Em palestra, demgrafo da UFMG discute as consequncias do envelhecimento da populao brasileira
A populao brasileira est ficando velha, e isso vai afetar profundamente a estrutura do nosso pas. Esse alerta foi dado pelo professor emrito da UFMG Jos Alberto Magno de Carvalho [em foto de Silvia Dalben/divulgao], um dos pioneiros dos estudos populacionais no pas. Amparado por dados do censo e de outras pesquisas, ele abordou as consequncias desse envelhecimento na palestra O novo padro demogrfico brasileiro, realizada na manh desta quarta-feira, 11 de fevereiro, no Conservatrio UFMG.
A fecundidade no Brasil sempre foi muito precoce. Segundo Carvalho, as mulheres brasileiras costumavam constituir proles numerosas ainda muito jovens, na faixa de 15 a 24 anos. Com o surgimento da plula anticoncepcional e de outros mtodos contraceptivos, as mulheres, no entanto, passaram a postergar a gravidez para se dedicar aos estudos e ao trabalho. No ter filhos tambm se tornou comum.
Com isso, a partir da dcada de 1970, j possvel observar um declnio da taxa de fecundidade no pas. Na dcada de 1960, era comum ter muitos filhos; a mdia era de 5,8 nascidos vivos por mulher. Em 2010, esse nmero caiu para 1,9 filho, e a projeo para 2030 de que cada mulher tenha apenas 1,51 filho", estimou o professor.
Ele ressaltou ainda que, apesar da crena de que apenas a classe mdia est reproduzindo menos, o declnio generalizado e irreversvel e indica mudana de grande impacto na estrutura etria da populao. As pessoas esto vivendo mais, isso fato. Mas como ningum mais quer ter muitos filhos, o nmero de jovens est cada vez menor. As geraes esto diminuindo a cada ano, a ponto de no conseguirem repor a populao. Se h algumas dcadas o medo era acolher uma superpopulao, hoje a preocupao com a falta dela, alertou.
Economia em crise Magno de Carvalho explicou que, apesar da alta longevidade ser um bom indicativo de qualidade de vida, o envelhecimento da populao afeta a estrutura do pas em vrios aspectos. Um exemplo o aumento no nmero de aposentados e pensionistas, que acaba pesando no oramento nacional e afetando o sistema de previdncia social.
De acordo com o professor, a gerao atual a mais prejudicada pela nova realidade, pois ter de se esforar muito mais para viver bem. Eles no podem sonhar com a mesma vida dos pais porque no tero acesso aos mesmos benefcios, como aposentadoria. Outro problema que a taxa de desemprego est baixa agora porque o nmero de jovens que ingressam no mercado de trabalho menor, mas ainda faltam vagas para os novos profissionais, disse.
Apesar dos problemas ocasionados pela mudana na concentrao etria da populao brasileira, Carvalho ressaltou que os nmeros podem indicar novos caminhos para o desenvolvimento do pas. A demografia uma cincia estvel, permite que sejam pensadas polticas pblicas em longo prazo. Como o nmero de crianas e adolescentes est diminuindo, agora uma grande oportunidade para investir na juventude e formar geraes de profissionais mais capacitados. tudo uma questo de planejamento, finalizou o professor.
Fonte: Agência de notícias UFMG