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Nº 1707 - Ano 36
23.8.2010

SOLIDARIEDADE para garantir a PERMANÊNCIA

Nova bolsa da Fump estimula doações e ajuda a manter na UFMG estudantes de baixa condição socioeconômica

Ana Rita Araújoo

Foca Lisboa
Romeu Guimarães: recompensa pela dedicação

Uma nova modalidade de bolsa, criada pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), oferece a estudantes de graduação auxílio complementar à sua manutenção no curso, com a finalidade de amenizar as dificuldades financeiras e contribuir para o cumprimento do percurso acadêmico com qualidade. Trata-se do Programa Bolsa Apadrinhamento, que provê subsídio financeiro não reembolsável para estudantes classificados socioeconomicamente pela Fump no nível I, e que apresentem bom desempenho acadêmico, pelos critérios do indicador Rendimento Semestral Global (RSG).

A iniciativa também é opção para pessoas que querem fazer doações com a finalidade específica de ajudar a manter alunos pobres na Universidade. Convertidas para o programa de apadrinhamento, as contribuições não se confundem com as outras formas de assistência mantidas pela Fump. “Não há valor definido. O doador decide com quanto quer colaborar, assina contrato com a Fundação, e pode inclusive programar débito automático em sua conta bancária”, explica a gerente de Programas de Assistência da Fundação, Solange Gomes de Araújo Braz, ao acrescentar que o acordo pode ser rescindido ou suspenso a qualquer momento, a pedido do doador. Ela ressalta que a manutenção do programa está vinculada à doação desses recursos.

Solange Braz conta que a Fump foi procurada no final do ano passado pelo professor Romeu Cardoso Guimarães, do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que desejava contribuir para a manutenção de alunos de baixa renda. “Depois de estudar o assunto, propusemos a criação da Bolsa Apadrinhamento”, explica Solange. Desde o início deste ano, o professor doa mensalmente R$ 300. A bolsa ofertada recebeu o nome de Miguel Fernandes Guimarães, em homenagem ao pai do professor Romeu.

“É um estímulo especial saber que estamos contribuindo para melhorar as condições de vida de um aluno”, analisa o professor. “Sabe-se que o desempenho melhora quando o estudante não precisa dar um duro danado para conseguir o dinheiro da passagem ou da alimentação”, acrescenta. Ele explica ainda que “a participação no programa é muito fácil, não causa problema algum ao doador, já que a Fump gerencia tudo”.

Retorno à sociedade

Seguindo o exemplo do professor Romeu Guimarães, outros docentes da UFMG estão aderindo ao programa de apadrinhamento. “Ele é aberto para qualquer pessoa que queira doar, tenha ou não vínculo com a Universidade”, esclarece Solange Braz. Ela ressalta a importância da responsabilidade social de quem participa da política de desenvolvimento da assistência estudantil, ao contribuir para o futuro profissional de alunos de baixa condição socioeconômica, que muitas vezes chegam à universidade gratuita, mas não têm condições de nela permanecer. “Essa iniciativa torna o professor Romeu Guimarães o precursor do Programa Bolsa Apadrinhamento e parceiro da Fump no cumprimento de sua missão”, reitera.

“Minha família preparou as bases, a Universidade me deu muito, agora procuro retornar a ela alguma contribuição espontânea”, resume o professor, ao comentar os motivos que o levaram a tomar a iniciativa. Ele relembra que, como estudante e pesquisador, recebeu bolsas de agências de fomento, como CNPq e Fapesp, que o permitiram fazer pós-doutorado em países como Alemanha, Inglaterra, Israel e Estados Unidos. “Só tenho a agradecer. Claro que houve um esforço, mas também recebi uma contribuição da sociedade, pois se trata de dinheiro público. A quem recebeu tanto, não faz mal nenhum doar algo”, avalia.

Com relação aos critérios adotados pela Fump para selecionar os beneficiários, Romeu Guimarães diz que considera mais importantes a necessidade e a dedicação. “Desempenho é necessário, mas minha experiência me mostra que os melhores na vida profissional não são, necessariamente, os melhores alunos, embora seja importante ter dedicação”, afirma. Ao discutir as críticas a programas sociais, Romeu Guimarães afirma que classifica a Bolsa Apadrinhamento na mesma categoria de benefícios como o bolsa-escola. “O Brasil em geral é muito mesquinho nessas coisas. Com a desculpa de que o indivíduo tem que se esforçar, termina-se por não dar nada a ninguém, mantendo os pobres aí, perenemente, pois mesmo que se esforcem não terão condições de fazer muita coisa. Isso precisa ser melhor avaliado já que dados da própria Fump mostram o bom desempenho dos assistidos”, acrescenta.