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Nº 1413 - Ano 29 - 23.10.2003
 

Inclusão de portadores de necessidades especiais é tema de Congresso na UFMG

Fiorenza Carnielli

Escola de Educação Física e a Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada (Sobama) promovem, de 24 a 27 de outubro, no auditório da Reitoria, o Congresso Brasileiro de Inclusão e V Congresso Brasileiro da Sobama. O evento busca disseminar conhecimentos e estimular a troca de experiências no atendimento aos portadores de necessidades especiais.

Segundo o professor do departamento de Educação Física e presidente da Sobama, Pedro Américo de Souza Sobrinho, o Congresso reunirá profissionais e estudantes das áreas de educação física, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, pedagogia, engenharias, odontologia, ciências políticas e direito. "Discutiremos o desenvolvimento físico, pessoal e profissional do portador de necessidades especiais", diz o professor. Ele acrescenta que o acesso a atividades de lazer ativo, ao bem-estar social, ao respeito e à cidadania são condições para a inclusão social, muitas vezes negadas aos deficientes físicos.


O professor Pedro Américo orienta atividades de reabilitação:
resultados contrariam até a literatura especializada

A programação é composta por mesas-redondas, conferências, exposições e apresentações artísticas. "Todas as mesas-redondas contam com a participação de portadores de necessidades especiais", diz o professor, argumentando que a medida é uma forma de garantir que as propostas levantadas realmente atendam às necessidades do público-alvo.

Tocar para aprender

Um dos destaques do Congresso é a mostra Morfologia ao alcance das mãos, que ficará aberta no saguão da Reitoria entre os dias 24 e 29 de outubro. A exposição reúne 52 modelos tridimensionais e em relevo, representativos das estruturas do corpo humano. Coração, rim, pulmão, aparelhos reprodutores, intestino, células, tecidos e organelas estarão disponíveis em textura e relevo, tal como no organismo humano, o que facilitará a assimilação de suas formas pelos cegos.

A coleção foi desenvolvida pelo Museu de Ciências Morfológicas do ICB como projeto que é parte de sua política de inclusão. "O ensino da morfologia exige material pedagógico de forte apelo visual", diz Maria das Graças Ribeiro, diretora do Museu. As peças foram desenvolvidas para facilitar as aulas práticas ministradas ou assistidas por portadores de deficiência visual. Todo o processo de construção das peças foi acompanhado por estudantes cegos, garantindo que o toque realmente revele as estruturas humanas.

Propriedade intelectual da UFMG, o projeto está registrado no escritório de direitos autorais da Biblioteca Nacional. Por meio de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação, a coleção está sendo apresentada e testada em escolas da capital. "Os modelos parecem brinquedos, tornando o aprendizado mais prazeroso e, principalmente, inclusivo", diz Maria das Graças.

A força de quem pode

O Centro de Estudos do Esporte para Portadores de Deficiência (Cepode) traz em sua sigla uma mensagem aos portadores de necessidades especiais: "Você pode!" Há 25 anos, o grupo, vinculado à Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, desenvolve um programa de reativação emocional e física dessas pessoas.

O Cepode atende 60 portadores de necessidades especiais ocasionadas por derrames cerebrais, acidentes ou doenças congênitas. Duas vezes por semana, eles se reúnem para exercitar e divertirem-se. A coordenação do trabalho é do professor Pedro Américo de Souza Sobrinho, que conta com dois estagiários e cinco voluntários para a orientação das atividades de reabilitação.

"As pessoas que nos procuram sabem exatamente o que não podem fazer. O que fazemos é mostrar o quanto podem", diz o professor. As lesões atendidas no Cepode são, em sua maioria, irreversíveis, mas, segundo o professor, as atividades melhoram sensivelmente a qualidade de vida física e emocional dos pacientes. "Elas promovem o fortalecimento muscular, melhoram a postura, a coordenação motora e a condição cardiovascular, além de combater a depressão", completa Pedro Américo.

Ismael Soares de Oliveira, ex-funcionário da UFMG, participa do programa há 16 anos. "Os exercícios me deram condição de dirigir, fazer transferências no banco, coisas simples, mas que me faziam muita falta", diz Ismael. Mírian Lúcia Galliac, portadora de esclerose múltipla, freqüenta as sessões de exercícios há seis meses. Na semana passada, sua carga de atividades foi aumentada. Mírian Galliac estava radiante:"Isso é sinal de que estou melhorando". O professor Pedro Américo também comemora os resultados. "Diferentemente do que indica a literatura especializada, em nenhum de nossos pacientes com esclerose múltipla a debilidade progrediu", garante.

A esporteterapia e o esporte de reabilitação são as técnicas adotadas pelo Cepode. Segundo o professor Pedro Américo, elas usam adequadamente os recursos da Educação Física e do esporte, buscando compensar ou regenerar distúrbios de ordem física, psíquica e social.

Evento: Congresso Brasileiro de Inclusão e V Congresso Brasileiro da Sobama
Data: 24 a 27 de outubro
Local: auditório da reitoria
Inscrições e informações: Centro de Extensão da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, telefone (31) 3499-2314, ou durante o credenciamento do Congresso no dia 24, das 14 às 18 horas. Mais informações na página www.fundep.ufmg.br.