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Nº 1708 - Ano 36
30.8.2010

PERAMBULANDO pela rede

Em trabalho desenvolvido na Belas-Artes, designer propõe passeio por imagens e sons encontrados na web

Itamar Rigueira Jr.

O endereço é www.perambulinks.net. Sugestivo? O que esperar de uma visita a esse site? Melhor entrar com algum tempo disponível. A designer gráfica Luciana Rothberg propõe um passeio por imagens, sons e textos extraídos da rede e rearranjados segundo diferentes técnicas e temas. As referências vão dos quadrinhos à publicidade, passando pela TV, pelo cinema e, nas palavras dela, “por material fornecido pela arte ao longo de milênios”.

Perambulinks foi criado e apresentado no último semestre como trabalho final do curso de Design Gráfico da Escola de Belas--Artes. Segundo Luciana, a obra apresenta mistura de estímulos estéticos e convida a “experiências que têm a ver com redefinir fronteiras no campo da arte em conjunção com a tecnologia”.

A partir da montagem de elementos destacados de seus contextos originais, Luciana Rothberg evoca a abundância de informações de todos os tipos que caracteriza a cultura contemporânea para perguntar como responder à absurda quantidade de opções das viagens pelo ambiente digital. “Será que essa saturação leva mesmo à banalização, ou provoca de forma positiva a nossa sensibilidade? As imagens se nivelam ou sua potência se preserva para certas pessoas, em determinados contextos?”, questiona a artista, que iniciou mestrado em Arte e Tecnologia da Imagem, também na EBA.

Composta por 40 telas, a obra propõe percurso não linear e leituras múltiplas. Cada tela fornece várias passagens através de links ocultos que precisam ser descobertos pelo internauta. Esses links levam também à circulação por outros 30 trabalhos que habitam a rede – sites de artistas e designers, e obras que utilizam vídeos e webarte.

De volta para a rede

Quando fez um curso de webdesign paralelo à graduação na EBA, Luciana Rothberg despertou para a questão da arte digital. O interesse só aumentou com a pesquisa de iniciação científica orientada pela professora Mabe Bethônico, que incluiu, entre outras atividades, a prática de desenvolvimento de websites e a produção de texto que discutia as definições de webdesign e webarte. “Se, como webdesigner, preciso me preocupar com a legibilidade, ao lidar com a arte digital posso trabalhar com mais liberdade”, comenta Luciana, que revela a intenção de, no mestrado, aprofundar-se na direção da interatividade das experiências.

É justamente dessa liberdade que ela abusa para justapor elementos variados, que formam significados novos – e imprevisíveis –, e se apropriar do que a rede oferece para devolver a esse mesmo ambiente, numa forma de reciclagem poética.

Para aceitar o convite da artista, é preciso clicar, mas não só. As possibilidades de cada tela se revelam à medida que se faz o mouse perambular. O movimento das mãos faz aparecer e desaparecer imagens, palavras e sons, e conduz a telas e sites em que se veem ora diferentes e divertidas versões para a Mona Lisa, ora um sapato prestes a esmagar um ovo, entre tantas outras cenas. É possível ainda controlar a velocidade de explosões de cores ou destruir pedras, fazendo cair as de cima – são movimentos que não têm hora nem razão para acabar. Mas para que é mesmo que isso serve? Para contemplar, experimentar, pensar, criar junto. E se animar a procurar outras experiências estéticas na rede.