(Ildeu de Castro Moreira durante a posse da nova gestão da SBPC. Foto: Pietro Sitchin / SBPC)
(Daniela Klebis e Mariana Mazza / Jornal da Ciência)
O físico Ildeu de Castro Moreira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assumiu na noite desta quinta-feira, dia 20, a presidência da Sociedade Brasileira do Progresso da Ciência (SBPC). A cerimônia ocorreu durante a Assembleia Geral de Sócios da entidade, realizada no CAD2, no campus Pampulha.
Na oportunidade, também foram empossados os diretores Vanderlan da Silva Bolzani e Carlos Roberto Jamil Cury (vice-presidentes), Paulo Roberto Petersen Hoffman (secretário-geral), Ana Maria Bonetti (primeira-secretária), Claudia Masini D’Avila-Levy (segunda secretária), Sidarta Ribeiro (terceiro secretário), Lucile Maria Floeter Winter (1ª tesoureira) e Roseli de Deus Lopes (2ª tesoureira), além dos membros do Conselho e os secretários regionais.
Em seu discurso, o novo presidente da SBPC enfatizou a necessária união da comunidade científica para enfrentar o grave momento político do País. “A SBPC deve ser um polo aglutinador nesse momento. A nossa mensagem é de esperança e luta pela educação e pela ciência e tecnologia. Vamos trabalhar juntos e nos mobilizar”, afirmou Moreira.
O físico recebeu o cargo de Helena Nader, que esteve à frente da Sociedade por seis anos (três gestões) e recebeu várias homenagens na Assembleia Geral. Moreira disse que a nova Diretoria, o Conselho e os secretários regionais darão continuidade ao trabalho de seus antecessores. “A SBPC tem uma história de dedicação, autonomia e capacidade de atuar em prol da ciência, da tecnologia, da educação e do desenvolvimento social do País”, disse.
Essa continuidade foi destacada como um dos pontos essenciais da nova gestão, em especial no que se refere à atuação permanente junto ao Congresso Nacional, a órgãos públicos e à sociedade. “É importante destacar também que a SBPC é uma entidade sem caráter político-partidário, como consta do Artigo I de seu estatuto”, afirmou o novo presidente.
Mobilização
Ildeu Moreira defendeu uma atuação intensa das secretarias regionais da SBPC e uma forte interação com as associações científicas afiliadas, além do relacionamento com outras entidades – como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional para Secretários para Assuntos de Ciência e Inovação (Consecti), a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). “Esse momento de engajamento é fundamental. Temos que trabalhar de forma integrada para a superação do momento difícil que estamos vivendo no País”, afirmou.
Para o novo presidente da SBPC, o momento pelo qual o País passa é muito grave, o que exige mobilização redobrada da sociedade. As ações políticas e de divulgação da SBPC devem ser reforçadas, como a Marcha pela Ciência no Brasil – à qual está incorporada a campanha Conhecimento Sem Cortes, que, inclusive, já instalou dois Tesourômetros, (painéis que divulgam o volume de recursos cortados para a ciência e tecnologia) na UFRJ e na UFMG – nesta última, instalado durante a atual edição da Reunião.
Ao encerrar seu discurso de posse, Moreira recorreu ao poema Tecendo a manhã, de João Cabral de Melo Neto – “Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos – para conclamar a sociedade a “tecer uma manhã mais democrática, menos desigual e na qual a ciência, a tecnologia e a educação possam contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico e social do País”.
Trajetória
Graduado em Física pela UFMG em 1973, Ildeu de Castro Moreira é doutor também em Física pela UFRJ (1996). É professor do Instituto de Física e do Programa de Pós-graduação em História das Ciências, Ensino de Física e História da Física na UFRJ e do mestrado em divulgação científica mantido por Fiocruz, UFRJ, Mast e JBRJ. Realizou estágios de pesquisa na França, na École Polytechnique e na Universidade de Paris VII. Trabalha nas áreas de física teórica (sistemas não lineares), história da ciência e comunicação pública da ciência.
