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Nº 1574 - Ano 33
23.4.2007


UFMG vai construir hangar em Conselheiro Lafaiete

Estrutura resolverá problema de falta de espaço para testes com aeronaves projetadas pelo CEA

Ana Rita Araújo

Avião Robô - UFMG
Avião-robô marca a competitividade instalada na UFMG

A UFMG deu início esta semana à preparação de terreno de 1,2 mil metros quadrados, em Conselheiro Lafaiete, para a construção
de hangar onde serão desenvolvidas as atividades práticas do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da Escola de Engenharia.

Doado à Universidade pelo município, o terreno situa-se em área contígua
ao aeroporto, no bairro Bandeirinhas, às margens da BR-040 e a cerca de
seis quilômetros do centro da cidade.

Segundo o reitor Ronaldo Pena, embora desenvolva pesquisas aeronáuticas desde a década de 1960, a UFMG “ainda se ressente da falta de espaço físico próximo a uma pista de decolagem”. Ele comenta que experimentos do CEA sempre foram realizados em pistas e aeroportos de Lagoa Santa, Carlos Prates e Confins. “Desde que o aeroporto de Confins voltou a ter uma atividade mais intensa, o problema se agravou”, completa.

Após consultar os pesquisadores da Universidade envolvidos com estudos
aeronáuticos, o reitor procurou o prefeito de Conselheiro Lafaiete,
Júlio César de Almeida Barros, para solicitar a doação do terreno. Júlio
Barros apresentou projeto de lei à Câmara Municipal, que “compreendeu
a importância da iniciativa e autorizou a transferência do espaço para a
UFMG”, conta Pena.

Na opinião do prefeito, a construção do hangar pode potencializar
o uso do aeroporto de Conselheiro Lafaiete, que, segundo ele, é “muito
bem localizado e possui ótima pista de pouso e decolagem”. Por enquanto,
o espaço recebe apenas aviões particulares, mas Júlio Barros acredita
que no futuro será possível ampliá-lo. O prefeito destaca, ainda, que há
uma tendência de investimentos em aeroportos do interior, como ocorreu
recentemente com Ipatinga, São João Del Rei e Montes Claros. “Esperamos que o mesmo ocorra em Lafaiete e a parceria com a UFMG pode nos ajudar nesse sentido”, diz. Localizada a 100 quilômetros de Belo Horizonte, Lafaiete tem 113 mil habitantes e é a maior cidade da região do Alto Paraopeba, com influência sobre 16 municípios.

“O hangar representa uma oportunidade para consolidar as atividades
aeronáuticas na UFMG”, comenta o professor Paulo Iscold, coordenador
do CEA, ao lembrar que o Centro projeta e constrói protótipos, mas depara- se com falta de infra-estrutura para operá-los.

Material


De acordo com o engenheiro Luiz Felipe Vieira Calvo, assessor de Desenvolvimento Institucional da UFMG, o hangar será construído com o
material que compunha o antigo galpão de conformação mecânica, que
funcionava no campus Pampulha, próximo ao Departamento de Engenharia
Mecânica, desativado para dar espaço a parte das obras da nova
sede da Escola de Engenharia.

Em Lafaiete, o hangar terá mil metros quadrados, incluindo espaços
para alojamento de equipes de pesquisadores e alunos, instalações sanitárias e ambientes para aulas práticas, atividades de vôo e de pesquisas, eventos e feiras. “Já conseguimos o alvará de construção”, anuncia o reitor Ronaldo Pena.

Segundo Luiz Felipe Calvo, a Universidade já está providenciando a
limpeza e o cercamento do terreno, e a obra deverá ser concluída em seis
meses. Seu custo é estimado em R$ 600 mil.

Livre para voar

O anúncio da construção do hangar foi feito pelo reitor Ronaldo Pena, no dia 13 de abril, durante solenidade de apresentação do protótipo do primeiro avião-robô desenvolvido com tecnologia inteiramente nacional.

Fruto das pesquisas do projeto multidisciplinar Sistemas de Desenvolvimento de Veículos Aéreos Autônomos e Não-Tripulados (SiDeVAAN) da UFMG, a aeronave foi projetada para atividades como monitoramento de fronteiras, pulverização de lavouras e inspeção de linhas de transmissão.

“A primeira aeronave brasileira a realizar vôos autônomos e não-tripulados marca a competitividade instalada na UFMG”, afirmou o professor Paulo Iscold. Além de operar sem piloto, a aeronave não-tripulada projetada na Escola de Engenharia é autônoma, ou seja, capaz de tomar decisões de vôo e executar tarefas com base em informações sensoriais armazenadas em seu sistema.

Durante a solenidade, o reitor Ronaldo Pena homenageou o professor Cláudio Pinto de Barros, criador do CEA da UFMG, destacou a grande contribuição da Escola de Engenharia na formação de pesquisadores na área de aeronáutica e anunciou a proposta de criação do curso de graduação em Engenharia Aeronáutica e Aeroespacial. Segundo o reitor, o projeto está em tramitação nos departamentos da Escola de Engenharia e deve seguir para apreciação dos órgãos de deliberação superior da Universidade. “Se não houver impedimento de ordem departamental, o curso poderá vir a ser implantado já em 2008”, disse o reitor.

Para o coordenador do CEA, professor Paulo Iscold, o novo curso vem consolidar as atividades já desenvolvidas. “Muita gente não sabe que a UFMG forma engenheiros aeronáuticos, simplesmente porque essa opção não aparece em nossa lista de cursos”, lembra.