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Nº 1860 - Ano 40
21.04.2014

Uma tomografia para a rede

Professor da UFMG receberá financiamento da Google para monitorar conectividade e rotas preferenciais na internet

Ana Rita Araújo

Monitorar a malha de conectividade na internet, conhecer as rotas preferenciais e o modo como as empresas escolhem provedores para carregar seu tráfego de informações. Essa é a proposta do professor Ítalo Fernando Scotá Cunha, do Departamento de Ciência da Computação, que recebeu o Prêmio de Auxílio à Pesquisa Acadêmica da empresa Google para desenvolver a pesquisa Inferring interdomain routing preferences.

“A Internet é um conjunto de redes. As que não têm conectividade global pagam as outras para transmitir seus dados a destinos distantes”, diz o pesquisador, que pretende estudar, nessa malha de conectividade, quais políticas e fatores definem os melhores caminhos, dentre todos os possíveis. “Enviamos sondas de medição para sensoriar a rede, como ondas eletromagnéticas encaminhadas por equipamentos de tomografia, e extrair informações sobre as rotas utilizadas na Internet”, revela. Como exemplo, ele cita a Embratel que, para transmitir dados de seus clientes até a Ásia, teria de ponderar preço, desempenho e robustez de rotas através de provedores diversos como AT&T e France Telecom. Cunha antecipa que, na maior parte das vezes, as decisões levam em consideração relações de negócio, enquanto aspectos como desempenho e rapidez no tráfego de dados costumam ficar em segundo plano.

O professor pretende investigar as políticas de negócios utilizadas pelas redes. Segundo ele, é fácil inferir escolhas quando se trata de empresas e provedores pequenos com conectividade limitada, mas entre redes bem conectadas no topo da hierarquia da internet, “nem sempre é tão simples entender quem está pagando para quem e quais são os interesses em jogo”. Por isso, reitera Cunha, “queremos investigar o que acontece quando se tem essas escolhas mais delicadas através dos diversos níveis da hierarquia da Internet”.

Embora não seja de interesse direto do usuário comum, esse tipo de informação pode ajudar os gestores a escolher, por exemplo, trocar um provedor por outro que mantenha políticas mais transparentes ou mais alinhadas com requisitos da empresa contratante. Inferir as preferências de roteamento entre domínios pode ser útil também para criar modelos mais precisos da internet. “Com esses modelos é possível fazer previsões e calcular, por exemplo, o impacto de falhas nos equipamentos ou nos enlaces da rede no desempenho, para quais rotas alternativas o tráfego migrará, ou até mesmo quais empresas estão mais vulneráveis.”

Prêmio

Ítalo Fernando Scotá Cunha explica que o Prêmio de Auxílio à Pesquisa Acadêmica está aberto em fluxo contínuo, para pesquisadores que apresentem projeto justificando o interesse do tema para a Google. “É preciso estar relacionado com algo que a empresa faça”, salienta. As propostas são analisadas por comitê assessor da empresa. Em seu projeto, Cunha descreveu o experimento que pretende realizar e solicitou recursos para pagamento de bolsas para alunos de mestrado e de graduação.