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Nº 1685 - Ano 36
8.3.2010

Feita de ‘concreto integrado’

UFMG conclui complexo de 12 prédios e 60 mil metros quadrados da Escola de Engenharia

Ana Rita Araújo

O tempo chuvoso no primeiro dia letivo do ano colaborou para destacar umas das características inovadoras do recém-concluído complexo de 12 prédios da Escola de Engenharia, no campus Pampulha: a absoluta integração dos 60 mil metros quadrados de área construída. “É possível percorrer todos os espaços, de um extremo a outro, sem tomar chuva”, brinca o reitor Ronaldo Pena, ao afirmar que a UFMG tem agora a mais bem instalada Escola de Engenharia do Brasil. Sua inauguração está marcada para esta quinta-feira, dia 11, às 10h.

Segundo ele, outras instituições têm eventualmente área maior, mas em prédios isolados. “Aqui, todos estão sob o mesmo teto. Isso tem uma importância enorme em um momento em que as linhas divisórias dos campos de conhecimento são cada vez mais difusas e há profunda confluência entre as áreas da própria Engenharia”, afirma.

Vizinhos da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) e dos institutos de Geociências e de Ciências Exatas, os novos “habitantes” do campus Pampulha têm ainda mais possibilidades de qualificar sua formação. “Essa troca é essencial, também com a Filosofia, as artes e, no futuro, com a Arquitetura. Tudo isso é extremamente positivo para a formação dos engenheiros e para a pesquisa, área em que a Escola tem grande competência”, avalia Ronaldo Pena, professor e ex-aluno da Engenharia.

Para o diretor da Unidade, Fernando Amorim, a transferência para o campus Pampulha representa mais do que uma mudança física. “Não são só instalações novas, mas melhores, modernas e adaptadas para as finalidades a que se destinam”, avalia. O novo prédio de salas de aulas (Bloco 3) foi construído em parte com recursos oriundos da adesão da UFMG ao Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Com a adesão, a Escola ganhou quatro novos cursos – Engenharia de Sistemas, Engenharia Ambiental, Engenharia Aeroespacial e Engenharia de Controle e Automação Noturno – e ampliou o número de vagas oferecidas.

Execução direta

Além da integração, o novo complexo simboliza a vitória de um modelo de construção pública único no país e há décadas adotado pela UFMG. Trata-se da autoconstrução ou execução direta, processo pelo qual a própria Universidade ergue seus prédios, dispensando a presença de empresas terceirizadas. “A Universidade acredita que é legal fazer a construção como ela sempre fez, mas o Tribunal de Contas da União (TCU), que antes aprovava esse método, alega que não podemos mais utilizá-lo. Por isso, com toda a compreensão democrática do direito, recorremos à Justiça, e o Supremo Tribunal Federal dará a palavra final”, comenta Ronaldo Pena.

Em sua opinião, a nova sede da Escola de Engenharia é a prova da viabilidade da autoconstrução, que economiza recursos e melhora a qualidade da obra. O reitor lembra que, ao auditar a obra da Face, o TCU concluiu que houve uma economia de 20%. “Tal percentual, aplicado aos R$ 120 milhões utilizados para construir a Engenharia, se traduz em uma economia de R$ 24 milhões para os cofres públicos”, calcula Pena.

Ao percorrer os corredores vazios do antigo prédio da Escola na Praça da Estação, o professor Fernando Amorim se diz privilegiado por ser o diretor da Escola no momento de transferência de sede. “Tenho a felicidade de estar no cargo agora, pois é um projeto para o qual sempre trabalhei, tendo participado da comissão que fez os primeiros levantamentos de necessidades para a mudança. Mas reconheço que este momento é resultado do trabalho de todos”, comenta Amorim, ao destacar o empenho dos reitores Francisco César Sá Barreto, Ana Lúcia Gazzola e Ronaldo Pena, este último desde a época em que era pró-reitor de Planejamento.

Trajetória

Fundada em 1911, a Escola de Engenharia foi uma das quatro unidades acadêmicas que em 1927 deram origem à UFMG, na época denominada Universidade de Minas Gerais. Localizada inicialmente na então avenida do Comércio, hoje Santos Dumont, a Escola fez vários ensaios, ao longo dos anos, de transferência para o campus Pampulha, ideia aprovada formalmente pela sua Congregação em 1943.

Com o intuito de integrar o projeto da chamada Cidade Universitária, a Escola construiu prédios que acabaram ocupados por outras atividades, como o Instituto de Pesquisas Radioativas da Escola de Engenharia, onde funciona o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN); e o Instituto de Mecânica, que abrigou o Colégio Técnico. Também iniciou as fundações para o Instituto de Eletrotécnica, que não foi construído.

Na década de 1980, o Departamento de Engenharia Mecânica passou a funcionar no campus Pampulha, em galpões que agora, reformados e ampliados, integram o novo complexo. Na década seguinte, foi a vez do Departamento de Engenharia Elétrica mudar-se para o campus. Desde 2004, quando tiveram início as obras do atual complexo, outros setores da Escola passaram a ocupar as novas instalações, que hoje, concluídas, abrigam uma comunidade composta por cerca de sete mil pessoas, entre professores, funcionários e alunos.

Até o final de março, quando estiver totalmente desocupado, o antigo prédio da Escola, no Centro de Belo Horizonte, será entregue ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que funcionará no local.

A Escola de Engenharia ocupa, no campus Pampulha, todo o Quarteirão 6 e parte do Quarteirão 10, com as seguintes edificações:

Quarteirão 6

Blocos 1 e 2
Edifício da Biblioteca e Centro de Cálculo Eletrônico
Centros de Experimentação 1, 2, 3, 4 e 5
Laboratório de Análise Experimental de Estruturas (Laees)
Pavilhão Central de Aulas (PCA)
Bloco 3: abriga 33 salas de aula, laboratório de eletrotécnica, setor administrativo do Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial (Cipmoi), instalações do internato curricular da Engenharia Civil e Centro de Graduação da Escola de Engenharia. Nele funcionam os colegiados dos 11 cursos de graduação da Escola de Engenharia; a seção de ensino; a Central de Atendimento; e a Central de Oportunidades, responsável por estágios e interação com empresas.
Bloco de ligação: entrada principal da Escola; grande auditório, com 410 lugares; quatro salas de seminários com 100 lugares cada.

Quarteirão 10

Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos (CPH) e Laboratório Extra Alta Tensão (LEAT)

Leia também os depoimentos de

- Luiz Felipe Vieira Calvo, engenheiro, assessor especial de Desenvolvimento Institucional da UFMG e

- João Dimas Quirino, funcionário do Departamento de Manutenção da UFMG