Rapper mineiro Matéria Prima participa de novo episódio de podcast

Rapper mineiro Matéria Prima participa de novo episódio de podcast

O décimo quinto episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com o rapper Matéria Prima, MC veterano da cena hip hop de Belo Horizonte. Com mais de 20 anos de carreira, já participou de grupos importantes como o Quinto Andar, Subsolo e Zimun. Sua sonoridade é original, rimando poesia acompanhada de ritmos brasileiros que se misturam com elementos clássicos do rap, hip hop e até mesmo do jazz.

No podcast, Matéria Prima se apresenta usando a faixa ‘Meu Nome É’, do seu último álbum ‘No Intervalo do Fim’, e recorda dos grupos que fez parte e dos lugares de onde eles surgiram. Para ele, sua carreira não se resume apenas a um lugar, fazendo referência às músicas do Black Moon ao dizer: “Não é de onde você é, mas onde você está e como você está”. Com uma trajetória extensa, é difícil não falar do passado e, consequentemente, das mudanças que houve no mundo da música nos últimos anos. Segundo o rapper, o avanço da tecnologia, o acesso à internet e aos programas de computador viabilizaram a produção e divulgação dos trabalhos dos artistas de forma independente.

“Isso aí melhorou bastante a forma de conhecer novos artistas, né? Porque antes a gente tinha esperança de ser achado por uma gravadora, ou levado em consideração por algum selo. […] O seu trabalho acontecia através desses selos, dessas ferramentas, né? E agora não. Você quer fazer um som com o mínimo de qualidade, pode fazer na sua casa, no seu quarto, cabine dentro do guarda-roupa e o microfone lá dentro.” A partir desse acesso à tecnologia, a cena underground ganhou muito mais espaço, já que deixou de depender da mídia tradicional para produzir música, gerando uma liberdade na produção do conteúdo e diversidade nas temáticas, algo que se reflete nas letras do MC.

Matéria Prima expressa desde sempre uma vontade de ser diferente e original. Ele afirma que não gosta de ser colocado em caixas e estereótipos: “Tem muita gente que acha que tem que se enquadrar num padrão e esse padrão as vezes não é para ele. A pessoa se torna duplamente rejeitada, porque é diferente na própria quebrada e quando chega em outro lugar, que dizem que pode ser incluída, ela se mantém diferente e rejeitada também. Então, os diferentes deveriam se conhecer e se abrigar, para poder ter um senso de pertencimento que não tenha interferências.”

O artista relata o crescimento e a popularização dos artistas da cena de Belo Horizonte em todo país, mesmo estando fora do eixo Rio-São Paulo. “Esse fato fez com que o som se desenvolvesse com menos interferências de outros lugares, algo que acontece não por termos deixado de usar referências, mas por termos aprendido a expressar de uma forma única. Isso interessa o público, que está sempre esperando inovação”, expõe o músico.

O rapper compara o movimento do Brasil com o dos Estados Unidos, fazendo uma relação entre o Rio de Janeiro e Los Angeles, São Paulo e Nova York e, na contramão, BH e Minneapolis. “Os caras tinham um estilo de fazer rap muito diferente de todos esses outros lugares. Belo Horizonte parece com a cena de Minneapolis, é um pessoal que tem um conteúdo muito mais interessante que os outros, pelo menos naquele momento, né? Porque é tudo muito cíclico, esses altos e baixos vão acontecendo e vão destacando pessoas. (…) Eu acho que esse isolamento ajudou muita gente a ter uma identidade própria, mais criativa e BH tá de parabéns”, complementa.

Ouça o podcast na íntegra e conheça a trajetória do músico pelo hip hop:

Acompanhe o trabalho do rapper no Instagram, Youtube e Spotify.

Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que disponibiliza mensalmente no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato do Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.

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