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Nº 1645 - Ano 35
23.3.2009

Salvem os livros

Sistema de Bibliotecas lança campanha pelo uso
responsável do acervo da UFMG

Léo Rodrigues

Todo estudante sabe que sua formação acadêmica depende fundamentalmente de um instrumento que o acompanha durante todo o período letivo: o livro. Porém, poucos têm consciência das diversas formas de violência que tem sofrido o acervo das 26 bibliotecas da UFMG. Para alertar a comunidade acadêmica sobre o problema e, ao mesmo tempo, orientar o usuário sobre a melhor forma de lidar com os títulos, o Sistema de Bibliotecas está desenvolvendo campanha pelo uso responsável de suas obras. A iniciativa chega a sua quarta edição com o slogan Preserve a natureza do livro.

A campanha foi lançada no saguão da Reitoria no dia 2 de março, durante a abertura da Semana de Recepção aos Calouros. A data foi escolhida estrategicamente, pois a ideia é tentar conscientizar o estudante desde os seus primeiros contatos com a UFMG. As ações desenvolvidas pela campanha envolvem exposições de livros danificados em algumas bibliotecas, colocação de faixas nas entradas da Universidade e em todas as unidades acadêmicas, distribuição de fôlderes e marcadores de livro contendo dicas.

O acervo do Sistema de Bibliotecas da UFMG é composto de 821.047 livros. Anualmente, são destinados R$ 1 milhão para aquisição de novas obras. A prioridade é a bibliografia básica dos cursos. Mas ao mesmo tempo em que são adquiridas novas obras, há também uma considerável baixa. Só no ano passado, foram perdidos 7.549 livros. “As baixas acontecem por desaparecimento, roubo, infiltrações nas bibliotecas e, sobretudo, pelo mau uso”, enumera Maria Elizabeth Costa, diretora do Sistema de Bibliotecas. Ela lembra que, desde que foi implantado o portal detector, o índice de roubos caiu drasticamente e o mau uso disparou como a maior causa das baixas.

Segundo a diretora, a campanha vem ajudando a reduzir o número de livros danificados e o retorno tem sido positivo. “Temos recebido e-mails elogiando a iniciativa e também apontando alguns problemas”, conta Maria Elizabeth. A vice-diretora da Biblioteca, Rosemary Tofany Mota, coordenadora da campanha, conta que a iniciativa é motivada por uma lógica bem simples: é mais fácil e mais barato evitar que os danos ocorram do que investir na reposição do acervo. “A cultura e o conhecimento produzem a identidade de um povo. Quando defendemos a preservação do livro, não estamos preocupados apenas com o aspecto físico, mas também com o cultural. O acervo da UFMG é um patrimônio de toda a comunidade acadêmica”, argumenta Rosemary.

Cuidado! Frágil

O livro é feito de material orgânico, o que o torna suscetível à ação da umidade do ar e da luz do sol. Apesar desses fatores contribuírem para a vida útil de uma obra em papel, o que mais pesa em sua conservação é a forma como é manuseada. “Isso vale tanto para o leitor, quanto para os funcionários que realizam funções como transportar o livro para a estante, carimbá-lo e adesivá-lo”, ressalta Rosemary Mota.

Confira algumas dicas para garantir a saúde do livro:

Não consumir alimentos e bebidas durante a leitura. Derramamentos acidentais de líquidos e gordura podem causar sérios danos às obras. Alimentos também atraem baratas e outros insetos, conhecidos vilões do acervo.

Grifos e anotações são elementos estranhos à natureza do livro. Eles prejudicam a leitura de outros usuários, limitando o acesso ao conhecimento.

Não dobre as pontas nem vire as páginas com auxílio de saliva.

A lombada é uma das partes mais sensíveis de uma obra bibliográfica. Os funcionários da biblioteca devem manter certa folga na disposição do acervo pelas estantes, de forma que o usuário possa retirar um livro puxando-o sempre pelo meio. Outra forma de não danificar a lombada é evitar o uso da obra para xerox, o que não chega a ser problema na UFMG, que adota o sistema de pastas para disponibilizar os textos básicos da disciplina.

Papéis avulsos não devem ser deixados no interior das páginas. Em alguns casos, a acidez de um pedaço de papel – um recorte de jornal, por exemplo – pode até inviabilizar a leitura.

Atenção especial ao transporte. Devem-se evitar choques, atritos e impactos. Deixar o livro no porta-malas de um carro, por exemplo, não é recomendável. Também não deve ser usado para proteger a cabeça durante uma chuva.