18 de outubro de 2022
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Com o avanço da ciência nas últimas décadas, fomos capazes de observar a consolidação de diversas áreas do conhecimento, como foi o caso das geociências, ciências responsáveis por estudar o planeta Terra do ponto de vista estrutural, tanto em sua superfície quanto em seu interior. A mais famosa talvez seja a Geografia, que estuda os aspectos naturais presentes na superfície do planeta e como as sociedades humanas se relacionam com eles. Outra geociência muito famosa é a Geologia, que estuda a crosta da Terra com objetivo de compreender mais sobre sua composição, estrutura, mecanismos de transformação e etc. A partir da segunda metade do século XX, o ser humano iniciou sua aventura interplanetária e novas estruturas geológicas, além daquelas encontradas aqui na Terra, foram descobertas, trazendo à tona um novo campo de estudo: a Astrogeologia, Geologia Planetária ou Exogeologia, área responsável por aplicar os métodos e técnicas das geociências aos corpos celestes rochosos, tais como luas, asteroides, cometas, planetas e etc.
Apesar do nome, a Astrogeologia engloba métodos e técnicas de diversas geociências como a Cartografia e a Geofísica. A metodologia aplicada pela Geologia consiste em recolher amostras de rochas e analisá-las com o objetivo de conhecer mais seus diferentes aspectos. Diante disso, fica claro a limitação metodológica imposta sobre a Astrogeologia, uma vez que amostras de rochas extraterrestres não são fáceis de se obter. Para superar esse problema, os cientistas utilizam as técnicas de investigação próprias da Geofísica, lançando mão de sensores e receptores que realizam medidas de determinadas grandezas físicas e a partir das mesmas tiram conclusões sobre as estruturas internas de um corpo. Por exemplo, ao estudar um grande asteroide, os cientistas podem enviar uma sonda para orbitá-lo e em seguida utilizar sensores para observar pequenas variações locais em seu campo magnético, possibilitando assim, deduções a respeito de sua composição mineral. Esse tipo de pesquisa pode nos oferecer uma série de avanços no que diz respeito a realidade material da civilização humana, talvez o mais notório esteja no campo da mineração espacial, uma vez que um asteroide, como o do exemplo, pode conter quantidades gigantescas de minerais muito importantes dentro de nossos sistemas produtivos. A maioria dos especialistas considera o casal Eugene e Carolyn Shoemaker como sendo os pioneiros nos estudos da ciência planetária. Ambos realizaram importantes estudos de crateras lunares, asteroides e cometas.
Além de benefícios industriais, a Astrogeologia nos permite aprofundar nossos conhecimentos sobre quais as etapas de formação de um planeta e seus respectivos satélites, possibilitando assim ampliar nossa compreensão sobre o processo de formação do nosso próprio planeta.
Uma vez que os mecanismos de formação planetária se tornam devidamente descritos, os cientistas são capazes de observar quais corpos rochosos, dentro ou fora do nosso sistema solar, já passaram, passam ou passarão pelas etapas de desenvolvimento geológico que conferem ao corpo a capacidade de gestar uma forma de vida. Por exemplo, através de uma série de análises é sabido que Marte há alguns milênios apresentou características geológicas e climáticas similares às que a Terra apresenta hoje, indicando a possível presença de vida no planeta durante esse período.
Muitos cientistas acreditam que ainda hoje possa existir algum tipo de vida microbiana em determinadas regiões do Marte. Outro exemplo de corpo rochoso onde poderíamos encontrar vida baseada em carbono seria Europa, uma das luas de Júpiter. Análises indicam que a lua possui uma camada de gelo que se estende sobre a superfície do planeta cobrindo um gigantesco oceano de água líquida, o que aumenta muito as chances de haver algum tipo de vida nesse corpo rochoso. Vale ressaltar que os cientistas buscam por formas de vida baseadas em carbono pois esta é a única forma de vida que conhecemos, porém, dependendo das características do corpo rochoso poderíamos ter um ser vivo baseado em outro elemento químico. Segundo os especialistas, esse seria o caso de Titã, uma das luas de Saturno que apresentaria características geológicas que produziriam condições para o surgimento de vida baseada em silício.
Fica claro a importância da Astrogeologia para a construção de um futuro mais próspero para a humanidade, tanto a médio, quanto a longo prazo, sendo útil para produzirmos uma condição de vida mais confortável e também para nos consolidarmos como uma espécie interplanetária.
Europa
Europa (satélite) – Créditos: wikipedia.org
Marte
Marte (planeta) – Créditos: wikipedia.org
Titã
Titã (satélite) – Créditos: wikipedia.org
[Texto de autoria de João Thomaz Martins Carvalho Souza, estagiário no Núcleo de Astronomia do Espaço do Conhecimento UFMG.]
Para além do centro de BH: Venda Nova
Expografia e Fotografia na exposição “Olhares Metropolitanos”