Busca no site da UFMG

Nº 1708 - Ano 36
30.8.2010


Aposta nas POSSIBILIDADES

Faculdade de Educação tem papel de coordenação na formação de educadores e na avaliação de programa destinado a jovens adultos

Itamar Rigueira Jr.

Jovens entre 18 e 29 anos de idade alfabetizados mas com poucas chances de terminar o ensino fundamental em escolas regulares são atendidos pelo ProJovem Urbano, programa do governo federal que promove a reinserção desse público nos mundos da escola e do trabalho. A formação dos educadores em três cidades mineiras está a cargo de professores e pós-graduandos da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, que está envolvida também no processo de avaliação do programa em seis estados. A participação valeu à Universidade o prêmio Mérito ProJovem Urbano, concedido este mês.

Os alunos, que ocupam escolas das redes municipais no horário noturno, recebem, além das aulas durante 18 meses, bolsa mensal de R$ 100. O público-alvo determina o conteúdo do projeto pedagógico e do material didático. “O curso é dividido em unidades formativas que relacionam juventude a temas como cidade, cidadania e novas tecnologias”, explica o professor Júlio Emílio Diniz Pereira, da FaE, coordenador do programa de formação de educadores do ProJovem em Belo Horizonte, Contagem e Santa Luzia.

Um dos aspectos inovadores do ProJovem, segundo ele, é a articulação entre três eixos: educação básica, que inclui disciplinas como matemática, português, ciências humanas e da natureza; qualificação profissional, com objetivos definidos pela vocação econômica e pela demanda de mercado de cada um dos municípios; e participação cidadã, que estimula o envolvimento dos jovens na vida comunitária.

A equipe de Júlio Diniz – formada por pós-graduandos – atende cerca de 250 professores. “Apresentamos o programa, abordando as contradições e limitações, mas com foco principalmente nas possibilidades do trabalho”, enfatiza o coordenador. “Além disso, mostramos qual é o nosso público e por que esse trabalho deve ser diferente do que se faz na escola regular. E explicamos a dimensão interdisciplinar do curso, que gira em torno dos eixos que se somam à educação básica.”

Depois de iniciado o trabalho nas escolas, os educadores continuam se reunindo na FaE para o planejamento coletivo de cada uma das unidades formativas, além de reflexões teóricas e debate dos problemas que aparecem na prática. “Além disso, reuniões com os gestores municipais têm sido fundamentais para o acompanhamento do trabalho”, ressalta Júlio Diniz. O convênio para formação de educadores do ProJovem é vinculado ao Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da FaE (Neja) e mediado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).

Avaliação

Ao lado de outras nove universidades, a FaE participa também do sistema de monitoramento e avaliação do ProJovem Urbano, realizando coleta de dados em seis estados (Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Minas Gerais). O trabalho inclui acompanhar a implementação do programa por parte das coordenações municipais e estaduais e avaliar os resultados da iniciativa. A UFMG tem sob sua responsabilidade um banco de dados on-line que fica acessível para os gestores locais e nacionais em todo o Brasil.

Os resultados da avaliação do programa em 2009 serão publicados em breve. “No entanto, já temos informações de que houve ganho de proficiência entre os jovens que participaram do ProJovem no ano passado. Os índices de permanência são mais altos entre mulheres e alunos acima dos 24 anos de idade”, antecipa a professora Marisa Ribeiro Teixeira Duarte, que coordena a participação da FaE na avaliação do ProJovem.

Quanto ao monitoramento da implementação do programa, operacionalizado sob a liderança da UFMG e da Universidade Federal da Bahia, tem se constatado, segundo Marisa Duarte, que a maior parte dos municípios atende à expectativa – e muitos a superam –, mas em alguns deles a situação ainda é precária. A equipe da FaE envolvida com o ProJovem conta com mais três professores pesquisadores, alunos de graduação, que fazem coleta de dados, e ex-alunos da UFMG e de universidades parceiras, que fazem a observação in loco.

Cultura e tecnologia

A participação da FaE no ProJovem é vista pela professora Samira Zaidan, diretora da unidade, também pelo ângulo do aprendizado dos pesquisadores. “Além de colocarmos nossa história e nossa experiência a serviço da compreensão de um programa de tal importância, temos a oportunidade de aprender mais sobre como impedir que se reproduzam situações como a que levou à necessidade dessa iniciativa”, explica Samira, que destaca ainda a preocupação do programa com aspectos – como tecnologia e cultura – que vão além do currículo regular.