidade teve que experimentar diversas alternativas de organização da Administração Central que resultou em várias diretorias e departamentos criados informalmente, o que requer ações para regulamentar as diversas instâncias administrativas da UFMG.

A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS MÍDIAS DA UFMG

A área de comunicação social é estratégica. Na UFMG avanços na comunicação, com a criação da Rádio e da TV, além da WEB, possibilita uma atuação da universidade em relação ao público interno, à cidade e ao restante do mundo. Mas é preciso institucionalizar o Cedecom; aproveitar a potência das novas antenas da Rádio UFMG Educativa para transmitir informações para toda a região metropolitana de Belo Horizonte; redefinir e ampliar a atuação da TV UFMG; ter a participação do Cedecom na implantação de ferramentas para ampliar a participação da comunidade nas decisões colegiadas da universidade, elevando o nível de democracia e transparência da instituição, além de outras ações.

A ÁREA DA SAÚDE – HOSPITAIS E CLÍNICAS

Os hospitais e clínicas da UFMG cumprem um papel fundamental para a prática da área de saúde, como uma relevante atividade de extensão da universidade, com forte impacto social. O desafio da gestão das unidades de saúde é compatibilizar a tríplice missão da Universidade – ensino, pesquisa e extensão – com qualidade assistencial e sustentabilidade financeira. Propomos esforços para garantir que os hospitais e as clínicas especializadas da UFMG mantenham seu papel de liderança na produção do conhecimento, na formação de recursos humanos, na pesquisa e avaliação de novas tecnologias de saúde. É necessário atentar para as políticas dos Ministérios da Educação, da Saúde e da Ciência e Tecnologia, e manter-se integrado à rede pública de saúde, garantindo a autonomia acadêmica no processo de ensino, aprendizado e pesquisa. Propomos o aprimoramento de trabalhos assistenciais e administrativos, a garantia da segurança do paciente, do trabalhador, da instituição e da qualidade assistencial. Esses são os parâmetros para a ampla discussão e madura decisão para a adesão ou não da UFMG à EBSERH.

A INTERNACIONALIZAÇÃO DA UFMG

São várias as oportunidades que promovem a internacionalização de nossa pesquisa e ensino, tanto na graduação como na pós-graduação. A UFMG, a universidade federal que mais envia alunos ao exterior pelo Programa Ciência sem Fronteiras, poderá ampliar ainda mais o intercâmbio de estudantes de graduação tendo como contrapartida o recebimento de estudantes estrangeiros. A experiência profissional e científica de nossos alunos no exterior servirá de estímulo para aperfeiçoamentos e maior inserção da UFMG no cenário universitário global. A internacionalização deverá ser ampliada como prática usual e com forte ação para qualificar nossos alunos em línguas estrangeiras e proporcionar o ensino do português para alunos estrangeiros, eliminando a barreira da língua e promovendo a internacionalização da nossa universidade.

José Nagib Cotrim Árabe

Professor Associado do Departamento de Ciência da Computação. Graduado em Engenharia Elétrica UFMG, Mestre em Ciência da Computação UFMG e Doutor em Computer Science, University of California Los Angeles. Pós-Doutorado na Universidade de Carnegie Mellon. Exerceu vários cargos de direção superior na UFMG: Pró-Reitor de Administração, Pró-Reitor de Graduação, Diretor Executivo da Fundep, Pró-Reitor de Planejamento e Superintendente de Infraestrutura.

Paulo Sérgio Lacerda Beirão

Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia. Graduado em Medicina UFMG, Mestre e Doutor UFRJ, Pós-Doutorado na University of Leicester, Inglaterra. Research Associate na Universidade da Pennsylvania e Honorary Research Fellow da University of Leicester. Pró-Reitor de Pesquisa da UFMG. Sob sua gestão foi elaborado o projeto de criação do BHTec e criado o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares. Presidente do Conselho Curador da FAPEMIG. Diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq.