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Nº 1847 - Ano 40
02.12.2013

O passado na telona

Projeto de extensão usa filmes em sala de aula para aprimorar ensino e despertar interesse de crianças pela área de história

Rafael Cerqueira*

O que os filmes Harry Potter, Uma noite no museu e as ­animações Chaves e Doug têm em comum? Para muita gente pode não haver qualquer semelhança, mas para os alunos de duas escolas de ensino fundamental de Belo Horizonte a resposta é uma só: os personagens são utilizados para ensinar história de forma mais lúdica.

Por meio do projeto de extensão Cinema, escola e história, ­realizado nas escolas estaduais Sarah Kubitschek Itamarati, no bairro Ouro Preto, e Afonso Pena Mascarenhas, no bairro Nova Letícia, cerca de 120 crianças entre 6 e 10 anos participam das atividades. Coordenada pelo professor Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da Fafich, a ação de extensão, iniciada em 2012, conta com a participação de 14 alunos (a maioria deles voluntários) do 3º ao 8º período do curso de licenciatura em História.

“A intenção é envolver os estudantes nas atividades fundamentais na formação de um professor, estreitar os laços com as escolas e despertar o interesse das crianças pela história, permitindo o uso de ficção para trabalhar o ensino da disciplina”, ressalta o professor Villalta.

Harry Potter e a pedra filosofal, Uma noite no museu e O ­pequeno Nicolau são os filmes atualmente utilizados nas aulas. Além deles, o grupo também trabalha com os desenhos animados Doug e Chaves, e com histórias em quadrinhos. De acordo com o coordenador, na exibição do filme Uma noite no museu, por exemplo, as crianças foram levadas a conhecer mais sobre a importância dos museus como locais de resgate da memória sócio-histórica, além de construírem maquetes sobre o tema.

Por expressar valores e questões de uma determinada época, o cinema também colabora para a construção de uma representação sobre o passado. Seguindo essa premissa, as crianças recebem noções de história, reflexões e conceitos, além de focarem em questões de identidade. “Utilizamos, por exemplo, uma imagem de um carro de 1910 e outro de 2010, para criar uma linha do tempo que permite analisar com eles os diferentes períodos históricos”, exemplifica o bolsista José Antônio Queiroz, do 5º período de História.

Parceria

O professor Luiz Carlos Villalta ressalta a importância da direção e do corpo docente das escolas para a implantação e desenvolvimento do projeto. “Para o bom funcionamento das atividades é fundamental que haja comunicação. Nós tivemos a sorte de encontrar diretores e professores realmente interessados na nossa proposta e zelosos em relação aos alunos.”

Esse entrosamento é confirmado pela vice-diretora da Escola Estadual Afonso Pena Mascarenhas, Sueli Teixeira. “Desenvolvemos uma relação muito aberta e cordial, comprovada, por exemplo, pela interação dos estudantes da UFMG com os professores da escola no momento das aulas”, enfatiza.

A bolsista voluntária Camila Monção, do 5º período, admite que se surpreendeu com os resultados. “Foi muito curioso perceber que eu poderia desenvolver noções de história com crianças. A própria ideia de trabalhar em conjunto com outros bolsistas é muito interessante e enriquecedora.”

Para Bruno Carvalho, que está concluindo a graduação, o projeto permitiu o desenvolvimento de trabalho com um grupo que a princípio está fora do esquadro dos estudantes de licenciatura em História. “É muito válido manter contato com esse público, os adolescentes com os quais trabalharemos quando nos formarmos”, pontua.

A satisfação dos graduandos com os resultados do projeto explica e justifica a prática do voluntariado. “Muitos de nós somos voluntários. Nossa remuneração vem sob a forma do carinho e reconhecimento por parte das crianças”, conclui o bolsista voluntário Matheus Pimenta, do 7º período de História.

*Bolsista de jornalismo na Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão da UFMG