Espaço do Conhecimento UFMG é palco de defesa de tese de doutorado sobre tela hemisférica (fulldome)   – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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Espaço do Conhecimento UFMG é palco de defesa de tese de doutorado sobre tela hemisférica (fulldome)  

 

Muito do que pensamos sobre animação está relacionado ao cinema que concebe a tela como um retângulo. Mas, como se constrói uma história e se narra um filme em uma tela hemisférica (fulldome)? Trata-se de uma projeção que é feita por um conjunto de projetores onde cada um fica responsável por uma “fatia” da imagem e depois, reunidas, formam uma imagem única. Essa imagem – de alta resolução – ao ser projetada preenche todo o campo de visão do usuário. Um padrão imersivo de projeção muito comum em planetários e outras cúpulas,  que além de ser circular, está em torno do espectador, de forma bastante diferente da tela plana do cinema.

 

Imagem: Inconfidências – fotogramas do filme Inconfidências que mostram uma sequência de animação de lama que representa um rompimento de barragem

 

Refletir sobre as possibilidades da animação em telas hemisféricas.

Nesta segunda-feira, 30 de maio, às 9h, o assunto foi apresentado em uma banca de doutorado, que aconteceu no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700 – Funcionário/BH-MG).  Intitulada ‘Filmes na tela hemisférica: Fulldome, animação, experimentação’, o trabalho foi defendido  pelo doutorando Vitor Amaro, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG. A tese foi orientada por  Maurício Gino, professor do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais da UFMG, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Artes e também coordenador do Núcleo de Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG.

 

Segundo Vitor, “telas hemisféricas têm formato de cúpula ou domos, como essas que encontramos em planetários. Quando a animação é pensada para esse tipo de tela, além de todas as possibilidades técnicas, artísticas, expressivas, simbólicas e metafóricas, agrega ainda outras formas de pensar, de produzir e de experimentar o audiovisual”, pontua.

 

O objetivo da tese foi traçar uma espécie de cartografia deste formato, considerando-se seus aspectos conceituais definidos a partir de sua história e tecnologia, mas também como se dá a experiência de fruição de conteúdo audiovisual sob o domo, como explica Amaro. “No entanto, a partir da ideia de experimentação, também proponho pensar esse formato como algo que não deve ser visto como rígido e conclusivo, mas aberto para as atividades de produção artística e audiovisual”. 

 

Professor de Animação e Cinema no curso de Artes Visuais da Escola de Design da UEMG, Vítor conhece bem o Espaço do Conhecimento da UFMG, pois integrou a equipe do Núcleo de Audiovisual do museu, onde sua tese começou a ser gestada.  “O envolvimento com o tema se deu pela minha atuação no Núcleo de Audiovisual do Espaço de 2012 a 2019, onde a equipe sempre pesquisou e buscou formas de produzir novos conteúdos artísticos, culturais e científicos que pudessem ser veiculados na tela do planetário do museu”, contou.

 

No decorrer do trabalho de pesquisa, Vitor produziu alguns experimentos curtos de animação em fulldome como demonstração da pluralidade de caminhos que ainda podem ser desenvolvidos em filmes para esse tipo de tela para exibir no Planetário. “Creio que há também uma importância simbólica: voltar ao planetário, no momento da defesa e divulgação da pesquisa, condiz com a motivação do trabalho de contribuir como referência e estímulo para novas produções audiovisuais neste formato”, antecipou.

 

O pesquisador também analisa alguns filmes produzidos pela equipe do museu, tais como ‘Reverberações’ (2019), animação em que a imagem é gerada automaticamente por uma programação específica a partir de uma trilha musical, ou ainda ‘Entre Discos e Esquinas’ (2017), além de outras produções. “Identifico  como no museu se  formou um contexto  de trocas de experiências, de intercâmbios entre disciplinas que tem sido favorável à experimentação que se reflete na produção diversificada e original oferecida no planetário ao lado de filmes intencionalmente comercializados, algo que nem sempre outros planetários brasileiros têm conseguido (ou mesmo buscado) oferecer. A minha própria tese é um sintoma desse contexto de abertura e de multidisciplinaridade do Espaço”, pontuou.

 

Planetários e outras tecnologias

Embora já existam no Brasil muitas boas pesquisas sobre os planetários e suas atividades de divulgação científica e ensino de astronomia, segundo o pesquisador ainda faltam pesquisas sobre o uso das telas hemisféricas a partir do olhar da arte, em geral, e do cinema, mais especificamente.

 

“Creio que a partir dessa pesquisa podemos encontrar vários argumentos para defender e legitimar o espaço da arte e do cinema nas telas hemisféricas, algo que ainda poderia ser mais bem estabelecido no Brasil e que pode, inclusive, favorecer as atividades de divulgação científica dos planetários. Na medida em que a tese buscou desnaturalizar ou desmistificar algumas concepções e visões sobre o fulldome, também abriu espaço para uma série de críticas às fórmulas e às recorrências encontradas nos filmes, o que também evidencia a necessidade de maior experimentação e diversificação da produção para essas telas”, argumenta.

 

“Por fim, a pesquisa também se coloca na contramão dos discursos de valorização excessiva das novidades tecnológicas, buscando fundamentos críticos para garantir ao Fulldome sua historicidade, não como uma manifestação de um “cinema do futuro”, mas como um tipo de cinema do presente, aberto para nossa intervenção e criação artística”, conclui.

 

 

Imagem – Reverberações – Fotogramas do filme Reverberações exemplificam técnicas alternativas na produção Fulldome, como a animação por meio pintura sobre vidro.

 

 

Imagem 03 – Entre Discos e Esquinas – Fotogramas do filme Entre Discos e Esquinas, sobre a música do Clube da Esquina. Exemplo do potencial lúdico da tela hemisférica, não apenas informativo.

 


 

O Espaço do Conhecimento UFMG, por meio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. No museu, a programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas, apresentações culturais, palestras e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o Espaço é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas Gerais. O Espaço integra a Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG, é amparado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio do Instituto Unimed-BH, viabilizado por mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores e da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig.