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Nº 1905 - Ano 41
25.05.2015

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Líquida e transparente

Desdobramento do Programa Cátedras Francesas na UFMG, exposição na Casa do Baile materializa o caráter fluído da imagem

Paloma Arantes

Eduarde Eckenfels
Narcisos, obra de Oscar Munõz em exposição na Casa do Baile
Narcisos, obra de Oscar Munõz em exposição na Casa do Baile

Aberta ao público até 7 de junho, na Casa do Baile, a exposição As transparências líquidas da imagem é centrada na obra do artista plástico colombiano Oscar Muñoz, reconhecido mundialmente por criar imagens fluídas, instáveis e frágeis e por se dedicar à utilização de dispositivos singulares de desmaterialização da imagem fotográfica, gráfica e em vídeo, nas quais a transparência é característica recorrente.

Com curadoria do professor e pesquisador belga Phillipe Dubois, da Universidade Paris 3-Sorbonne ­Nouvelle, a mostra também expõe obras dos brasileiros Eder Santos, Renato Gaia e Elisa Campos, que apresentam videoinstalações noturnas e objetos no espaço externo da Casa do Baile, edifício projetado por Oscar Niemeyer. A exposição marca a despedida de Dubois da UFMG. De novembro de 2014 a abril deste ano, ele realizou extensa agenda no âmbito do Programa Cátedras Francesas na UFMG, ministrando, por exemplo, dois cursos e duas conferências abertas à comunidade e orientando alunos de mestrado e doutorado na EBA.

Autor dos livros O ato fotográfico e Cinema, vídeo, Godard, Dubois é um dos mais importantes pensadores contemporâneos da imagem, especificamente da fotografia e do cinema. “Ele avaliou que poderia ser interessante trazer ao Brasil a obra do Oscar Muñoz, que há pouco tempo esteve em exposição no museu Jeu de Paume, em Paris. Dubois ficou bastante impressionado com o trabalho de Muñoz, que se caracteriza pela materialidade efêmera de suas imagens fotográficas e videográficas que guardam uma memória sempre passível de se perder. Há entre eles diversas conexões que facilitaram a concretização desse projeto. Muñoz também é admirador da obra teórica de Dubois”, conta Elisa Campos, professora da Escola de Belas Artes e organizadora da exposição.

Imagem e memória

A mostra, que se vale das qualidades espaciais e arquitetônicas e da paisagem circundante da Casa do Baile, conta, ainda, com a projeção de cerca de 70 extratos de filmes, que focalizam 12 temas relacionados ao universo conceitual definido pelo curador Dubois, alternados com vídeos de artistas nacionais como Cao Guimarães, Milena Travassos, Wagner Morales e Alexandre Veras. “Nesses recortes, ele localizou referências à água, aos reflexos e às sombras, que se conectam ao conceito da exposição. Há filmes mais antigos como Nosferatu, de 1922, e outros mais recentes, como Minority report, de Steven Spielberg, de 2002”, informa Elisa Campos.

Segundo a professora, Dubois concentrou, nessa curadoria, seu olhar em elementos como as transparências e a natureza líquida das imagens concebidas por Muñoz, que levam o espectador a uma experiência sensual e racional do tempo subjetivo da imagem.

Cooperação

Cátedras Francesas na UFMG é o primeiro programa do gênero em Minas Gerais para professores ou pesquisadores de instituições francesas de ensino superior e de pesquisa. Resultado de parceria com a Embaixada da França no Brasil, o programa possibilita o acolhimento na UFMG de professores ou de pesquisadores franceses por período superior a 45 dias e inferior a seis meses.

Também implantado nas universidades de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), do Estado de São Paulo (Unesp) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o programa visa desenvolver atividades de cooperação em pesquisa e ensino por meio da colaboração entre professores estrangeiros e docentes vinculados aos programas de pós-graduação de universidades brasileiras.


Exposição: As transparências líquidas da imagem
Artista: Oscar Muñoz
Curadoria: Phillipe Dubois
Quando: até 7 de junho
Local: Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha)