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Nº 1752 - Ano 37
10.10.2011

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

Filosofia em ONDAS

Em programa de rádio, alunos apresentam o tema para leigos buscando interseções com outras áreas do conhecimento

Itamar Rigueira Jr.

Há cerca de cinco anos, depois da primeira temporada do programa Logofonia na então recém-criada rádio UFMG Educativa, a produção da emissora recebeu uma ligação: o interlocutor perguntava, em tom de protesto, por que o programa havia saído do ar. Era um borracheiro de Contagem, ao que tudo indica ouvinte assíduo da atração produzida por alunos do programa PET Filosofia – e que estava apenas em recesso.

Se por acaso faltavam indícios para confirmar o acerto da iniciativa, aquela ligação certamente serviu como estímulo para os estudantes se reunirem para planejar a temporada seguinte.

A atividade começou seguindo o plano de introduzir a filosofia de forma cronológica, desde os gregos. Pouco depois, o esquema mudou, e os temas passaram a se alternar segundo critérios variados. Outra mudança, esta mais gradual, foi a busca pela interseção com outras áreas do conhecimento, como a crítica de arte e o teatro.

O objetivo é claro: dividir os assuntos filosóficos com a própria comunidade de filósofos e com quem não faz parte dela. “Nós temos mesmo essa preocupação com a distância que separa acadêmicos e leigos”, diz Peter Faria, aluno do oitavo período do curso de Filosofia da Fafich.

Monólogo e entrevista

O Logofonia, que vai ao ar às terças-feiras, das 22h às 23h (com reprise aos domingos, às 7h), recebe a cada semana um professor convidado, normalmente da UFMG ou de outras instituições mineiras. Mas a equipe está sempre atenta também à presença em Belo Horizonte de pesquisadores de fora para congressos. “É a única forma de contar com outros nomes, já que não haveria recursos para as despesas com deslocamento e hospedagem”, explica Peter. O programa já recebeu nomes como Pablo Mariconda (USP, filosofia da ciência) e Luciano Gatti (Unifesp, estética contemporânea).

Dividido em quatro blocos de 12 minutos, o Logofonia começa com um monólogo a cargo do convidado. Os blocos restantes são dedicados a entrevista realizada por alunos da graduação – hoje conta com 13 deles – e eventualmente um estudante de pós-graduação com pesquisa próxima ao tema da edição. Ao final de cada bloco, são tocadas músicas escolhidas pelo próprio professor entrevistado. O programa tem a participação de um âncora, bolsista do curso de Comunicação.

Ainda que o Logofonia vise sobretudo aos leigos, engana-se quem pensa que vai encontrar os assuntos mastigados em excesso. “Procuramos maneiras de tratar a filosofia sem simplificar demais, para não perder a qualidade”, garante Tomaz Yanomani, aluno do terceiro período e integrante da equipe do programa.

“Fazemos questão de manter o rigor, sem tornar ininteligível, mas também sem deixar cair no senso comum”, completa Peter Faria. Os alunos trabalham sob orientação do professor Eduardo Soares. Ele coordena o PET Filosofia, cujos alunos integrantes desempenham outras missões de extensão, como produzir a revista Contextura, o programa de debates Interseções e encontros de filosofia, e dar aulas para os jovens que prestam vestibular para a UFMG.

A menção de nomes como Agamben, Adorno e Benjamin – como aconteceu na recente reestreia do programa, que recebeu a professora Sara Rojo, da Fale, para falar sobre crítica de arte e filosofia – e a exploração de aspectos mais espinhosos para os não iniciados são precedidas da contextualização do tema. A condução das perguntas também procura facilitar a vida do ouvinte. Por essas e outras, o Logofonia (www.fafich.ufmg.br/petfilosofia/logofonia) tem merecido elogios em relatórios nacionais do PET e atraído a atenção de outras universidades, como a Federal do Piauí, que planeja lançar projeto similar.

Em sua sexta temporada, o programa vai aperfeiçoando o modelo e tratando de temas como felicidade, religiosidade e ética. O borracheiro de Contagem – que, supõe-se, continua sintonizando a 104,5 FM nas noites de terça ou nas manhãs de domingo – agradece.