Em múltiplas frentes

Exposição na Escola de Engenharia divulga projetos sociais, de competição e de consultoria desenvolvidos por alunos da Unidade

Matheus Espíndola*

A interface dos conhecimentos em engenharia, gestão e empreendedorismo com as ciências da saúde, comunicação e outras áreas no campo das humanidades tem sido cada vez mais explorada na formação dos futuros engenheiros que estudam na UFMG. Várias atividades multidisciplinares são atualmente realizadas no âmbito da Escola de Engenharia, integrando estudantes de diversos cursos da Universidade com a comunidade de Belo Horizonte e região.

Com o intuito de divulgar esses projetos e agregar contribuições a eles, será realizada, nos dias 14 e 15 de abril, a terceira edição da Expoengenharia. “O evento nasceu com o propósito de promover o engajamento dos alunos nas iniciativas extracurriculares, tornando mais motivadora e envolvente sua trajetória na Escola de Engenharia”, explica o diretor da Unidade, Alessandro Fernandes. “A principal novidade deste ano é que a atividade incorporou ao seu público-alvo a comunidade externa. As edições anteriores foram centradas nos nossos estudantes e professores”, completa.

Durante a conferência de abertura, Alessandro Fernandes fará uma exposição sobre o programa Eng200, que congrega todos os projetos liderados pelos alunos da Escola. “A essência do Eng200 é a proposta de mudança cultural no cotidiano do ensino de engenharia, tendo em vista a abertura dos horizontes de atuação e o decorrente rompimento com a rigidez do currículo acadêmico”, afirma o professor.

O Eng200 é um dos três finalistas da edição 2014 do Prêmio Mineiro de Inovação, categoria Menção Honrosa Inovação na Educação. O prêmio reconhece iniciativas que contribuem para o avanço do conhecimento no estado, gerando soluções transformadoras.

Integração e pertencimento

Um dos gestores do evento, o graduando em Engenharia Química Arthur Rocha Palmeiras conta que a Expoengenharia também pretende atrair empresas, parceiros e patrocinadores, além de voluntários dispostos a ajudar nos projetos. “Esperamos incentivar ainda a participação dos alunos novatos e a integração das iniciativas e despertar o sentimento de pertencimento por parte dos ex-estudantes”, analisa.

Nas exposições que ocorrerão nos dois dias do evento, das 10h às 19h, serão apresentadas 18 iniciativas em mesas montadas no saguão do bloco 3 da Unidade. Essas atividades incluem equipes de competição, empresas juniores, projetos de extensão, iniciativas voluntárias e associações estudantis.

Também está programado um ciclo de palestras sobre temas relacionados às iniciativas. As palestras, que serão realizadas no auditório principal da Escola de Engenharia e nas salas de seminário, foram organizadas por áreas de conhecimento e terão duração máxima de 60 minutos. “Planejamos explanações acessíveis a qualquer pessoa, não apenas aos alunos de engenharia aeroespacial”, afirma o estudante Lucas Fonseca Pereira, capitão da equipe Uai, Sô! Fly!. “Sobre os projetos veiculares, mostraremos os softwares e modelos matemáticos usados, ou seja, tudo o que antecede a produção e a competição”, informa Ricardo Souza, da Baja UFMG.

No ar e na terra

A equipe Uai, sô! Fly!, de aerodesign, é uma das atrações da exposição. Ela participa anualmente da competição SAE Brasil de Aerodesign, na qual é detentora de quatro títulos nacionais, além de ter conquistado três mundiais na versão internacional da disputa. A Uai, Sô! Fly! tem como orientador o professor Paulo Iscold e funciona nas dependências do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da UFMG. O protótipo de avião feito em 2014 será exposto no estande.

A Baja UFMG, composta de 18 alunos das engenharias Mecânica, Elétrica, de Produção e de Controle e Automação, projeta veículos protótipos off-road com um tripulante para competições organizadas pela Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE). Para o estudante de Engenharia Mecânica Ricardo Pereira Souza, a Expoengenharia é oportunidade de convocar alunos para a equipe. “O processo seletivo está aberto, e a participação no Baja representa um diferencial para o currículo”, comenta.

No Milhagem UFMG, por sua vez, os estudantes constroem um protótipo de eficiência energética. O processo envolve a projeção dos subsistemas, a fabricação das peças e o gerenciamento administrativo e financeiro. O Fórmula é um grupo que projeta e constrói um pequeno veículo de corrida para competições. No principal evento da modalidade, que é anual e ocorre no estado de São Paulo, equipes de universitários disputam provas estáticas e dinâmicas.

Também comporá a mostra a equipe Autobotz, que trabalha com desenvolvimento e execução de projetos de pesquisa no âmbito da robótica autônoma, para competições nacionais e internacionais.

Engenharia humanitária

Outra frente de projetos em evidência na exposição revela a preocupação humanística que orienta o processo de formação do engenheiro pela UFMG. Uma das iniciativas mais expressivas desse bloco é o Projeto Equalizar, cursinho pré-vestibular voluntário e sem fins lucrativos, destinado a alunos de baixa renda da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Fundado em 2012 por três alunos do curso de Engenharia Química, foi consolidado como um projeto de extensão da Universidade. Segundo um dos seus integrantes, o estudante Giovanni Roque, o estande servirá basicamente para esclarecer dúvidas sobre os meios de ingresso no Equalizar.

Idealizado por alunos de Engenharia Mecânica, o Paramec se dedica a projetar cadeiras de rodas, aparelhos e outras soluções de baixo custo para deficientes físicos. O grupo reúne estudantes de diversas áreas do conhecimento, como Fisioterapia, Terapia Ocupacional, ­Museologia e Teatro. A estudante de Teatro Suelen Thompson informa que serão expostos banners de todos os projetos do grupo e de dois dos aparelhos desenvolvidos: o alimentador robótico, braço mecânico que movimenta uma colher e beneficia pacientes sem movimento de braços, e o sensor de obstáculos aéreos, instalado nos óculos de deficientes visuais, que detecta obstáculos a um metro de distância.

A Engenharia Solidária é uma comissão que desenvolve ações beneficentes. Seus integrantes realizam visitas a núcleos de assistência e eventos como o The Street Store e uma gincana solidária. O primeiro consiste em uma loja a céu aberto em que roupas, acessórios e sapatos são oferecidos de graça a moradores de rua. No segundo caso, as turmas de calouros arrecadam alimentos e produtos de higiene para doação.

O projeto Sistemas Elétricos Experimentais (Selex) é iniciativa de extensão da área de Engenharia de Sistemas. Fruto de parceria entre a Escola de Engenharia e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Selex oferece a jovens infratores oficinas culturais, de informática e de confecção de produtos eletrônicos.

Desde cedo com a mão na massa

As empresas juniores aproximam o futuro profissional dos desafios e das grandes questões que envolvem o mercado de trabalho e o universo corporativo. A Mult Jr, vinculada ao curso de Engenharia Química, presta consultoria sobre aspectos que vão do dimensionamento e projeto à otimização de plantas industriais. Pesquisas associadas à aplicação de materiais e à área ambiental também compõem seu campo de atuação. A estudante Clarissa Lopes Pinto Pignolati, diretora-presidente, informa que alguns ex-alunos que passaram pela Mult Jr abriram, posteriormente, as próprias empresas. “Além de conquistar integrantes, queremos mostrar nosso trabalho para alunos de outros cursos”, diz.

A Minas Jr Consultoria Mineral foi cri ada por alunos de Engenharia de Minas para atuar em empresas do setor de mineração. A Aero Jr, sediada no curso de Engenharia Aeroespacial, foi a primeira do gênero fundada no Brasil, em 2014. Presta serviços de solução de engenharia e capacitação de mão de obra.

Formada por graduandos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental, a Empresa Júnior de Meio Ambiente e Saneamento (Emas Jr) atua, desde 2004, com consultoria e projetos para empresas privadas e prefeituras. Um dos seus objetivos é despertar a consciência socioambiental dos futuros profissionais. A Consultoria e Projetos Elétricos Júnior (CPE Jr) atua na prestação de serviços para os segmentos de Engenharia Elétrica, de Controle e Automação e de Sistemas. As principais áreas contempladas são automação residencial, tecnologia da informação, eletrônica, instalações elétricas e eficiência energética.

Por fim, a PJ Consultoria & Assessoria, composta de graduandos de Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica, presta consultoria em mapeamento e gerenciamento de processos, tecnologia, ergonomia, qualidade e desenho técnico.

*Colaborou Jeisy Monteiro