Busca no site da UFMG

Nº 1739 - Ano 37
23.05.2011


Poupando ENERGIA

Grupo da Escola de Arquitetura vence concurso de eficiência energética para edifícios existentes

Hélio Brandão

Um grupo de pesquisadores vinculado ao Laboratório de Conforto Ambiental (Labcon), da Escola de Arquitetura, venceu, em abril último, o concurso Otec de Eficiência Energética para Edifícios Existentes. A equipe, liderada pela professora Iraci Miranda Pereira, contou também com as arquitetas Ana Carolina Veloso, Camila Ferreira, Marcela Maciel e Paula Leite, além do engenheiro mecânico Flávio Henrique Morais (todos ex-alunos da UFMG) e da aluna de graduação da Universidade Carla Patrícia Soares.

No concurso, foram apresentados projetos para aumentar a eficiência energética no edifício Paulo de Tarso Montenegro, projetado pelo arquiteto Rino Levi. O edifício, construído em 1961, com 12 andares e aproximadamente 8.400 metros quadrados de área ocupada, está em área de interesse cultural em São Paulo. Ele não é tombado, o que conferiu maior liberdade às intervenções propostas, que precisavam ser comprovadas por meio de simulações.

O projeto vencedor foi muito elogiado por sua viabilidade técnica. Se implantadas, as intervenções propostas pelo grupo reduziriam em até 59% o consumo de energia elétrica. De acordo com organização do concurso, o gasto anual do edifício com energia chega a R$ 500 mil. Entre as propostas estão a instalação de sistemas mais eficientes de ar-condicionado e iluminação artificial, de novos brises na fachada e integração da iluminação natural com a artificial. Tudo foi planejado de modo a preservar ao máximo o projeto original, apesar da liberdade na proposição de intervenções.

Os prédios mais antigos, como o edifício paulistano que serviu de base para os projetos, são os que registram os maiores benefícios de um aumento da eficiência energética, muitas vezes sem precisar passar por modificações radicais em sua estrutura e aparência. “É possível introduzir mudanças não visíveis, como tintas que usam nanotecnologia e aumentam a eficiência energética”, exemplifica a arquiteta Ana Carolina Veloso.

Na academia

De acordo com a professora Iraci Pereira, eficiência energética e sustentabilidade são conceitos cada vez mais abordados na Escola de Arquitetura. Além do Laboratório de Conforto Ambiental, que desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, existem disciplinas específicas sobre o assunto e pesquisas reconhecidas. Integrante do grupo vencedor do concurso e aluna da graduação em Arquitetura, Carla Patrícia Soares confessa: “No decorrer da minha graduação fui percebendo como a consciência pela sustentabilidade foi sendo despertada nos alunos”.

Para Iraci Pereira, uma formação mais específica, voltada para a sustentabilidade, ainda está mais circunscrita ao âmbito da pós-graduação. Paula Leite oferece um retrato dessa situação. “A UFMG lançou o primeiro curso de especialização do Brasil em Sistemas de Tecnologias e Sustentabilidade Aplicadas ao Ambiente Construído. Agora outras instituições trilham esse caminho, pois não só os pesquisadores se voltam para isso, como o mercado também”, acredita ela, que é aluna do curso e também integra o grupo vinculado ao Labcon.

Embora vislumbrem um movimento global em direção à sustentabilidade, as integrantes do grupo reconhecem que muito precisa ser feito, em especial no que se refere à legislação. “É fundamental considerar uma série de aspectos nas leis de uso e ocupação do solo, e eles precisam ser divulgados e implantados. Na Europa, as prefeituras já produzem estudos de como isso vai influir no urbanismo ao longo dos próximos 30 anos. Aqui, uma pessoa usa seu lote ao máximo, às vezes prejudicando quem está no entorno. Isso está sendo deixado de lado na nossa legislação”, resume Iraci Pereira.