![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
|||
![]() |
Nº 1615 - Ano 34
23.06.2008
![]() |
![]() |
Glauciene Lara
![]() |
Intervenção de Rita da Glória em foto de Foca Lisboa |
"Nada escapa ao jovem octogenário que escava o metal luminoso e duro dos seres e das coisas”, escreveu o professor Wander Melo Miranda, da Faculdade de Letras (Fale), sobre o poeta mineiro Affonso Ávila. O trecho faz parte do texto de abertura da exposição Constructopoético – affonso80anosávila, em cartaz na Galeria Arlinda Corrêa Lima, no Palácio das Artes, até 29 de junho, em comemoração aos 80 anos de vida de Ávila. A exposição é uma iniciativa do Centro de Estudos Literários da UFMG, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais. Dividida em três eixos, a exposição tem curadoria de Paulo Schmidt.
A primeira parte reúne a biografia do autor, por meio de cronologia dos principais acontecimentos nos 80 anos de Affonso Ávila, associados a fotos com sua mulher, a poetisa Laís Corrêa de Araújo, e amigos. O depoimento do escritor, concedido à Rede Minas em maio de 2008 e cedido à exposição, conecta sua vida a uma obra fundamentada na poesia.
Um dos destaques da exposição são as dedicatórias e as cartas endereçadas a Affonso Ávila, escritas por Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Vinícius de Morais, Otto Lara Resende, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Gilberto Freyre, Henriqueta Lisboa e Carlos Drummond de Andrade, entre outros escritores. No depoimento reproduzido na exposição, Ávila conta que Henriqueta e Drummond acreditavam em seu trabalho, o que o ajudou a deslanchar na carreira.
A segunda parte da montagem reproduz os poemas de Affonso Ávila, explorando a disposição dos textos nas paredes da galeria. A palavra-imagem pulsa no branco, como escreveu Miranda no texto de abertura da exposição. “Eu era de escrever e rasgar; só quando chegava a me agradar que eu guardava”, revela Ávila, de um jeito bem mineiro, no depoimento reproduzido na exposição.
O terceiro eixo compreende os desdobramentos da poesia de Affonso Ávila, apropriada por outros autores na criação de novas obras, sejam composições musicais, espetáculos, desenhos ou vídeos, como o de Eder Santos, baseado em dois versos do poema Cantaria barroca.
A maioria das peças da exposição integra acervo pessoal de Affonso Ávila. “Ele escolheu as cartas e dedicatórias que deveriam ser expostas. No caso da obra, me senti à vontade para selecionar e criar um panorama da produção do autor, explorando a visualidade dos poemas”, explica o curador.
Foi a primeira exposição de um autor vivo organizada por
Schmidt, que já trabalhou em montagens sobre as obras de Henriqueta Lisboa, Pedro Nava e Mario de Andrade. Affonso Ávila aprovou o resultado. “Me sinto surpreso e, ao mesmo tempo, comovido. Isso mostra que há reconhecimento do meu trabalho durante esses 60 anos”.
O nome da exposição, Constructopoético – affonso80anosávila, escolhido pelo curador, remete a uma característica do poeta, que brinca de reordenar as palavras. É também uma referência à relação do autor com o concretismo e o construtivismo.
Um dos marcos da aproximação do poeta com as vanguardas foi a Semana Nacional de Poesia e Vanguarda, organizada por Ávila em agosto de 1963, no saguão da Reitoria da UFMG. Fábio Lucas, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Affonso Romano de Sant´Anna, Benedito Nunes e Paulo Leminsky participaram do evento e assinaram, junto com Affonso Ávila e Laís Corrêa de Araújo, comunicado com quatro conclusões sobre a consciência de forma, a comunicação e a participação, a função prática e a opção na poesia. O texto está exposto na mostra, assim como as fotos e poemas-cartazes produzidos no evento.
Além da exposição, o projeto Affonso Ávila 80 anos, coordenado por Wander Melo Miranda, organizou o livro Homem ao termo – poesia reunida (1949 – 2005), lançado pela Editora UFMG, e o Seminário Affonso Ávila, que será realizado em 26 de junho, das 9h às 18h, na Galeria Arlinda Corrêa Lima.
Composto por três mesas-redondas, o seminário vai abordar o perfil do autor, por meio de depoimentos de Luis Costa Lima, Benedito Nunes e Berenice Menegale. A discussão sobre o poeta no barroco está a cargo de Mirian Ribeiro de Oliveira, Letícia Mallard e José Cabral dos Santos Filho. A análise da obra de Ávila será feita por Manuel da Costa Pinto e Sebastião Nunes. O seminário será gratuito e aberto ao público. As inscrições podem ser feitas pelo telefone