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Nº 1752 - Ano 37
10.10.2011

Brasil, Europa e o FUTURO

UFMG integra consórcio multinacional que vai pesquisar temas de interesse comum

Itamar Rigueira Jr.

Brasil e Europa devem pensar o futuro juntos em torno de temas de interesse comum. Eis a motivação da criação do Instituto de Estudos Brasil Europa (IBE), que reúne oito universidades parceiras no Brasil e sete associadas no Velho Continente. Parceiros, associados e convidados vão desenvolver programas de pesquisa transdisciplinar em torno dos eixos Saúde & Biologia, Artes & Humanidades, Políticas, Ciência e Tecnologia.

Financiado com cerca de 3 milhões de euros pela Comissão Europeia, e contrapartida não financeira equivalente a 800 mil euros das instituições brasileiras – para período de três anos –, o IBE reúne, pelo lado brasileiro, além da UFMG, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e as federais do Piauí (UFPI), do Pará (UFPA), de Goiás (UFG) e de Santa Catarina (UFSC).

A UFMG ficou responsável pela coordenação da área de Políticas. Segundo o professor Ivan Domingues, representante da Universidade no IBE, o conceito será tratado sob perspectiva ampla, levando em consideração as ênfases da Agenda 21 e dos acordos entre o governo brasileiro e a União Europeia – assim, além da política partidária, vão compor o escopo dos estudos as políticas públicas, especialmente aquelas relacionadas a ciência, tecnologia, governança (com foco em novas formas de governabilidade), cultura, ética e educação (privilegiando o ensino superior).

“Temos diversos grupos consolidados de pesquisa nessa grande área de conhecimento e contamos com a adesão deles para contribuir com a atuação do Instituto”, afirma Domingues, professor do Departamento de Filosofia e assessor da Reitoria. Em 21 de novembro será realizado workshop para definir o recorte dos trabalhos a serem realizados sob a coordenação da UFMG. O evento terá como tema Cultura, conhecimento e política: Interfaces Brasil-Europa.

O coordenador técnico do IBE na UFMG é o professor Eduardo Vargas, diretor de Relações Internacionais. Outros professores já envolvidos com as atividades do Instituto, e encarregados de temas específicos, são Ana Gomes (extensão), Myriam Ávila e Carlos Antônio Brandão (pós-graduação), Eliana Dutra (pesquisa), Mauricio Loureiro (assessoria para congresso), Ronaldo Barbosa (tecnologia), Antonio Luiz Ribeiro (saúde), Eduardo Mortimer (ciência), Vera França e Ricardo Fabrino (políticas e humanidades).

Mobilidade como consequência

Ainda de acordo com Domingues, está prevista a implantação, no âmbito do IBE, de uma pós-graduação transdisciplinar, que funcionará em rede, com a colaboração dos integrantes do consórcio, e de um programa de intercâmbio. O coordenador do Instituto Brasil Europa, professor Moacyr Martucci Jr., da USP, ressalta que mobilidade é apenas uma das questões a serem contempladas pelo organismo, criado em dezembro de 2010. “As ações de intercâmbio estarão sempre estreitamente vinculadas aos projetos conjuntos de pesquisa”, afirma.

A princípio, acadêmicos brasileiros deverão ser recebidos na Europa pelas instituições associadas: Brunel University (Reino Unido), École Nationale d’Administration (França), Freie Universität Berlin (Alemanha), Karlstads Universitet (Suécia), Université Libre de Bruxelles (Bélgica), Universidade do Porto (Portugal) e Sapienza Universitá di Roma (Itália). Espera-se também forte presença delas em ações no Brasil, tanto nos grupos de pesquisa quanto na pós-graduação, stricto sensu e lato sensu.

Comunicação e extensão

Na divisão de responsabilidades para a consolidação do IBE, também cabem à UFMG ações de comunicação – há um plano aprovado para a divulgação do Instituto – e de extensão. Nesse caso, como explica Ivan Domingues, o propósito é preparar quadros da sociedade para participação no projeto de aproximação entre Brasil e União Europeia. Uma das iniciativas planejadas é a criação de cursos de pós-graduação lato sensu, que deverão reunir gestores do setor público, ONGs, pequenas e médias empresas.

Em recente reunião do comitê diretivo do IBE, realizado na UFMG, Moacyr Martucci Jr. anunciou o primeiro congresso anual do organismo, previsto para dezembro, em Goiânia. “Pesquisadores das universidades brasileiras e europeias vão debater o tema Cidade inteligente, cidade humana em torno de questões de ambiente, qualidade de vida, energia e sustentabilidade nos grandes conglomerados urbanos. E serão conhecidas iniciativas que tratam desses aspectos”, comenta o coordenador do IBE.

Para Martucci Jr., o objetivo é unir as culturas brasileira e europeia para pensar o futuro, ao mesmo tempo em que se trabalhará para fortalecer a pesquisa e a pós-graduação no Brasil. Ele destaca a riqueza dos debates e o espírito de colaboração dos primeiros encontros. Também animado com as primeiras ações do Instituto, Ivan Domingues exalta a singularidade dos ideais que geraram o IBE: “O Brasil tem diversos organismos que concentram suas atividades em estudos europeus, mas esse é o primeiro que vai tratar de questões que representam interesses compartilhados entre Brasil e União Europeia”.