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Nº 1612 - Ano 34
02.06.2008

Arquitetura em negativo

Laboratório da UFMG resgata
fotos históricas da arquitetura brasileira

 

filme

Por meio da restauração e digitalização de cerca de 50 mil negativos, o Laboratório de Fotodocumentação Sylvio de Vasconcellos, da Escola de Arquitetura, está resgatando parte da história da arquitetura nacional. Coordenado pelo professor Leonardo Barci Castriota, o Laboratório abriga um rico acervo fotográfico sobre a arquitetura brasileira que, guardado de forma inadequada, permaneceu desconhecido e corria o risco de se perder completamente. Agora, a equipe do Projeto de Tratamento e Digitalização d Acervo está oferecendo a pesquisadores e ao público em geral o acesso ao material por meio do site do Laboratório de Fotodocumentação: www.forumpatrimonio.com.br/
laboratorio/site.html

O maior período de atividade do Laboratório aconteceu na sua primeira década de vida. Criado em 1954, ele foi invadido durante o golpe militar de 1964, quando o Setor de Pesquisa da Escola de Arquitetura foi desativado, tendo suas atividades drasticamente reduzidas. Durante as décadas seguintes, o acervo foi praticamente esquecido e sofria com a deterioração.

De acordo com a bibliotecária Carla Viviane Ângelo, responsável técnico-informacional do Projeto, sem a condição adequada de armazenamento, os filmes sofreram a chamada síndrome do vinagre, processo de deterioração que faz o filme exalar um cheiro similar ao do vinagre. “Durante o processo, acontece o deslocamento da base química que fixa a imagem, além do enrugamento do filme, o que atrapalha a sua revelação”, afirma. “O nosso trabalho consiste em interromper esse processo de deterioração, já que ele não pode ser revertido” completa a bibliotecária.

Segundo a bibliotecária, a tarefa é traçar o caminho inverso. “Primeiro foi
realizado o tratamento digital das imagens e agora está sendo feito o tratamento físico”, afirma. Os negativos estão sendo guardados em embalagens adequadas, higienizados e instalados em salas climatizadas, para evitar que voltem a sofrer a síndrome do vinagre. “Nosso trabalho está concentrado na catalogação e restauração dos filmes restantes”, explica.

Pesquisa continental

Dos 50 mil negativos, metade já foi digitalizada e aproximadamente 14 mil já estão disponíveis para pesquisa no site. Segundo Carla Ângelo, a equipe realizou um tratamento informacional e criou catálogo com bases arquivísticas e metodologia internacional para organizar os negativos. Para o professor Leonardo Castriota, o trabalho permite a composição de um painel representativo da riqueza da arquitetura brasileira, em especial a mineira, com fotos de Belo Horizonte e outras cidades do estado.

“O site e o software de busca foram criados para garantir acesso a esse acervo tão rico”, diz o coordenador. Ele conta que, além das opções de busca básica, através de termos gerais, e da busca avançada, com opções como a temática, ano ou local das fotos, foi criado um sistema de indexação da busca do site, que, além de torná-la mais rápida e eficiente, direcionará os internautas a outros acervos de instituições da América do Sul, como o Centro de Documentação da Arquitetura LatinoAmericana, da Argentina.
De acordo com o coordenador, a recuperação do acervo permitirá que o Laboratório retome seu perfil de centro de pesquisas.

“Vários projetos estão sendo realizados. Existe uma equipe que documentou 40 obras da arquitetura contemporânea de Belo Horizonte e produzirá um guia, e outra que está voltando aos pontos da capital já documentados para tirar novas fotos do mesmo ângulo”, exemplifica. Segundo o professor Castriota, o objetivo da segunda pesquisa é comparar fotografias de diferentes épocas para verificar as mudanças e a evolução arquitetônica da capital. “Existem, por exemplo, várias fotos panorâmicas da Avenida Afonso Pena. A idéia é descobrir o que mudou a partir da análise delas”, completa.