O diretório nacional do Fórum de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação (Foprop) realizou, nesta segunda-feira, dia 17, a sua reunião regular de trabalho na UFMG, durante a Reunião Anual da SBPC. Se o principal tema tratado no encontro foram as avaliações quadrienais feitas pela Capes dos cursos de pós-graduação, um segundo tópico permeou as discussões: o fomento à pesquisa e à inovação e as recentes restrições orçamentárias impostas à ciência brasileira.

“A situação financeira do Brasil tem afetado direta e profundamente a estrutura de pesquisa e de pós-graduação brasileira, assim como os nossos pesquisadores e estudantes”, afirmou o professor Joviles Vitório Trevisol, pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal da Fronteira do Sul. Joviles é o atual presidente do diretório nacional do Foprop e coordenou os trabalhos desta segunda-feira na UFMG.

“Essa dificuldade financeira tem produzido retrocesso, e isso não é aceitável para um país como um nosso, que precisa tanto de ciência e tecnologia. O futuro de qualquer país passa inegavelmente por sua capacidade de produzir novos conhecimentos, novas tecnologias e de produzir inovação a partir disso”, garantiu o pró-reitor.

Um segundo destaque do encontro foi o avanço nas discussões sobre uma portaria que visa possibilitar que estudantes de pós-graduação possam acumular bolsas de demanda social e remuneração proveniente de atividade empregatícia, demanda antiga dos alunos de pós-graduação. Trata-se de uma iniciativa da Capes, da qual o fórum participa a convite.

“Estamos trabalhando com a Capes nessa nova regulamentação para possibilitar que o estudante possa, de acordo com os regramentos, ter emprego e também usufruir de uma bolsa de pós-graduação”, afirma Joviles. O tema vem sendo discutido no Foprop no último ano e há sinalização de uma mudança de diretriz no entendimento sobre o tema.

Joviles Trevisol, presidente do Foprop: possibilidade de acúmulo de bolsa e remuneração empregatícia pelo estudante de pós-graduação. Foto: Ewerton Martins Ribeiro / UFMG

O Fórum de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação representa quatro segmentos da educação superior nacional: as universidades públicas federais, as universidades públicas estaduais e municipais, as universidades comunitárias e as particulares. Dos 18 membros do diretório nacional do Foprop, 14 participaram do encontro na Reunião Anual da SBPC.

Participaram da abertura do evento a vice-reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, a pró-reitora de Pós-graduação, Denise Trombert, e o pró-reitor de Pesquisa, Ado Jorio.

 

Dirigentes das áreas de pesquisa e pós-graduação se reuniram hoje, na Reitoria, para discutir os cortes. Foto: Tereza Cartaxo / UPE

Redução aos níveis de 2005
As restrições orçamentárias à pesquisa também foram debatidas em outra instância, o Fórum Nacional das Entidades Representativas das Carreiras de C&T. Formada por associações e sindicatos de trabalhadores de 23 órgãos da área de C&T, lotados em oito ministérios, a entidade destacou, em documento divulgado durante a abertura da 69ª Reunião Anual da SBPC, no último domingo, que “a área de C&T tem sofrido constantes cortes de verbas do governo, principal fomentador do desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil”.

O orçamento de 2017, por exemplo, foi reduzido aos níveis de 2005 – R$ 3,2 bilhões, o que representa 0,1% do orçamento da União. Sem dinheiro, algumas unidades de pesquisa só conseguirão trabalhar até setembro, advertiu o Fórum, que “conclama toda a comunidade científica e a população em geral a unir esforços em defesa da valorização da ciência e tecnologia nacionais”. Leia a íntegra da carta.

O assunto foi abordado pela Rádio UFMG Educativa em reportagem de Jessika Viveiros. Ouça: