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Nº 1483 - Ano 31 - 12.5.2005


Eduardo Viveiros inaugura cátedra de Humanidades

Vinda de antropólogo pode estimular redes de cooperação em diversas áreas

Ana Rita Araújo

antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inaugura este mês a cátedra de Humanidade Fundep/IEAT. A programação inclui encontros com grupos de pesquisa e uma grande conferência aberta ao público, no próximo dia 18, às 9 horas, no auditório da Reitoria, com o tema Antropologia e imaginação da indisciplinaridade.

No dia 1 o de junho, Viveiros participa de mesa-redonda com a presença do cientista inglês Michael Brammer e do norte-americano Isao Kubo, ambos da cátedra de Ciências da Vida Fundep/IEAT. Em agosto, o Instituto inaugura a cátedra de Ciências da Natureza, com a vinda do químico Joseph Stucki, professor da Universidade de Illinois (EUA). "Este ano teremos, pela primeira vez, as quatro cátedras em funcionamento", afirma o professor Alfredo Gontijo de Oliveira, diretor-presidente do Instituto.

O IEAT mantém três cátedras em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) que abrangem Humanidades e Artes; Ciências da Vida e da Saúde; Ciências Exatas e Tecnologia; e uma com a Fundação Ford, circunscrita à temática criminalidade, violência e políticas públicas.

Indisciplinaridades

Segundo Alfredo Gontijo, a escolha de Viveiros para a cátedra de Humanidades deu-se sobretudo pela capacidade do pesquisador em promover interlocução e interfaces com outras áreas do conhecimento. "Sua trajetória o credencia plenamente", diz Gontijo, ao ressaltar que Viveiros é um dos grandes pensadores contemporâneos, reconhecido inclusive pelo antropólogo Lévi-Strauss.

Alfredo Gontijo explica que os temas trabalhados por Viveiros, como indisciplinaridade e culturas primitivas, permitem transposições para outras áreas do mundo contemporâneo, como hackers, engenharia de produção, administração de empresas, fármacos e estados alterados de consciência. "Esta é a expectativa e a missão do IEAT: utilizar a presença de catedráticos para estabelecer redes de cooperação na UFMG, que podem ter conexões externas", diz Gontijo.


Alfredo Gontijo: novas metodologias para velhos temas
Foto: Foca Lisboa

A indicação de Eduardo Viveiros ao Comitê Científico do IEAT foi feita pelos professores Ruben Caixeta, Antônio Augusto Pereira Prates, Eduardo Viana Vargas e Débora Lima, de diferentes grupos de pesquisa do departamento de Sociologia e Antropologia da Fafich. Ao aceitar a sugestão, o Comitê indicou Ruben Caixeta como anfitrião disciplinar de Viveiros.

"A Antropologia é, em si, uma ciência transdisciplinar, que estuda o ser humano em suas dimensões cultural, biológica, psíquica e social. Apesar disso, na UFMG, somente agora é que a área está se consolidando nessa perspectiva. A presença de Viveiros reforça este novo perfil", avalia Caixeta, que vislumbra a possibilidade de criação de redes de cooperação em áreas diversas, como Antropologia e Letras, por exemplo, com pesquisas sobre literatura indígena e o problema da tradução de línguas e de pensamentos; Educação, Psicologia e Biologia, para estudo das dimensões cognitivas do pensamento humano; Antropologia e Música, uma vez que no contexto indígena a música tem importante papel na produção de estados de alteridade.

Indutor de interações

Com recursos da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), que mantém três cátedras, e da Fundação Ford, o IEAT traz a Belo Horizonte pesquisadores de nível internacional, que permanecem na Universidade entre 15 e 90 dias. O Instituto arca com passagem aérea, despesas e pró-labore compatível com o salário do visitante em sua instituição de origem. A possibilidade de múltiplas visitas é considerada, quando conveniente do ponto de vista metodológico, para atingir os objetivos desejados.

Ao chegar à UFMG, o professor contratado realiza interlocuções com o grupo disciplinar que o indicou e com pesquisadores de outras áreas. Uma das expectativas é de que o catedrático seja indutor das interações de grupos da Universidade que desenvolvem trabalhos afins de forma isolada. Mas há também a possibilidade de gerar novas interfaces. "A transdisciplinaridade e a inovação na busca de objetos de pesquisa ou de novas metodologias para tratar velhos temas são características fundamentais das cátedras do Instituto", afirma Alfredo Gontijo.