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Nº 1715 - Ano 37
18.10.2010

Agenda inadiável

Biodiversidade e desenvolvimento sustentável são temas
de seminário promovido pela UFMG

Flávio de Almeida

A Unesco escolheu 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, e a UFMG dará mais uma contribuição a essa agenda nos dias 21 e 22 de outubro, com o Seminário Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, que será realizado no auditório 1 da Face. Organizado pela Diretoria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o evento é uma das principais atrações da programação do UFMG Conhecimento e Cultura, que começa nesta segunda-feira. “Estamos no Ano Internacional da Biodiversidade, mas o tom não é de celebração. O que propomos fazer é uma grande reflexão sobre a questão da biodiversidade no Brasil”, afirma o professor Fausto Brito, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Para ele, o país, até pela dimensão de sua biodiversidade e por um histórico de relacionamento nem sempre sustentável com essa riqueza, precisa discutir a questão com profundidade. Brito exemplifica com o caso da Mata Atlântica, que tem, no máximo, 10% de sua área conservada. “Ela pagou o preço, em Minas, de um modelo de desenvolvimento centrado na mineração e na siderurgia. É preciso evitar que o mesmo aconteça com a Amazônia, cuja reserva florestal é vital para a sustentabilidade do planeta”, aponta o professor, lembrando que, nesse caso, a ameaça está na expansão agrícola e da pecuária.

A Amazônia é o assunto da conferência de abertura do seminário, Biodiversidade e mudanças climáticas: o caso da Amazônia, a cargo do pesquisador José Antônio Marengo Orsini, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Marengo explica que fará uma explanação sobre os cenários das mudanças climáticas, produzidos a partir de técnicas de modelagem, e associando-os à biodiversidade. No caso da Amazônia, ele conta que alguns estudos indicam que o Norte do Mato Grosso e o Sul do Pará, onde parte da floresta foi substituída por plantações de soja, começam a apresentar comportamento típico de cerrado.

Políticas públicas

Dois outros biomas brasileiros serão tema de conferências: o cerrado, abordado pelo professor Geraldo Wilson Fernandes, do ICB, e a Mata Atlântica, cuja degradação será analisada pelo professor João Antônio de Paula, pró-reitor de Extensão. A relação entre mineração, recursos hídricos e biodiversidade é o assunto da conferência da professora Virgínia Ciminelli, da Escola de Engenharia, enquanto Maria das Graças Lins Brandão, da Faculdade de Farmácia, falará sobre biotecnologia e desenvolvimento sustentável. O seminário será encerrado com conferências sobre a recuperação da biodiversidade em áreas degradadas, por Maria Rita Scotti, do ICB, e as políticas públicas voltadas para o meio ambiente, análise que caberá ao ex-presidente do Ibama Roberto Messias Franco.

Evento: Seminário Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável
Data: 21 e 22 de outubro, entre 9h e 18h,
no auditório da Face
Inscrições: até 21 outubro, ao preço de R$ 20
Informações

Expansão sustentável

Aline Dacar

Fausto Brito: política para monitorar impacto ambiental das atividades da UFMG

São duas fazendas experimentais (Igarapé e Pedro Leopoldo), o Museu de História Natural e Jardim Botânico, a Estação Ecológica e o Instituto de Ciências Agrárias (ICA), além do próprio campus Pampulha. Para desenvolver políticas de gestão desse patrimônio ambiental, o reitor Clélio Campolina criou a Diretoria de Sustentabilidade e Meio Ambiente, vinculada à Pró-Reitoria de Extensão, e delegou ao professor Fausto Brito, da Face, a tarefa de liderar esse processo.

Estudioso das relações entre populações e meio ambiente, Brito assumiu a Diretoria há cerca de seis meses com a missão de coordenar ações voltadas para a “expansão sustentável” dos campi da UFMG. “Estamos trabalhando para articular as gestões do nosso patrimônio ambiental, desenvolver uma política de gestão de resíduos e monitorar o impacto ambiental de nossas atividades”, afirma o professor Brito.

Segundo ele, o campus Pampulha mantém “presença determinante” na bacia do Ribeirão Engenho Nogueira e se constitui no segundo centro de convergência de trânsito em Belo Horizonte. “Precisamos reduzir a geração e a destinação de resíduos e a pressão que exercemos sobre os sistemas de esgoto e drenagem urbana”, defende o professor, que também pretende mapear os grupos de pesquisa envolvidos com a questão. O levantamento dará origem ao Fórum de Meio Ambiente da UFMG, que deverá se reunir pela primeira vez no primeiro semestre de 2011.

Para estruturar a gestão ambiental na Universidade, Fausto Brito conta com uma equipe enxuta. São seis profissionais na Pró-Reitoria de Extensão e um coordenador em cada unidade do patrimônio ambiental. A estratégia, segundo ele, é aproveitar melhor os recursos disponíveis em vez de criar uma grande burocracia. Isso inclui sensibilizar os próprios pesquisadores da UFMG – que já emprestam sua expertise na área ambiental a organizações públicas e privadas – a contribuírem com a formulação da política ambiental para a instituição. Outro exemplo é o Departamento de Gestão Ambiental (DGA), com o qual a Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade desenvolveu oficinas para levantar propostas em torno da gestão de resíduos. Tais ideias serão discutidas de forma mais aprofundada no 1º Seminário de Gestão de Resíduos, previsto para abril do ano que vem.