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Nº 1540 - Ano 32
21.07.2006

Internato Rural integra equipes para expandir atendimento no interior

Manoella Oliveira

rática desenvolvida há 27 anos na UFMG, e presente em mais de 40 cidades, o Internato Rural entra em nova fase e articula ações que aproximam os cursos de Medicina, Odontologia e Enfermagem. “Passamos do internato específico para o conceito de trabalho de saúde em equipe. Um professor da Odontologia, por exemplo, presta auxílio aos estudantes de sua área, mas também pode orientar alunos de outros cursos”, explica um dos coordenadores do Núcleo Interdisciplinar de Educação Permanente em Saúde (Nieps), professor Edison Correa.

Eber Faioli

Reitoria: palco de eventos para calouros

Por iniciativa do Núcleo, o Internato Rural Integrado atua em três cidades do Vale do Jequitinhonha e em São João das Missões, no Norte de Minas. Os municípios recebem, pelo período de três ou seis meses, dois alunos que estejam no último ano de seus respectivos cursos para prestar atendimento à comunidade. Também estudantes da Faculdade de Farmácia participam, por meio de disciplina optativa, da programação de férias, que ocorre nos meses de janeiro e julho.

Para atuar em São João das Missões, no norte do Estado, a motivação do grupo foi a reserva indígena de 11 mil habitantes, dos quais 7 mil xakriabás, demarcada em 500 quilômetros quadrados. No município, além das três unidades que compõem o Internato Integrado, o trabalho conta com atividades da Faculdade de Educação (FaE), que desenvolve projeto de formação de professores indígenas e organiza o sistema educacional da localidade. A partir desse ano, a iniciativa assume características de curso superior, com a introdução de aulas de licenciatura. Dos cerca de 140 docentes indígenas da UFMG, 90 são xakriabás. Pequenas comunidades indígenas de aruanãs e pataxós também recebem atendimento em Araçuaí, localidade atendida pelo Internato Integrado.

Perspectivas
Em outra cidade mineira, Padre Paraíso, além dos estagiários do curso de Farmácia, atuam estudantes do projeto de extensão 18 de Maio, da Faculdade de Direito. Ligada ao Programa Pólos de Cidadania, a iniciativa nasceu na UFMG e hoje congrega diversas comunidades acadêmicas. Seu nome remonta ao dia nacional de combate à exploração sexual de jovens e adolescentes. “O Internato Integrado abre perspectivas de articulação com outras atividades desenvolvidas pela Universidade no local”, afirma Edison Correa.

Projetos do programa de extensão Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha também foram levados, pela equipe do Internato, às regiões onde atuam: Cabras Comunitárias, da Escola de Veterinária, que trata da criação desses animais por pequenos produtores; Destinação de resíduos sólidos domésticos, da Escola de Engenharia, além de iniciativas de alfabetização da FaE. “A partir de um núcleo da saúde, vamos desenvolver outros projetos. A integração maior que estamos construindo é com o Pólo”, afirma o professor.

SUS
O Internato Rural Integrado conta com apoio do programa Vivências e estágios na realidade do SUS (VER-SUS: extensão universitária), do Ministério da Saúde, e com parceria da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A participação do VER-SUS é resultado de convênio com o Ministério e atende solicitação de trabalho em cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de populações marginalizadas, especialmente quilombolas, indígenas e ribeirinhas.

O programa destinou R$ 200 mil para o Internato. Coube à Funasa financiar o transporte da equipe – orçado em R$ 42 mil – para São João das Missões e Araçuai, a 700 quilômetros de Belo Horizonte. “Nosso maior objetivo é que o aluno seja protagonista no processo de desenvolvimento de projetos, além da própria comunidade beneficiada”, diz o professor.

O projeto também obteve, durante sua implantação em São João das Missões, doações de computadores pelo Banco do Brasil. Eles vão equipar dois telecentros comunitários.

Internato Rural - A atividade nasceu em 1978, fruto da reformulação do currículo do curso de Medicina. Com o tempo, expandiu-se para outras áreas. A idéia é proporcionar aos estudantes vivência profissional no sistema público de saúde


A cidade de Carmésia, situada a aproximadamente 280 quilômetros da capital mineira, é uma das beneficiadas com o Internato Rural da UFMG. Após dez meses de trabalho da Faculdade de Odontologia no município, a prefeitura pretende ampliar a área de atuação dos estagiários, em especial para alunos da Faculdade de Medicina.

As atividades desenvolvidas no local pela Faculdade de Odontologia, desde outubro de 2005, são fruto de parceria entre a unidade, a Funasa e a prefeitura da cidade. Durante dez semanas, dois estudantes do último ano do curso realizam atividades de promoção da saúde bucal e fazem atendimento clínico da população. “Interagimos com as instâncias administrativas da cidade e motivamos o desenvolvimento do Conselho Municipal de Saúde. A população está envolvida com nosso trabalho”, diz a coordenadora do projeto em Carmésia, professora Marisa Drumond.