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Periódicos da UFMG são bem avaliados pelo Qualis Capes

quinta, 27 de abril de 2017, às 13:04

Em avaliação recente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) os periódicos da UFMG tiveram bom desempenho. Dos 60 periódicos avaliados, 44 melhoraram a avaliação ou mantiveram a avaliação anterior.

A melhora da avaliação é mérito do trabalho cuidadoso e incansável das equipes editoriais e reflete também a atual Política de Periódicos da Universidade. Se antes os periódicos da UFMG se dividiam igualmente entre a metade superior e inferior dos estratos, na atual avaliação de 2015, 35 deles se encontram do estrato B2 para cima. Confira os gráficos:

grafico estratos 2015

grafico comparacao 2014 2015

*Consulta do Qualis Periódicos 2015 realizada no dia 21 e 22 de março de 2017, na plataforma sucupira, considerando o maior estrato.
**Consulta do Qualis Periódicos 2014 baseada no Diretório de Periódicos da UFMG e consulta do Qualis Periódicos 2015 realizada no dia 21 e 22 de março de 2017, na plataforma sucupira, considerando o maior estrato.

O peso da avaliação

O periódico científico tem sido, através dos séculos, o principal veículo de comunicação e divulgação do conhecimento cientifico. Ele é um instrumento de manutenção e garantia da qualidade da produção científica graças ao mecanismo de avaliação por pares, pois significa que aquilo passou por um crivo de seleção. Quem afirma isso é a professora na Escola de Ciência da Informação da UFMG, Beatriz Cendón, que completa: “É um sistema que funciona, garantindo a qualidade e a preservação dessa memória científica ao longo do tempo”.

Cendón explica que o Qualis Periódicos tem bastante peso sobre as revistas. Primeiro, por ser parte de um programa de avaliação, ele dá prestigio e visibilidade para as revistas mais bem avaliadas. Parte desse peso, porém, vem do desconhecimento do que é o Qualis e do seu uso para outros propósitos que não o dele. Segundo Beatriz, o Qualis acaba se tornando um parâmetro de comparação de periódicos e é usado para escolher em quais revistas publicar, para avaliar currículos, para concursos, etc. “As pessoas poderiam procurar fator de impacto ou outros dados, mas o Qualis está ali de livre acesso, amplamente conhecido na área acadêmica do Brasil, por essa facilidade de acesso ele adquire um peso maior do que deveria”, ela explica.

Essa discrepância já havia sido apontada no texto da diretora de Avaliação da Capes, Rita de Cássia Barradas Barata, “Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis”, publicado no primeiro volume de 2016 da RBPG: “O Qualis Periódicos não deve ser considerado como uma fonte adequada de classificação da qualidade dos periódicos científicos para outros fins que não a avaliação dos programas de pós-graduação”. Ela inclusive escreve que o uso do Qualis pelos editores científicos para obtenção de fomentos e pelas agências para aprová-los é – em suas palavras – bastante discutível, uma vez que a comparação entre periódicos de diferentes campos científicos é imensurável. Esse texto está disponível pela própria Capes nos documentos de todas as áreas do conhecimento e é uma leitura muito pertinente sobre o assunto.

Uma novidade sobre a questão do fomento é o último edital da Fapemig, com submissão de propostas até 15 de maio. Nele foram criadas faixas para contemplar mais revistas, desde periódicos com estrato A ou indexadas nas bases internacionais até periódicos que não possuem Qualis.

Panorama da UFMG

A Profª. Graciela Ines Ravetti de Gómez é Diretora da Faculdade de Letras, unidade acadêmica que possui doze periódicos no Portal da UFMG. Quatro deles diminuíram seu estrato Qualis na área de Letras/Linguística e Graciela acredita que isso tenha a ver com a mudança dos critérios de avaliação, que foram publicados nos documentos de área em 30 de janeiro de 2017. “Eu sei que qualquer mudança sempre vai ter resistência e as resistências às vezes são patéticas: o pessoal não quer mudar porque não quer mudar. Eu entendo que os critérios precisem ser ajustados e aperfeiçoados, mas o problema não é a mudança de critérios, é não terem avisado sobre isso”. E ela garante que irá se empenhar na busca por critérios claros que sirvam para todos.

Ailton Vitor Guimarães é professor do CEFET-MG e, juntamente com os professores Fernando Fidalgo e Daisy Cunha, compõe a equipe editorial da revista Trabalho & Educação. O periódico, que está no Portal da UFMG, subiu para o estrato A2 em Ensino na recente avaliação da Capes. O editor tem muitas críticas às exigências e aos critérios de avaliação, que segundo ele são produtivistas, mas diz que isso provoca a equipe da revista a se adequar a esses critérios, mesmo que não se concorde com eles. Ele conta que trabalha com duas perspectivas: de saber como funciona os estratos, quais são os critérios e colocar isso no horizonte da publicação, mas respeitando a identidade da revista. Sendo um periódico A2 do ponto de vista do Ensino, a expectativa de Aílton é que isso facilite a obtenção de financiamento – uma questão em que o periódico tem muita dificuldade – e ao mesmo tempo chame para revista um aumento significativo de submissões. E admite: “Trabalhar com um mecanismo de avaliação com o qual você tem alguma discordância – às vezes mais discordâncias do que concordâncias – e perceber um reconhecimento desse ponto de vista é muito positivo, nos dá uma confirmação de que estamos trabalhando no caminho certo”.

Beatriz Cendón diz ter uma visão otimista do panorama da UFMG na avaliação Qualis da Capes. Segundo ela, a diminuição de periódicos no estrato A é facilmente recuperável com a implantação da Política de Periódicos da UFMG. “E vejo de maneira muito positiva esse aumento de periódicos nos estratos superiores, é uma tendência de melhoria dos periódicos da Universidade, de amadurecimento das equipes. Eu acredito que na próxima avaliação veremos um maior crescimento, reflexo da nossa Política de Periódicos”.


Mas os periódicos devem se preocupar em receber um bom Qualis?

Carla Vieira, bibliotecária da equipe do Portal de Periódicos, e Sérgio Dias Cirino, Diretor da Política de Periódicos da UFMG, acreditam que sim. Não pela avaliação em si, mas porque os critérios são elaborados pelas coordenações de cada área do conhecimento e os periódicos precisam se preocupar em ter qualidade na visão de suas áreas. Eles esclarecem como isso pode ser feito: procurando seus documentos de área no site da Capes, pois neles estão listados os critérios de avaliação. Esses critérios costumam ser muito diferentes, um exemplo é que, geralmente, dentro das ciências humanas e sociais, não se exige fator de impacto, mas outras áreas, como administração, biológicas e exatas, costumam exigir.

Sérgio e Carla apontam que existem ainda quesitos básicos para a qualidade de um periódico, como ter um comitê editorial, ISSN, periodicidade regular, buscar visibilidade e ser indexado nas bases de dados. Para ser considerado cientifico, é importante ter avaliação por pares e documentação do periódico, indicando para os autores o que é exigido.

Na UFMG, a equipe da Política de Periódicos tem criado uma série de iniciativas, através das quais os editores e suas equipes editoriais têm a possibilidade de participar de treinamentos e oficinas, além de obter orientação via a Incubadora. Essas iniciativas buscam auxiliar os periódicos na melhora de sua qualidade e cultivar um bom desempenho nas futuras avaliações.