(Foto em destaque: Foca Lisboa / UFMG)

Reitores de diversas gestões da UFMG participaram, no início da tarde de hoje, 17, da Sessão Especial 90 anos da UFMG, evento que integra a programação da 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Em clima descontraído, Tomaz Aroldo da Mota Santos, reitor entre 1994 e 1998, Francisco César de Sá Barreto, da gestão 1998-2002, Ronaldo Tadêu Pena, da gestão 2006-2010, Clélio Campolina Diniz, reitor entre 2010 e 2014, e Jaime Ramírez, atual reitor, relembraram a história da UFMG e momentos marcantes que deram à instituição posição de destaque no desenvolvimento do ensino superior gratuito.

Tomaz Aroldo da Mota Santos destacou que a UFMG foi o sonho dos inconfidentes que participavam das rebeliões do século 18, em Ouro Preto. Segundo ele, o surgimento da universidade era um sinal de modernidade para o estado de Minas Gerais e sua capital, Belo Horizonte. “O desenvolvimento da UFMG está diretamente ligado ao desenvolvimento do estado. Apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) veio antes de nós, e isso mostra como tivemos um papel importante no início do ensino superior brasileiro. A UFMG sempre cumpriu e ainda cumpre o seu papel, que é formar cidadãos que atuam na construção do nosso estado. É impossível pensar no desenvolvimento de Minas Gerais sem levar em conta todos os profissionais formados aqui”, disse.

Ronaldo Pena acrescentou que esse crescimento conjunto caracteriza uma universidade que nasceu para ser coletiva. Ele relembrou que a sua gestão, entre os anos 2006 e 2010, foi muito beneficiada pela situação política que o país vivia, uma vez que o governo federal tinha os investimentos na educação e no ensino superior como principais focos. “Naquela época, o Ministério da Educação era chefiado por Fernando Haddad, um dirigente com ótimas ideias e que ajudou bastante na criação de projetos de expansão e inclusão do ensino superior”, afirmou. Ele lembrou que os bônus que beneficiavam os mais pobres no vestibular – a posterior Lei de Cotas –, a municipalização da creche da UFMG e as vagas destinadas a indígenas foram importantes conquistas daquela época. “Foi a primeira vez que tivemos liberdade e autonomia para ampliar vagas, por meio do Reuni, que também focava nos cursos noturnos, muito importantes para dar oportunidade a quem não pode deixar de trabalhar para estudar. Na época, ficou claro que investir em educação e pesquisa era essencial para criarmos uma sociedade mais justa e que respeita as diferenças.”

Continuidade
Os reitores presentes à mesa destacaram que o desenvolvimento da UFMG se deve ao fato de que as gestões sempre se complementaram. “O que diferencia a UFMG das outras universidades é a continuidade dos projetos e dos programas, que não são interrompidos com a mudança dos reitores. O Campus 2000 é um bom exemplo disso, visto que foi um projeto concretizado em várias gestões”, afirmou o reitor Francisco César de Sá Barreto.

Ele acrescentou que falta à UFMG e às demais universidades públicas brasileiras autonomia financeira para gerir os seus recursos e descentralização nas gestões. “Tanto a UFMG como as outras universidades têm a sua direção muito centralizada na figura do reitor. Os alunos e funcionários precisam participar mais para que a universidade consiga formar não somente educadores e pesquisadores, mas cidadãos.”

Clélio Campolina Diniz também ressaltou a importância da continuidade dos reitorados da UFMG. Para ele, a sequência de projetos entre uma gestão e outra comprova que a universidade possui um moderno planejamento de suas ações. “Esse planejamento é importante para enfrentarmos a crise atual, que traz desafios de criar novos paradigmas que consigam associar crescimento econômico e justiça social. Ciência e tecnologia são a base de uma sociedade melhor”, disse.

Em nome da UFMG, reitores foram homenageados pela presidente da SBPC, Helena Nader. Foto: Foca Lisboa / UFMG

Homenagem
Helena Nader, diretora da SBPC, homenageou a UFMG pelos seus 90 anos com a entrega de uma placa ao atual reitor, Jaime Ramírez. A diretora destacou os 90 anos de contribuição da Universidade para o desenvolvimento da ciência brasileira. “A educação é o único modo de resolvermos a crise atual brasileira, e a UFMG sempre teve um projeto de Estado que transcendia os projetos dos governos federais. A UFMG é motivo de orgulho para todos”, elogiou.

Emocionado, Jaime Ramírez agradeceu a homenagem e reafirmou o compromisso da Universidade com o progresso da ciência nacional. “A história da UFMG é coletiva e continuaremos no nosso objetivo de criar uma universidade cada vez mais inclusiva e a serviço da sociedade”, concluiu.