Busca no site da UFMG




Nº 1483 - Ano 31 - 12.5.2005


Em nome de Einstein

Icex realizará simpósio em comemoração ao Ano Mundial da Física

Andréa Hespanha

m 1905, um jovem físico alemão, funcionário de uma empresa que concedia patentes a inventores, publicou cinco artigos inovadores e impactantes, que mudariam os rumos da física moderna. Esse cientista, que introduziu conceitos e desenvolveu teorias revolucionárias sobre a existência dos átomos, a natureza da luz e os conceitos de espaço, energia e matéria, tornou-se um dos maiores gênios do século 20: Albert Einstein. Para comemorar o centenário de suas descobertas, a Unesco elegeu 2005 como o Ano Mundial da Física, com o objetivo de fomentar, em todo o mundo, discussões sobre a física do século 21.

O Departamento de Física da UFMG, apoiado financeiramente pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), preparou um evento para marcar a data. Entre os dias 19 e 21 de maio, no auditório 3 do Icex, será realizado o Simpósio Mineiro do Ano Mundial da Física _ A Inserção da Física Moderna nos Ensinos Médio e Fundamental. Segundo o professor Eduardo Valadares, coordenador do evento, o simpósio pretende discutir, com professores dos ensinos fundamental e médio, formas de revitalização da disciplina nas escolas, com enfoque na física moderna. As inscrições podem ser feitas na página www.fisica.ufmg.br, onde a programação também está disponível.

O simpósio terá palestras sobre a ciência da complexidade, as interfaces das ciências física, química e biológicas, além de nanociência e nanotecnologia. Para explicar a iniciativa da Unesco em instituir o Ano Mundial da Física, foi convidado o professor José Israel Vargas. A teoria da relatividade de Einstein será o tema da conferência do professor Antônio Sérgio Pires. Outras palestras também discutirão a atuação do físico na indústria, cosmologia e os aspectos históricos da física, esta a cargo do professor Márcio Quintão. Na abertura do evento, o tema será a importância da revitalização do ensino de ciências nas escolas, com a professora Beatriz Alvarenga, autora do livro Curso de Física, espécie de best-seller entre os livros didáticos da educação média.

Show de ciências

Além das palestras, os professores poderão participar das oficinas de física moderna e microondas. "Nelas, pretendemos mostrar aos professores como é possível ensinar física moderna com projetos de baixo custo e despertar nos alunos o interesse pelas ciências tecnológicas", explica Eduardo Valadares. Também integra a programação o Show de Ciências, organizado pelo professor Valadares, que mostra uma visão lúdica da física através de experimentos desenvolvidos com materiais simples e baratos.

O evento terá, ainda, o lançamento dos livros Aplicações da física quântica: do transistor à nanotecnologia, de Eduardo Valadares, Alaor Chaves e Esdras Alves; Microondas, de Regina Pinto de Carvalho, e Newton: A órbita da Terra em copo d'água, de Eduardo Valadares.

A comissão organizadora do simpósio pretende, ainda, realizar exposições itinerantes e shows de ciências em outras localidades do estado. "Queremos mostrar aos professores que é preciso sintonizar o trabalho com a realidade social, cultural e financeira", conta o professor.

"A simplicidade encanta as pessoas porque elas percebem que a ciência não é algo distante, mas está ao alcance de todos, faz parte da nossa vida", declara.

Para Valadares, a melhoria da qualidade do ensino nas escolas e, até mesmo, a evolução do desenvolvimento da ciência no país só serão possíveis com uma mudança de paradigmas, que ampliaria a interface da academia com a sociedade. "Os estudantes não estão mais interessados em ciência ensinada somente no quadro-negro. O conhecimento deve ser transportado para o dia-a-dia das pessoas, e os professores ainda não sabem lidar com essa demanda", argumenta Eduardo Valadares, acrescentando que muitos jovens terminam o secundário sem saber nada sobre a física prática.


Eduardo Valadares: mudança de paradigmas
Foto: Eber Faioli

Para o professor, aproximar a física do cotidiano das pessoas é o grande desafio da comunidade científica. Segundo Valadares, bons trabalhos são desenvolvidos nos centros de pesquisa, inclusive na UFMG, mas muitos não têm impacto na indústria e nas escolas. "O pesquisador precisa dar um retorno à sociedade, mostrando que seus estudos são úteis para resolver os problemas dela. E, ao mesmo tempo, ele precisa pensar em novas temáticas e em como transformar a física em ferramenta para promover o bem da humanidade", conclui o professor.