(Crédito da imagem em destaque: E.coli – Daniel Mietchen / Wikimedia-Commons)

O uso de estratégias de metagenômica e metatranscritômica possibilitou à equipe de pesquisa da professora Aline Maria da Silva, da Universidade de São Paulo (USP), prospectar bactérias e bacteriófagos com potencial para aplicação terapêutica e industrial.

Na conferência O Extraordinário mundo das microbiotas e seus microbiomas, proposta pela Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia (SBBq), a pesquisadora apresentou resultados do Projeto MetaZoo, que ela coordena com o professor João Carlos Setúbal, também da USP. A conferência foi apresentada pelo presidente da SBBq, Glaucius Oliva, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).

A partir da análise do processo de compostagem no Parque Zoológico de São Paulo, os pesquisadores identificaram uma quantidade estimada de 2,8 mil espécies microbianas envolvidas na degradação de biomassa.

Nesse meio, o grupo identificou novas espécies e um novo gênero bacteriano, além de caracterizar com detalhes o genoma de três bacteriófagos (vírus que atacam bactérias), um dos quais se mostrou capaz de degradar o biofilme de uma poderosa bactéria que causa infecção hospitalar. “Conseguimos ter uma visão molecular da compostagem termofílica, que atinge espontaneamente altas temperaturas sem energia adicionada”, observa Aline Silva, que é professora titular do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP.

Os dados, explica a professora, reforçam a ideia de que a compostagem é fonte valiosa para prospecção continuada de novos micro-organismos e genes adaptados a condições extremas. Segundo a pesquisadora, na vasta riqueza microbiana da biosfera, apenas de 1% a 5% dos micro-organismos são passíveis de cultivo em laboratório. “É aí que entram as técnicas modernas de genômica”, destaca Aline Silva.

A equipe estabeleceu consórcios bacterianos de micro-organismos que não podem ser isolados e os analisou com as técnicas de metagenômica e metatranscritômica.

Aline da Siva coordena o Projeto MetaZoo. Foto Ana Rita Araújo / UFMG