Culturas de resistência dão o tom de exposição na Reitoria da UFMG
A Pró-Reitoria de Cultura da UFMG, por meio do Centro Cultural UFMG e da Biblioteca Universitária da UFMG, convida para a abertura da exposição ‘Culturas de resistência – Substratos transformadores’, no domingo, dia 4 de junho de 2023, às 10 horas, no Saguão da Reitoria UFMG. A entrada é gratuita e tem a classificação livre.
A mostra tem curadoria de Fabrício Fernandino, curadoria adjunta de Mateus Souza, e é constituída por cinco núcleos temáticos: ‘Módulo Institucional’, ‘Tenacidade – O sertão das gerais’, ‘Resistência – O Vale do Jequitinhonha’, ‘Consciência – Raízes africanas’ e ‘Diversidade – luta e utopia dos povos originários’, com curadorias específicas.
A partir da noção de resistência cultural, a exposição reúne um conjunto de obras de arte entre desenhos, pinturas, gravuras, manuscritos, registros audiovisuais, fotolitos, instalações, objetos artesanais, sites interativos, podcasts, fotografias e publicações dos acervos da universidade, que poderão ser vistas até 27 de novembro de 2023.
Consciência – Raízes africanas | Curadora: Prof.ª Sônia Queiroz
Uma pequena mostra das artes contemporâneas que trazem para o presente formas, cosmovisões, cores e sons ancestrais é apresentada nesse módulo. O artista plástico Jorge dos Anjos, os poetas Adão Ventura e Ricardo Aleixo, a poeta e ensaísta Leda Martins, o artista sonoro Marco Scarassatti representam tantos outros artistas brasileiros. As produções que a Editora UFMG e o Laboratório de Edição da Faculdade de Letras têm publicado no campo dos estudos sobre as culturas africanas e afro-brasileiras também compõem esse núcleo temático.
Diversidade – luta e utopia dos povos originários | Curador: Prof. Guilherme Trielli
Esse módulo apresenta, por meio de uma instalação artística, a presença dessa diversidade no Acervo Indígena da UFMG, cujo arcabouço se constitui por um conjunto de documentos e obras produzidas prioritariamente por autores e editores indígenas do Brasil e da América Latina.
Resistência – O Vale do Jequitinhonha | Curadora: Maria das Dores Pimentel Nogueira (Marizinha)
Esse núcleo temático se propõe a mostrar um pouco da arte universal do Vale do Jequitinhonha, com a presença de mestres de ofício e representantes da nova geração de artesãos, herdeiros dos saberes tradicionais desse território. Parte da diversidade do artesanato da região, como cerâmica, fiação, tecelagem, madeira, bordado, trançado, pintura e outras artes constituem esse módulo.
Tenacidade – O sertão das gerais | Curadora: Prof.ª Sibelle Cornélio Diniz
Idealizada entre 2020 e 2021, em tempos de pandemia, a exposição ‘Sertão Mundo’ trouxe para o público um pouco desse sertão histórico, situado no coração do Brasil e no de Guimarães Rosa. Foi a primeira mostra totalmente virtual do Espaço do Conhecimento UFMG, que agora ganha materialidade realçando a força de resistência que significam as manifestações culturais apresentadas em ‘Sertão Mundo’.
Um Brasil possível
‘Culturas de resistência – Substratos transformadores’ propõe apresentar importantes manifestações culturais que fazem parte da formação de uma identidade representativa de distintos segmentos da nossa sociedade, relata Fabrício Fernandino, curador da exposição.
“Foram elencados quatro substratos sociais expressivos que, sobreviventes e insurgentes, vem contribuindo de forma quase velada para a consolidação de uma tradição cultural e política peculiar em nosso país”, declara.
“O que chamo de substratos sociais são os segmentos marginalizados dessa sociedade – o sertanejo, o camponês, o negro e o indígena. Esses grupos sociais só tiveram uma alternativa, a de se apoiarem em sua cultura e buscarem em seus valores tradicionais, religiosos e filosóficos uma determinação pétrea para seguir, viver e lutar”, esclarece.
Unindo coleções de resistência
Segundo Mateus Souza, curador adjunto da mostra, a partir de quatro módulos distintos, unidos pela ideia de resistência ao neocolonialismo, “percebemos a importância de mostrar as coleções que, no volumoso e diversificado acervo da UFMG, apresentam potencialidade como representantes dos diversos povos e culturas, historicamente resistentes às agressões e tentativas de invisibilização”.
A UFMG garante esse legado ao tempo preservando coleções providas de saber, valiosas fontes de pesquisa que constituem a memória da diversidade cultural do país. Katia Lucia Pacheco, diretora do Sistema de Bibliotecas da UFMG, reforça “a importância das bibliotecas, dos arquivos e dos museus da Universidade como espaços para a memória do passado, seus usos no presente e seus papéis na formação da consciência nacional”.
Vozes resistentes
Fernando Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG, expressa que “em ‘Culturas de Resistência’ aprendemos com a estreita relação entre estética e política cultivada nas culturas indígenas, afro-brasileiras, nas sabedorias dos sertões e do nosso Vale do Jequitinhonha”.
Ele reflete que “é preciso reafirmar os brasis profundos e os brasis futuros que praticam e compartilham outras economias, outras políticas, outras sociabilidades, outras poéticas, que se traduzem em outras estéticas e são parte de uma necessária reconstrução do país baseada em novos valores e pactos”.
“Essa exposição compartilha imagens e ecoa vozes resistentes que se somam à emergência vigorosa dos movimentos de decolonização, da afirmação do bem comum, da pluralidade epistêmica e da defesa da democracia que fortalecem o país que podemos e devemos ser”, manifesta o pró-reitor.
Dimensão transversal da cultura
Sandra Goulart, reitora da UFMG, enfatiza que ‘Culturas de resistência – Substratos transformadores’ “coloca em evidência que a dimensão transversal da cultura também é pensada em perspectiva de abertura epistemológica, que se manifesta na presença cada vez maior de outras formas de conhecimento”.
Ela destaca que “as culturas indígenas, afro-diaspóricas, todos esses campos que adentraram a universidade por meio dos saberes tradicionais, além dos saberes artísticos, têm locus privilegiado no campo da cultura”.
“As artes e manifestações culturais aqui presentes evocam visões de mundo e de modos de viver cultivados por gerações que dedicaram suas vidas à aquisição, constituição e transmissão de conhecimentos de relevância social e coletiva, inserindo uma necessária intervenção em nossos modos de pensar o conhecimento”, aponta a reitora.
Essa exposição é uma iniciativa conjunta da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG, por meio do Centro Cultural UFMG e da Biblioteca Universitária da UFMG, que propõe um trânsito por essas culturas das margens através das visualidades, oralidades, musicalidades, religiosidades, ritos, memórias, sentimentos e registros bibliográficos.
Exposição ‘Culturas de resistência – Substratos transformadores’
Curadoria: Fabrício Fernandino | Curadoria Adjunta: Mateus Souza
Abertura: 04 de junho de 2023 | às 10 horas
Visitação: até o dia 27/11/2023
Segunda a sexta: 8h às 18h
Saguão da Reitoria UFMG
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita