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Nº 1384 - Ano 29 - 13.02.2003


Entre a sala de aula e o palco

Vagner Santos, vice-diretor da Odontologia, segue carreira musical paralela à de professor

Maurício Guilherme Silva Jr.


azer com que as pessoas exibam seus belos dentes brancos é tarefa permanente na vida dele. Na UFMG, Vagner Rodrigues Santos é professor e vice-diretor da Faculdade de Odontologia. Fora dela, o artista Vagnér Santo deixa de lado os instrumentos odontológicos e, com o auxílio de "colaboradores" como Tom Jobim, Caetano Veloso, Rubinho do Vale ou Vander Lee, utiliza a voz para abrir sorrisos. Desde a década de 70, Santos dedica-se à carreira de cantor e compositor. De lá para cá, foram mais de 50 apresentações no Brasil e no exterior.

O gosto pela música nasceu durante a infância de Santos em sua terra natal, a mineira Rubim, no Vale do Jequitinhonha. Lá, o garoto apreciava o cantar suave da mãe, Neide, que, além de exibir em casa os dotes artísticos, integrava o coro da paróquia da cidade. Enquanto a mãe soltava a voz, o pai, Serafim, dedicava-se com afinco à sua inseparável clarineta. A tradição familiar intensificou a natural aptidão de Vagner pelo canto. As primeiras apresentações do artista, que hoje interpreta canções das maiores estrelas da MPB, começaram em Diamantina, onde estudou até os 13 anos. "Participava da montagem de peças, declamando versos, representando e cantando", conta o professor.

Após a passagem por Diamantina, o gosto pelo canto alia-se à paixão pelas "artes" naturais. Depois de servir ao Exército em Belo Horizonte, Santos muda-se para Juiz de Fora, onde ingressa no curso de Ciências Biológicas. É lá que o compositor cria sua primeira canção, Valéria, homenagem a uma namorada da época, e passa a se interessar por teatro. "Participei na montagem de um espetáculo de teatro que estimulou bastante a minha vocação artística", conta. Se a arte passara a ocupar espaços bem delineados na vida de Vagner, a academia o deixava repleto de dúvidas.

À época, o estudante deixa o curso de Ciências Biológicas e muda-se para Belo Horizonte, onde passa a fazer odontologia na UFMG. Na capital mineira, além de se formar como dentista em 1980, e bacharel em microbiologia (1982), Santos monta, com amigos de várias áreas da Universidade, o grupo musical Serigüela e Pitanga. A trupe se apresenta, pela primera vez, numa feira de artes da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), mas chega ao fim em 1984. Dali em diante, Vagner seguiria definitivamente sua carreira solo.

Durante a década de 80, além de trabalhar como dentista clínico, Vagner realiza inúmeros shows. O primeiro deles aconteceria em 1984, no teatro do Icbeu. Com licença, eu vou à Bossa, e Cartola/Geraldo Pereira são nomes de outros espetáculos musicais de Vagner no decênio. O professor só voltaria a se dedicar à academia em 1989, quando inicia seu mestrado. A pesquisa o leva à França. Lá, estudou canto em Versailles e se apresentou na Cidade Universitária de Paris e no bistrô Le Coreil. Ao voltar para o Brasil, ingressou no doutorado e fez concurso para professor da UFMG. "Quando saio da Universidade, no final da tarde, deixo de ser o professor. É o momento de me dedicar a outras paixões, como a música", resume o professor.

Com uma carreira docente consolidada na Faculdade de Odontologia, o artista Vagnér Santo conquistou seu espaço nos palcos, vencendo vários festivais de música. Durante a década de 90, além das montagens Eu canto, Caça à raposa e Choro Bandido, as apresentações multiplicaram-se. O cantor já soltou a voz diversas vezes, no campus Pampulha e em pontos importantes para encontro com a arte mineira, como o Parque das Mangabeiras e o Palácio das Artes. Para 2003, um de seus principais projetos será o lançamento do CD Do salgado e do doce, previsto para o meio do ano. Além de composições próprias, o disco terá canções de João Bosco, Guinga, Vander Lee, Rubinho do Vale e Renato Mota. Nessa semana, Vagnér Santo apresentou-se no projeto Quarta doze e trinta.