Busca no site da UFMG




Nº 1473 - Ano 31 - 24.2.2005

O código da vida passo a passo


Código de barra biológico permitirá a rápida
identificação de espécies animais e vegetais

1. Através de reação química, conhecida por PCR (Reação em Cadeia Polimerase), é feita a duplicação do DNA original do material coletado. O processo permite que os segmentos replicados tenham os nucleotídeos do DNA marcados. Cada nucleotídeo é uma base nitrogenada complementada por outra: Guanina (G) + Adenina (A) ou Timina (T) + Citosina (C). Por esse motivo, os compostos são chamados de pares de base (pb).

2. O PCR pode ocorrer em placas levadas ao seqüenciador de DNA, equipamento que faz a leitura dos segmentos marcados.

3. A visualização das seqüências ocorre através de gráficos, ou seqüências de "letras", em tela de computador conectado ao seqüenciador de DNA. O gráfico é formado por linhas coloridas, que representam, por convenção, as bases nitrogenadas: C= azul, T=vermelho, A=verde e G=amarelo. É possível converter essas informações em linhas, semelhantes às dos códigos de identificação de produtos. Entretanto, barcode não trabalha com essa informação gráfica. Até o momento, seu nome é apenas uma metáfora.

UFMG integra rede brasileira

Cientistas brasileiros estão organizando uma rede nacional de barcode. O grupo reúne pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), de três universidades estaduais _ São Paulo (USP), Campinas (Unicamp) e de Feira de Santana _ e de cinco federais _ Minas Gerais (UFMG), Rio Grande do Sul (UFRGS), Pará (UFPA), Espírito Santo (UFES) e Rio de Janeiro (UFRJ). Todos os integrantes são da área de biodiversidade e participantes do projeto Genoma.

De acordo com Fabrício Santos, a rede poderá ser concretizada com o aproveitamento da infra-estrutura e dos recursos humanos formados pelo projeto Genoma. Ele avalia que essa é uma boa oportunidade para acelerar a coleta de informações e ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade nacional. Outra vantagem do barcode , apontada pelo professor, é evitar matança de animais para realizar sua identificação científica.

Os planos do grupo de pesquisadores são arrojados. Eles pretendem apresentar projeto de pesquisa ao CNPq para identificação de aproximadamente 200 mil espécies no país, através de DNA barcode. Na UFMG, projetos inéditos já estão em curso. Um deles, denominado Biomapa, obteve, em outubro de 2004, financiamento do CNPq de cerca de R$ 200 mil. O objetivo é desenvolver um sistema de mapeamento das espécies brasileiras. Numa primeira etapa, serão criadas ferramentas e identificados barcodes para morcegos e aves da coleção científica da UFMG. A pesquisa é uma parceria entre os departamentos de Biologia Geral e de Ciência da Computação, sob a coordenação de Fabrício Santos e Sérgio Campos.

Na UFMG, outro projeto sobre desenvolvimento de DNA barcode para coleções de morcegos está em andamento. O estudo é parte da tese de Rodrigo Fernandes Redondo, sobre filogenia e filogeografia de morcegos, no curso de doutorado em Genética do ICB. Fernandes pretende trabalhar com 50 espécies de morcegos de todo o país e espera concluir seu estudo no próximo ano.