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Nº 1904 - Ano 41
18.05.2015
Rafael Cerqueira de Souza*
Apesar dos avanços na área de saúde maternoinfantil, mais de um terço dos recém-nascidos em Belo Horizonte enfrentam o que os especialistas chamam de desfecho neonatal desfavorável, como prematuridade, baixo peso ao nascer, manobras de reanimação na sala de parto, uso de ventilação mecânica e de oxigênio após o nascimento. Essa é a principal conclusão da dissertação Nascer em Belo Horizonte: desfechos neonatais desfavoráveis, defendida, em abril passado, por Juliana Cristina Pereira no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFMG.
Orientado pela professora Edna Maria Rezende, o estudo, desenvolvido em maternidades públicas e privadas de Belo Horizonte, de novembro de 2011 a março de 2013, analisou 1.088 mães e seus recém-nascidos. De acordo com Juliana Pereira, a prematuridade e o baixo peso ao nascer foram constatados em cerca de 10% dos bebês avaliados. Outros desfechos desfavoráveis que chamaram a atenção foram as manobras de reanimação na sala de parto (19,1% dos casos), uso de oxigênio após o nascimento (12%) e de internação em unidades de terapia intensiva neonatal (7,1%).
Em sua análise estatística, a pesquisadora constatou que a prematuridade está associada diretamente ao baixo número de consultas de pré-natal, ao parto cesáreo, a filho prematuro anterior, ao pertencimento das mães às classes econômica D e E e a intercorrências clínicas durante a gestação. “O parto cesáreo, por exemplo, apresentou risco 2,5 vezes maior para a ocorrência da prematuridade em relação ao parto vaginal. E o fato de a gestante ter anteriormente dado à luz filho prematuro aumentou em 2,8 vezes os riscos de nova prematuridade”, afirma Juliana Pereira.
As consultas de pré-natal, o parto cesáreo, as intercorrências clínicas na gravidez e a gestação gemelar (de gêmeos) são fatores que concorrem para o baixo peso ao nascer, outro desfecho neonatal desfavorável muito comum. A pesquisa revelou também que filhos de mães que possuíam plano de saúde e cartão de pré-natal estavam mais preparados para superar os efeitos do desfecho neonatal desfavorável. Para o indicador de morbidade neonatal near miss (crianças que quase foram a óbito, mas sobreviveram), as variáveis preditoras da mortalidade neonatal analisadas na dissertação foram a idade gestacional, o Apgar (escore que mensura a vitalidade do recém-nascido) menor que sete no quinto minuto e a realização da maioria das consultas de pré-natal em dois serviços, público e particular.