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Nº 1612 - Ano 34
02.06.2008

“Quarentão”, Festival de Inverno
se volta para a essência da arte
fetival

Em sua 40ª edição, evento alia vanguarda e tradição

 

O ano de 2008 é de comemoração para o Festival de Inverno da UFMG, que chega à sua 40ª edição como um dos mais tradicionais festivais universitários do país, tendo estimulado o surgimento de grupos artísticos de projeção nacional como Galpão, Corpo, Uakti e Giramundo. A próxima edição será realizada entre 13 e 26 de julho, em Diamantina. O 40º Festival será lançado para a comunidade acadêmica no dia 2 de junho, às 16h, no auditório da Reitoria da UFMG. O evento homenageará os idealizadores da primeira edição do Festival, em 1967.

Durante a solenidade será exibido o filme 40 Invernos, dos diretores Evandro Lemos e Sérgio Vilaça. A Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG também se apresentará, regida pelo maestro Charles Roussin. Além disso, será aberta, no saguão da Reitoria, a exposição Festival de Inverno da UFMG – 40 Encontros entre a Arte e o Conhecimento, com curadoria do artista plástico Fabrício Fernandino, também curador do Festival. Com apoio do Projeto República, a exposição faz um relato histórico do evento, contado por reportagens publicadas desde 1967. A mostra permanece no saguão da Reitoria até 4 de julho, quando segue para o mercado velho de Diamantina.

Às origens

Este ano, o Festival mergulha na essência da arte.“Isso não significa negar a arte conceitual, porque podemos descobrir que a essência da arte é o conceito”, ressalta o coordenador-geral, professor Maurício Campomori. Ele explica que a idéia de arte essencial propõe dois movimentos simultâneos. O primeiro é a busca da origem da arte, adequada ao momento em que se celebra 40 edições do Festival. Segundo o coordenador-geral, o retorno às origens não implica perda da experimentação; significa manter o vínculo com o tradicional.

O segundo movimento considera a arte fundamental para a vida, “principalmente no cotidiano marcado por pragmatismos ditados pelo poder econômico”, ressalta Campomori. A partir dessa idéia, ele traça o paralelo de que assim como a arte é essencial à vida, o Festival é essencial à UFMG. Para Campomori, a essencialidade do evento está em seu caráter de vanguarda. “Há liberdade conceitual de ir onde certas iniciativas artísticas de mercado não vão e de discutir a lógica e a essência das coisas”, comenta.

A essencialidade da arte direciona a conceituação das oficinas e demais atividades. A área de Artes Visuais I vai privilegiar a retomada dos processos tradicionais e artesanais, de acordo com o coordenador e professor da Escola de Belas-Artes Lincoln Volpini. Não se trata, no entanto, de abandonar os temas contemporâneos. “Valorizar a essência significa uma reciclagem contemporânea”, explica Volpini.
Nas Artes Musicais, o coordenador Mauro Rodrigues, professor da Escola de Música, conta que o retorno à essência vai valorizar a música de câmera, a improvisação e a banda sinfônica, tradição diamantinense. A reflexão estética e filosófica e a apreciação com viés histórico também foram incluídas. “Esperamos cumprir com o que nos parece essencial que é nos tornarmos instrumentos da música”, explica.

No total, serão oferecidas 884 vagas em 50 oficinas – 14 de iniciação, 28 de atualização e oito projetos especiais –, além de um curso de atualização. Serão ministradas três oficinas para os jovens de Diamantina. A Diretoria de Ação Cultural (DAC) vai oferecer cerca de 100 bolsas para entidades filantrópicas e instituições do município apoiadoras do Festival de Inverno, como escolas públicas. Já a Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) concede 60 bolsas para alunos da UFMG classificados como carentes, no valor de R$ 400.

Itinerância

O Festival de Inverno da UFMG foi criado em 1967, pelos professores Haroldo Matos, da Escola de Belas Artes, Berenice Menegale e Maria Clara Dias Paes, da Fundação de Educação Artística. Entre 1967 e 1979, Ouro Preto acolheu o Festival. Em 1980, o evento não foi realizado, e suas edições seguintes ocorreram em Diamantina. Em 1984, deixou de ser realizado pela segunda vez, devido à greve dos servidores da Universidade. No ano seguinte, Diamantina voltou a sediar o Festival. Nos anos de 1986 e 1987, o evento foi para São João del-Rei. E já com caráter itinerante, a 20ª edição, em 1988, aconteceu em Poços de Caldas.

De 1989 a 1992, o Festival de Inverno da UFMG teve Belo Horizonte como palco, voltando a Ouro Preto entre 1993 e 1999, período em que arrastou multidões para a cidade histórica. Em 2000, encontrou seu "porto seguro" em Diamantina.