O European Southern Observatory é uma organização intergovernamental de ciência e tecnologia para cooperação em pesquisa astronômica. Trata-se de um grupo com a participação de 15 países que compartilham o uso de três observatórios astronômicos localizados na região do deserto do Atacama, no Chile.
A participação do Brasil no consórcio será abordada na conferência O ingresso do Brasil no European Southern Observatory: um tremendo avanço para a astrofísica e as tecnologias associadas, no dia 19 de julho, a partir das 10h30, no CAD 2 (Sala B 404). Segundo Eduardo Janot Pacheco (em foto de arquivo pessoal), professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil será o primeiro país não europeu a integrar o grupo.
“O European Southern Observatory é um consórcio que surgiu para que o sol pudesse ser observado a partir do hemisfério sul. O deserto do Atacama é considerado um dos melhores locais para observação do céu, então será uma grande oportunidade para nossos astrônomos”, explica Pacheco.
O professor afirma que a astronomia brasileira enfrenta obstáculos para evoluir porque o país não possui bons telescópios, daí a necessidade de integrar um consórcio que disponibilize horas de uso em equipamentos modernos e de alta tecnologia. “A nossa entrada no grupo já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Estamos em fase de negociação com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para realizar o pagamento de mais de 200 milhões de euros que nos permitirá integrar o consórcio”, diz.
Apesar do alto valor, o professor explica que a entrada do Brasil no grupo possibilitará muitos avanços para a astronomia brasileira. Para ter a entrada aprovada, o país precisou apresentar um projeto que justificasse o uso dos telescópios chilenos. “Até 70% da contribuição anual de cada país membro pode voltar sob a forma de contratos para empresas brasileiras, gerando emprego. Além disso, trabalhar com os astrônomos europeus nos trará muitos aprendizados, uma vez que eles estão na nossa frente quando falamos de instrumentação astronômica. Portugal e Espanha são exemplos de países que progrediram muito na área depois que entraram para o consórcio.”
O professor Eduardo Janot Pacheco ressalta, ainda, que o tema precisa ser debatido na SBPC porque se trata de um projeto caro para o país. “Precisamos comunicar os colegas de outras áreas da importância desse consórcio. Ele tem muita importância científica, técnica e industrial. Os pesquisadores de outras áreas que estarão na SBPC precisam conhecer o European Southern Observatory”, recomenda.
(Foto em destaque: ESA/Hubble Wikimedia Commons)