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Nº 1905 - Ano 41
25.05.2015

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Foi fazer no domingo
um passeio no campus

UFMG abre as portas à comunidade de Belo Horizonte no dia 31

Ewerton Martins Ribeiro e Zirlene Lemos


“O José como sempre no fim da semana 
Guardou a barraca e sumiu 
Foi fazer no domingo um passeio no parque 
Lá perto da Boca do Rio”.

(Trecho da música Domingo no Parque, de Gilberto Gil)


No último domingo deste mês, dia 31, o campus Pampulha será aberto à população de Belo Horizonte. Durante o evento, denominado Domingo no campus, a comunidade poderá se valer dos seus espaços para a prática de atividades recreativas, de lazer e esporte e também participar da roda de samba comandada pelos músicos do Batuque na Cozinha, programa da Rádio UFMG Educativa. A atividade será realizada das 8h às 15h.

A possibilidade da transformação do campus Pampulha em um ambiente de convivência cotidiana da população belo-horizontina vem sendo discutida mais intensamente desde a última edição do Festival de Inverno, que teve como tema Bem comum: campus território experimental. “A iniciativa reforça a relevância da relação da Universidade com a sociedade, abrangendo não apenas a produção e difusão do conhecimento, mas também o compartilhamento dos espaços de interação”, afirma a vice-reitora, Sandra Goulart Almeida.

Hoje já é comum ver adeptos do slackline se valendo da estrutura do campus e de suas árvores para praticar o esporte, algo incomum em outras épocas. Contudo, destaca a professora Benigna Maria de Oliveira, pró-reitora de Extensão, a intenção é fazer esse tipo de apropriação dos espaços do campus evoluir para outras atividades. “Queremos que o campus se transforme, de fato, em local em que a população possa, regularmente, e com liberdade, caminhar, andar de bicicleta, jogar bola e peteca e fazer piqueniques”, exemplifica. “Com o tempo, esperamos que a Universidade se integre, cada vez mais, à vida cotidiana de Belo Horizonte”, completa Benigna.

Domingo no campus é resultado de iniciativa conjunta das pró-reitorias de Extensão (Proex), Administração (PRA) e Assuntos Estudantis (Prae), da Diretoria de Ação Cultural (DAC) e do Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom). Ao atrair a comunidade externa, a iniciativa amplia e traz novos significados para ação de extensão homônima, realizada de 2002 a 2005, focada no público universitário. Uma nova edição do evento será realizada em julho, durante o 47º Festival de Inverno.

Nos últimos tempos, a comunidade da UFMG vem se mobilizando com o objetivo de ampliar o uso e a ocupação do campus Pampulha. Além da experiência do Festival de Inverno, realizada no ano passado, o Centro Esportivo Universitário e o Programa de Educação Tutorial vêm realizando o evento Tô de boa, tô no campus. A última edição ocorreu em 28 de março, sábado, e transformou o ambiente em local de lazer, diversão e entretenimento para estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da Universidade.

De ‘matos ralos’ a floresta

Belo Horizonte foi fundada em 1897 como uma cidade jardim. A UFMG, por sua vez, ergue sua cidade universitária em 1962 sob um deserto de “lama e de matos ralos”, como definiram Regina Horta, Maria do Carmo Verza Sartori e Geraldo Lúcio Oliveira Motta, no artigo História e natureza na cidade universitária. O trabalho está publicado no livro Cidade Universitária da UFMG: história e natureza, publicado pela Editora UFMG.

De acordo com o artigo, os “matos ralos” eram a “única vegetação capaz de vingar espontaneamente sobre a nudez do solo”, que havia sido terraplenado para a construção da cidade universitária. À medida que o crescimento da capital mineira foi “sequestrando o jardim”, no decorrer da segunda metade do século 20, a UFMG ia, em contrapartida, transformando o deserto sobre o qual se fundara numa verdadeira floresta urbana.

O campus Pampulha abriga uma das maiores áreas verdes de Belo Horizonte, a começar pelas palmeiras imperiais que traçam uma longa linha reta no canteiro central da avenida principal (Mendes Pimentel), que recentemente ganhou novo paisagismo. Nas laterais dessa via, paus-de-ferro moldam paralelamente as calçadas. No bosque da Reitoria, pontificam-se as árvores de chichá (ou arixixá), de raízes volumosas, que se destacam na superfície da terra – além dos angicos cangalha, talvez as espécies mais antigas plantadas no campus.

Por todo o campus, e principalmente no entorno da entrada que fica perto do colégio militar, destacam-se as inúmeras mangueiras, além de jabuticabeiras, pitangueiras, amoreiras, goiabeiras, abacateiros e mamoeiros. Ao todo, são 120 espécimes de árvores frutíferas, segundo mapeamento preliminar realizado pelo Grupo de Estudos em Agricultura Urbana da UFMG, o AUÊ!, do IGC.

Quem circula entre Fafich, IGC e Face não escapa de se deslumbrar com um imenso ipê rosado. Os ipês – amarelos, roxos, rosas e brancos – também se destacam na vizinhança da Reitoria, tornando-se atração à parte nos meses de setembro e outubro. No entorno do Departamento de Química, as árvores que se destacam são os mognos, confirmando a pluralidade da flora do campus. Na entrada da Fafich, fileiras de sete-cascas formam uma espécie de pergolado pelo caminho, paraíso para cigarras na época do acasalamento.

A cidade universitária mantém, ainda, uma Estação Ecológica com 114 hectares – mais de um milhão de metros quadrados – de uma flora diversa, com várias espécies nativas da região e outras exóticas, como o baobá eternizado por Antoine de Saint-Exupéry, em O pequeno príncipe. A área é o habitat de uma série de mamíferos, anfíbios, répteis e de uma centena e meia de aves, o que também faz dela um importante centro de estudos e pesquisas.

Roda de bambas

Na programação normal da Rádio UFMG Educativa, o ­Batuque na Cozinha vai ao ar de segunda a sábado, das 13h às 14h. No Domingo no campus, o programa será apresentado ao vivo, das 12h às 13h.

Para o evento, o apresentador Bobô da Cuíca convidou cinco músicos de Minas Gerais para tocarem ao vivo no programa. “Optamos por chamar músicos, que, além de instrumentistas, são compositores. Assim, o programa será uma oportunidade de dar visibilidade aos sambas que têm sido produzidos atualmente por aqui”, conta Bobô.

O Batuque na Cozinha é apresentado por Bobô e Carlinhos Visual, que toca o surdo. Na roda de samba, eles terão a companhia de Alexandre Resende (voz), Caiau (pandeiro), Claudio PC (tam-tam), Paulo Nogueira (violão) e Tino Fernandes (cavaco).

Um dos pioneiros na grade da UFMG Educativa, o programa completa, em setembro, 10 anos ininterruptos no ar, com a proposta de recuperar e valorizar o samba “de raiz” e sua história, especialmente o produzido em Minas Gerais. Um dos destaques da atração é o quadro Batuque de outrora, que resgata sambas antigos e é apresentado pelo professor Nísio Teixeira, do Departamento de Comunicação Social da Fafich.



Domingo no campus
Horário: 8h às 15h
Entrada: portões das avenidas Presidente Antônio Carlos e Presidente Carlos Luz (Catalão) ficarão abertos. Carros poderão entrar no campus, mas a avenida principal (Mendes Pimentel) ficará reservada para brincadeiras e circulação de bicicletas.
Serviços: cantina da Praça de Serviços funcionará durante a atividade. Estrutura de coleta de lixo será reforçada.