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Pesquisa da UFMG escrita em língua indígena conta a história da escola maxakali

Primeira dissertação escrita em língua indígena defendida na UFMG é tema do episódio de estreia da nova temporada ‘Aqui tem ciência’, da UFMG Educativa

 

08 de setembro de 2025

 

Para o povo tikmũ’ũn, mais conhecido como maxakali, qualquer lugar pode ser a escola. O aprendizado começa na kuxex, que pode ser traduzida como casa de religião ou de ritual. Lá, os indígenas aprendem a cantar, pintar, pescar, entre outras habilidades.

É o que relata Lucio Maxakali, autor da primeira dissertação de mestrado escrita em língua indígena defendida na UFMG, em maio de 2025, no Programa de Pós-graduação em Educação, Conhecimento e Inclusão Social.

Em uma apresentação bilíngue, alternando o português e a língua maxakali, o pesquisador resgatou a história da escola maxakali, e também as violências sofridas pelo seu povo.

“Caminho de pesquisa”
Para desenvolver a pesquisa, ele conversou com professores do passado e do presente, além de ouvir o pajé e outras lideranças de sua comunidade. Lucio contou que, na cultura maxakali, a terra também tem muito a ensinar. “A terra é a nossa mãe”, diz.

Alguns dos professores ouvidos pelo pesquisador integram o Programa de Formação Intercultural para Educadores Indígenas da UFMG (Fiei). Segundo Lúcio, eles contaram que aprenderam primeiramente na kuxex, na mata, e depois foram para a escola “escrever a história, os desenhos”.

Dos mais velhos, Lúcio ouviu relatos sobre a violência sofrida com a chegada da “escola dos brancos”, especialmente com a vinda do Serviço de Proteção Indígena (SPI), em 1940. “Não respeita a nossa cultura, porque quando entra o SPI, já ensina as crianças em língua portuguesa”, conta.

No final dos anos 1960, a Funai, atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas, trouxe professores que ainda ensinavam em português. Mais tarde, em 1997, veio a Secretaria de Estado de Educação, e os professores indígenas começaram a assumir as escolas e a ensinar na língua indígena.

Escola ideal
Apesar das mudanças recentes, a escola ainda não é como os maxakalis gostariam: o prédio não se parece com as casas tradicionais tikmũ’ũn; ainda há professores não indígenas dando aulas e o calendário não respeita as tradições de seu povo. Lúcio discutiu com os professores, o pajé e outras pessoas da comunidade o que seria o ideal para eles. “Nós fizemos um calendário, para os não indígenas entenderem que a nossa escola que tem que caminhar junto com a kuxex”, diz.

Na UFMG, a pesquisa contou com a orientação da professora Vanessa Tomaz, do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de Educação, atual coordenadora do Fiei na Universidade.

Ouça o novo episódio do Aqui tem ciência e saiba mais sobre a pesquisa.

Raio-x da pesquisa

Título: IXTOT ŨXUKTUX TAPPET PET YÕG, TAPPETPET ŨGAMŨYÕG YÃPÃHÃ – Conta a história da escola tikmũ’ũn: a escola para nós é qualquer lugar

Autor: Lucio Flávio Coelho Maxakali

Programa de Pós-graduação: Educação, Conhecimento e Inclusão Social

O que é:  Primeira dissertação de mestrado defendida em língua indígena na UFMG, conta a história da escola tikmũ’ũn (maxakali), a partir da perspectiva de um representante desse povo que ouviu outras pessoas de sua comunidade.

Orientadora: Vanessa Sena Tomaz

Ano da defesa: 2025

 

O episódio 201 do Aqui tem ciência tem produção, roteiro e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade.

 

Em novo horário, o Aqui tem ciência vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 12h45, com reprises às quartas, às 17h45, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.

(Assessoria de Imprensa da UFMG)