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Nº 1849 - Ano 40
16.12.2013

Profissionalismo para captar

Cooperação Institucional inicia parceria com empresa especializada para viabilizar projetos culturais

Itamar Rigueira Jr.

A excelência que caracteriza a UFMG nas salas de aula, laboratórios e no campo da extensão torna-se alvo também em relação à capacidade de atrair parceiros e patrocínios para seus projetos culturais, esportivos e científicos. Um passo que promete ser decisivo nesse sentido foi dado pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi), cujas atividades de captação de recursos passam a contar com a colaboração da Culturinvest, empresa especializada que ajudou a definir diretrizes e plano de ação.

Os projetos – novos ou em curso – para o biênio 2014-2015 devem ser cadastrados no site da Copi (www.ufmg.br/copi) até 28 de fevereiro. Depois de passarem por triagem na Diretoria de Ação Cultural (DAC), eles serão mostrados a pessoas físicas e jurídicas em busca de patrocínios que poderão ser abatidos do Imposto de Renda, por meio da Lei Rouanet, que prevê incentivo à cultura.

“Há enorme desproporção entre o esforço da comunidade universitária para promoção de atividades culturais e o apoio efetivo da comunidade externa. Temos grande quantidade de eventos, permanentes, eventuais ou espontâneos. Há alguns casos de eventos patrocinados, inclusive por meio de leis de incentivo, mas esse trabalho passa a ser feito de forma sistemática e profissional”, afirma a professora Lígia Maria Moreira Dumont, diretora de Cooperação Institucional. Ela acrescenta que, num segundo momento, a ação da Copi e da Culturinvest vai focar projetos nas áreas de esportes, saúde e ciência e tecnologia.

Escolhida por licitação pública, a Culturinvest vai atuar, a princípio, por dois anos, com possibilidade de prorrogação. De acordo com Lígia Dumont, o contrato prevê que a empresa repasse seu know-how em captação de recursos para que a UFMG se prepare gradativamente para realizar com autonomia esse trabalho.

Sintonia

A diretora informa ainda que, depois de fevereiro, a Copi continuará recebendo propostas de ações culturais em regime de fluxo contínuo. Ela está convicta de que a organização e a profissionalização da atividade de captação levarão aos canais certos para parcerias profícuas. “Será uma forma de concentrarmos nossos esforços e colocar a Universidade ainda mais em compasso com os interesses da comunidade”, diz Ligia Dumont.

A Copi procurou informações sobre iniciativas do gênero no Brasil e no exterior. Muito poucas universidades brasileiras captam recursos em moldes profissionais, e, como lembra a diretora, nos Estados Unidos é muito arraigada a cultura de participação da comunidade e de ex-alunos em projetos das universidades. Lígia Dumont diz que pretende aproveitar também o contato estreito que tem mantido com ex-alunos – por meio do programa Sempre UFMG – para estimular novas parcerias. “Muitos querem ajudar e ainda não sabem como”, salienta a diretora, lembrando, por outro lado, que a festa de centenário da Escola de Engenharia foi custeada com participação importante de antigos estudantes.

Festivais e grupos

Como as leis de incentivo foram criadas há vários anos e já se consolidaram no Brasil, o mercado teve tempo e condições de se profissionalizar. Por isso, é positiva a perspectiva de contar com a consultoria de uma empresa especializada, na visão da titular da Diretoria de Ação Cultural, professora Sônia Queiroz. “Nossos coordenadores de projetos são em geral docentes, e não estão preparados para a captação, embora muitas vezes sejam bem-sucedidos”, ela comenta.

Com quase 50 anos de existência, o Festival de Inverno da UFMG deverá se beneficiar da nova iniciativa. O evento, que sempre buscou apoio fora da Universidade, vem recebendo menos recursos nos últimos anos. “Os festivais de Inverno e Verão, e grupos consagrados como o Ars Nova e o Sarandeiros (que traduz tradições brasileiras em dança e música) estarão sempre entre as nossas prioridades na hora de oferecermos opções aos potenciais patrocinadores”, informa Sônia Queiroz, ressalvando que verbas para projetos têm se reduzido em função da criação, por parte de grandes empresas, de fundações e espaços próprios dedicados a arte e cultura.

Um dos grupos mais reconhecidos entre aqueles vinculados à UFMG, com turnês internacionais no currículo e uma história em que se destacam, além das apresentações, cursos de extensão gratuitos, o Sarandeiros perdeu patrocínio importante há cerca de três anos e conta com a nova chamada de projetos culturais. “Não sei se acontece com outros grupos e iniciativas, mas sofremos com a impressão geral de que não precisamos de suporte porque estamos ligados a uma universidade importante”, afirma o professor Gustavo Pereira Côrtes, diretor geral do Sarandeiros. “A UFMG provê apoio logístico, sobretudo o espaço, mas dependemos de recursos para pesquisa, montagem de espetáculos, produção de livros e DVDs.”

Para Côrtes, ligado à Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, o novo formato de captação de verbas pode ajudar a mudar essa imagem e a manter talentos formados por esses grupos. “Há pouquíssimos trabalhos desse tipo desenvolvidos dentro de universidades. São belos projetos que vêm se tornando referência em suas áreas até fora do país, e dão muita visibilidade à instituição”, diz Gustavo Côrtes.