Mestres raizeiros destacam poder de cura das plantas; Balaio de Sinh diverte e emociona
As plantas oferecem as solues para todas as necessidades dos seres humanos, ensina Dona Piedade, mestre raizeira que vive na Serra do Cip, no municpio de Santana do Riacho. Por isso, nunca se deve destruir e jogar fora qualquer planta, nenhum dinheiro vale isso e nenhuma planta lixo, completa.
Para Dona Piedade, que participou, nesta tera-feira, da oficina Fitoterapia e patrimnio imaterial registros da etnobotnica teraputica brasileira, as pessoas devem valorizar o potencial de cura das plantas. A mangaba uma planta que muitas vezes se descarta. Mas o seu leite, dissolvido na gua e coado, pode curar vrias doenas, exemplifica.
Na segunda-feira, o mestre Seu Joo, de Santa Luzia, falou, entre outros assuntos, sobre como os componentes naturais (insetos e vegetao, entre outros) esto articulados e cumprem importante papel em um ambiente harmonioso. Na tarde de hoje, a mestra benzedeira Dona Helena, tambm de Santa Luzia, abordou o dom da "benzeo", sua relao com as plantas e seu poder associado a tratamentos de sade.
Para o coordenador da oficina, o antroplogo Thiago Arajo, um dos desafios da cincia articular o conceito de patrimnio imaterial com o uso medicinal das plantas. "Os mestres da sabedoria popular tm um saber integrado, transmitido h vrias geraes, mas sem registro, ao passo que a fitoterapia uma cincia reconhecida", destacou.
luz da lamparina O povoado onde vivi minha infncia era iluminado apenas pela lua. Em casa, acendamos lamparinas; tinha uma em cada canto, recordou-se dona Rosria Madalena [foto], uma das pioneiras do grupo Meninas de Sinh, que desde a dcada de 80 realiza vivncias culturais que ajudam a transformar o cotidiano da comunidade. Ela falava enquanto retirava uma lamparina de dentro de um balaio, durante a dinmica proposta na oficina Balaio de Sinh. Aps a orao, amos dormir, tranquilos. Nem precisava trancar a casa, pois no havia perigo algum de violncia", continuou, emocionada.
Alm do resgate de memrias afetivas, a oficina, realizada na tarde de hoje, promoveu danas e cantigas de roda, ao som de sanfona, chocalho e percusso.
Uma das participantes, dona Maria da Conceio [foto] caracterizou a atividade como "uma terapia. Entrei recentemente, porque andava doente e aborrecida, e achei maravilhoso. No existe coisa melhor do que rir, cantar, brincar e compartilhar o carinho com as outras meninas, declara.
Formado por 24 mulheres do bairro Alto Vera Cruz, com idade entre 53 e 94 anos, o grupo Meninas de Sinh foi idealizado por Valdete da Silva Cordeiro, com o objetivo de melhorar a autoestima de suas vizinhas.
Saiba mais sobre as duas oficinas em vdeos produzidos pela TV UFMG, disponveis na galeria do Festival de Vero.
Fonte: Agência de notícias UFMG

