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Nº 1613 - Ano 34
09.06.2008

Uma doença chamada desemprego

Tese de doutorado da Medicina associa trabalho precarizado com problemas de saúde

Luiz Dumont Júnior

O desemprego está entre os assuntos mais importantes da agenda de governos e de políticos em campanhas eleitorais, mas sempre foi tratado por um viés socioeconômico. Uma nova abordagem para o problema acaba de ser proposta pela médica e pesquisadora Luana Giatti Gonçalves. Ela sugere que as questões associadas ao mundo do trabalho – como o desemprego e o trabalho precarizado – sejam também contempladas pelas políticas de saúde pública.

Em sua pesquisa de doutorado, recentemente defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina, Luana Giatti detectou uma forte correlação entre desemprego e trabalho sem proteção social com a precarização da saúde do trabalhador, a partir do cruzamento de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 1998 e 2003, do Censo Demográfico Brasileiro de 2000 e de um inquérito do Ministério da Saúde, realizado entre 2002 e 2003. Ela constatou, por exemplo, que 67% dos trabalhadores desempregados de várias capitais brasileiras, com idades entre 15 e 64 anos, avaliaram sua saúde como ruim.

Pode não parecer, mas essa percepção, apesar de subjetiva, é um indicador importante. “Vários estudos mostram que ela está relacionada com uma perspectiva negativa apontada pelo entrevistado. Isso tem a ver não só com o quadro atual de saúde, mas também com os riscos de morte e de internação e até com hábitos nocivos, como o fumo e uma dieta inadequada”, exemplifica Luana Giatti.

O desemprego não afeta apenas a percepção que o desempregado tem de sua própria saúde. A condição também repercute no meio familiar. “A pesquisa verificou que a presença de uma pessoa desempregada na família
impacta o parente empregado”, afirma a pesquisadora. A Pnad de 2003, por exemplo, revelou que ter um parente desempregado em casa aumentava em 10% a chance de uma auto-avaliação negativa de saúde feita por outros membros da família.

Segundo a pesquisadora, o principal objetivo da tese foi estudar as desigualdades nas condições de saúde, associando-as com a inserção no mercado de trabalho. Para isso, ela trabalhou com três modalidades de inserção: a formal, chamada de inserção com proteção social, a sem proteção social ou informal, que não garante carteira assinada ou vínculo com a previdência social, e o desemprego.

Novos estudos

Para a pesquisadora, o estudo reforça a importância do trabalho como indicador de equilíbrio social. “A falta de garantias mínimas de direitos sociais revela uma fragilidade que se reflete na saúde da população”, diz Luana Giatti. Ela defende a realização de novos estudos para aprofundar a discussão. “É um tema ainda pouco estudado no Brasil; os estudos estão mais concentrados lá fora. Pesquisas mostram que, quanto maior o tempo desempregado ou quanto maior o número de vezes que a pessoa fica desempregada, maior a repercussão sobre a saúde”, comenta.

Tese: Desemprego, trabalho sem proteção social e saúde: uma análise do indivíduo e do contexto
Autora: Luana Giatti Gonçalves
Defesa: 14 de maço, junto ao programa de Pós-Graduação em Saúde Pública.
Orientadora: professora Sandhi Maria Barreto
Co-orientadora: professora Cibele Comini César
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Fafich exibe longa ambientado em Belo Horizonte

Divulgação
Jece Valadao e Nivaldo Pedrosa
Jece Valadão está no elenco de 5 frações de uma história

Cinco personagens em diferentes histórias terão suas vidas modificadas a partir de um movimentado final de semana em uma grande cidade brasileira. 5 frações de uma quase história é um longa-metragem de ficção dirigido por Armando Mendz, Cristiano Abud, Cris Azzi, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia. Lançado recentemente nos cinemas de Belo Horizonte, o filme será exibido na sala 3.100 da Fafich, nesta quarta-feira, dia 11 de junho, às 10h.

Após a sessão, os diretores vão participar de debate aberto a interessados na prática cinematográfica, na experiência de produção coletiva e no mercado de cinema em Minas. A programação e o convite aos diretores são iniciativas da professora Patrícia Morin, do departamento de Comunicação da Fafich.

Ambientado em Belo Horizonte, 5 frações reúne cinco histórias em um roteiro. De acordo com o produtor executivo do filme, André Carrera, a relação entre elas é construída por meio de adaptações e amarrações feitas na montagem e de encontros entre os personagens. “São histórias que se tangenciam, cronológica e espacialmente; quase se tocam, mas mantêm seu curso”, explica.

5 frações de uma quase história tem duração de 96 minutos. No ano passado, faturou os prêmios Especial do Júri e Direção de Arte, no Cine PE, festival cinematográfico de Pernambuco.