“Para que a UFMG se torne cada vez mais diversa e inclusiva, é importante valorizar as propostas que fogem dos procedimentos corriqueiros”, afirmou a vice-reitora Sandra Goulart Almeida [foto], durante solenidade que inaugurou o Programa de Formação Transversal Encontro de Saberes. A nova formação engloba conjunto de conteúdos de interesse geral, resgatando culturas indígenas, quilombolas e outras que podem ser cursados por qualquer aluno de graduação. Sandra Almeida exaltou o caráter inovador da iniciativa. “Abracei a ideia desde quando ela me foi apresentada, ainda antes de se iniciar nossa gestão. Trata-se de um projeto de reflexão que vem da base, diferentemente de grande parte das decisões da Universidade, desenvolvidas de cima para baixo”, disse. O pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi, destacou que a Universidade cumpre a “missão de reconciliar a academia com os valores apagados pelo progresso”. “Temos de recolocar na consciência dos jovens, e trazer de volta ao dia a dia, as questões essenciais que constituíram a formação cultural do Brasil”, comentou. Para uma das coordenadoras do projeto, professora Luciana de Oliveira [foto], é motivo de satisfação ver a iniciativa “crescer, se multiplicar e se institucionalizar”. “A ideia de inserir os saberes tradicionais na Universidade nasceu durante as edições passadas do Festival de Inverno. A formação transversal sedimenta, portanto, uma série de atividades inclusivas que a UFMG vem promovendo nos últimos anos.” Luciana de Oliveira ressaltou a grande procura pela nova modalidade de trajetória curricular. “Os relatos positivos servem de lição e direcionamento. Hoje podemos enxergar a falta que esse tipo de atividade já fazia na UFMG”, disse, completando que a expansão da formação transversal para as vertentes de pesquisa e extensão está nos planos da comissão coordenadora. Luta centenária Em seguida, a rainha conga de Minas Gerais, Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, Isabel Cassemiro [foto], mobilizou todos os presentes para uma oração. A programação segue ao longo do dia com mesas temáticas, conferências, relatos, banquetes e sessão de cinema.
A diretora de Assuntos Culturais da UFMG, Leda Maria Martins, observou que, mesmo após um século de luta pela afirmação do povo negro, ainda é mínimo o número de alunos afrodescendentes, assim como indígenas, no ensino superior. “O evento traduz os esforços da Universidade visando ao avanço contínuo da inclusão plena de estudantes de diversas origens. Que venham outros frutos!”, ela disse. Leda Martins ainda sugeriu a criação de um curso de graduação interdisciplinar, combinando saberes acadêmicos e regionais.