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Nº 1615 - Ano 34
23.06.2008

A história de uma mobilização

Foto: Projeto Manuelzão
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Projeto Manuelzão lança livro com relatos e análises de sua trajetória

Humberto Santos*

Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.

Guimarães Rosa

Lá pelos idos de 1952, Guimarães Rosa vivenciou as andanças de Manuel Nardi pelas terras das Gerais. As caminhadas com o sertanejo bom de prosa renderam histórias. Nardi virou o personagem Manuelzão, figura central de uma novela de Rosa no livro Manuelzão e Miguilin, que faz parte de Corpo de Baile.

Cinquenta e seis anos depois, as “andanças” de outro Manuelzão também têm sua trajetória contada em livro. Projeto Manuelzão: a história da mobilização que começou em torno de um rio resgata a experiência de mais de uma década da iniciativa que nasceu na Faculdade de Medicina da UFMG. “Pensamos em apresentar a história de um movimento que sobreviveu ao desafio da captação de recursos. Em levar ao público universitário, pelo Brasil afora, a experiência de um projeto que questionou pontos de vista sedimentados e fez isso junto com a comunidade”, explica Letícia Malloy, coordenadora de Publicações Científicas e Literárias do Manuelzão e uma das organizadoras do livro.

O livro será lançado nesta sexta-feira, dia 27 de junho, data em que se comemora o centenário de nascimento de Guimarães Rosa. No evento, restrito a convidados, ocorrerá a exibição do documentário Caminho das águas – uma viagem pelo Rio das Velhas a partir das previsões de Richard Burton/1867, de Rodrigo Campos. Também será lançado o livro infanto-juvenil Pedro e o Velho Chico, Evelyn Zayden, que conta a história de um menino que, a partir de um pesadelo, busca encontrar uma solução para o problema da água.

Os temas dos artigos publicados foram selecionados considerando as várias áreas do conhecimento compreendidas pelas atividades do Manuelzão e o modo como elas deram vida aos propósitos do Projeto. “Pedimos aos autores a ‘sinceridade’ de apresentarem o que houve de bem-sucedido e em que pontos houve dificuldades e falhas. Não se trata, portanto, de um relato apenas, mas de uma reflexão crítica sobre o trabalho do Projeto”, explica Malloy.

“O livro traduz uma produção prática e teórica. Não é uma publicação ufanista”, completa Apolo Heringer Lisboa, coordenador-geral do Manuelzão e também organizador do livro. Os textos abordam ações relativas à pesquisa, mobilização social e educação ambiental realizadas pelo Manuelzão e seus parceiros.

Públicos

Além da comunidade acadêmica, público natural das ações do Projeto Manuelzão, o livro pretende alcançar organizações não-governamentais – entidades que também enfrentam dificuldades relativas a gerenciamento e finanças –, Poder Público e empresas.

A publicação será distribuída gratuitamente a instituições de ensino superior, a bibliotecas públicas da bacia hidrográfica do Rio das Velhas e do São Francisco, aos Núcleos Manuelzão, aos subcomitês de bacia e a outros parceiros do Projeto. Também serão contempladas algumas escolas públicas de ensino fundamental e médio da Bacia do Velhas.

*Jornalista do Projeto Manuelzão