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Nº 1432 - Ano 30 - 01.4.2004


Eternamente mestres

Professores que se aposentaram preferem continuar na UFMG desenvolvendo trabalho voluntário

Patrícia Azevedo

xistem pessoas que nascem para o magistério, e eu sou uma delas. Não paguei universidade, e o trabalho como voluntário é uma forma de retribuir. Gosto de estar no meio da juventude, é prazeroso", afirma o professor Manoel Teixeira Dias, ao expor as razões que o levaram a permanecer na Universidade mesmo depois de aposentado. Durante 16 anos, Manoel Dias trabalhou como professor titular na UFMG e, há cerca de um ano, assinou contrato de trabalho voluntário por solicitação do Departamento de Ciências Contábeis: "Foi um pedido da Universidade, mas sinto-me na obrigação de passar para os alunos o conhecimento que adquiri", enfatiza o professor.

Assim como Manoel, outros professores não desfizeram o vínculo com a UFMG após a aposentadoria. Quando explicam as razões que os levaram a não "pendurarem as chuteiras", a vontade de continuar projetos e pesquisas, de estar em contato com os alunos aparece em primeiro lugar. "Fiquei feliz, pois queria permanecer na Universidade. Tenho com ela uma ligação de uma vida inteira", declara Maria Beatriz Bretas, professora do Departamento de Comunicação Social. Na Universidade desde 1978, Beatriz Bretas animou-se com a idéia de ser professora voluntária e assinou o termo de adesão no final do ano passado. "Como estava envolvida em projetos, fui permanecendo na UFMG. Quando a professora Lúcia Afonso (do departamento de Psicologia da Fafich), contou-me da possibilidade de ser voluntária, decidi assinar o termo", diz Beatriz Bretas, que está longe de perder a disposição para o trabalho. Ela orienta alunos de pós-graduação, participa de bancas de defesa, ministra disciplinas isoladas e desenvolve projetos de pesquisa já iniciados nos tempos de professora efetiva.

Outro professor que não parou com suas atividades é Nívio Ziviani, do Departamento de Ciência da Computação. Na UFMG desde 1972 e voluntário há cerca de um ano, o professor revela que, ao se aposentar, não poderia simplesmente deixar os alunos que orientava e os projetos acadêmicos com os quais estava envolvido. "Um aluno de doutorado não se forma com menos de três anos", justifica Ziviani. O professor diz que sua permanência na UFMG interessa a ele e à Instituição. "Preciso da infra-estrutura da Universidade para continuar minhas pesquisas (ele é pesquisador do CNPq), mas sei que o meu trabalho tem valor para o Departamento e para os alunos", completa.

Termo de adesão oficializa trabalho voluntário

A oficialização do trabalho voluntário na Universidade deve ser feita por meio do preenchimento de um termo de adesão e da assinatura de contrato. O termo estabelece a carga horária, as atividades a serem realizadas e o tempo de duração da atividade."É importante que os interessados preencham o termo para resguardar a Universidade e os próprios voluntários", aconselha a diretora do Departamento de Administração de Pessoal (DAP), Cármen Maia. Os próprios professores reconhecem a necessidade do contrato. "É uma formalização importante, o trabalho é voluntário, mas há o compromisso. Fico mais tranqüila", afirma Beatriz Bretas.

As diretrizes que regulamentam o trabalho voluntário estão estabelecidas pela lei 9.608, sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. Na UFMG, essa modalidade de trabalho foi normatizada em 2000 pela portaria 0380, assinada pelo ex-reitor Francisco César de Sá Barreto. Mesmo com a regulamentação, a UFMG não tem estatísticas precisas sobre servidores que prestam serviços voluntários na Instituição. Cármen Maia explica que os contratos não passam pelo DAP. Eles são de responsabilidade de cada unidade e assinados pelos seus respectivos diretores. O termo de adesão está disponível na página da Pró-Reitoria de Recursos Humanos: www.ufmg.br/prorh.