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Nº 1754 - Ano 38
24.10.2011


Muito além do binômio diagnosticar-tratar

O conceito começou a ganhar força na década de 1970, quando a OMS ampliou a noção de saúde, que passou a abranger o bem-estar físico, mental e social dos indivíduos, e não somente a mera ausência de doenças. No Brasil, o governo federal lançou, em 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde, que determina diretrizes e aponta estratégias de organização das ações no âmbito do SUS.

Pouco depois, em 2008, a Faculdade de Medicina organizou a primeira edição do Congresso, com a temática Os desafios da promoção da saúde. A coordenadora da segunda edição, professora Maria Isabel Correia, explica a proposta do evento e afirma que a promoção da saúde começa no plano individual.

A Faculdade de Medicina propõe uma nova abordagem do conceito de saúde. O que isto quer dizer?

Até o momento, a grande maioria das instituições universitárias brasileiras, públicas ou privadas, está acostumada a ensinar diagnóstico e terapêutica. Sabemos que o conceito de saúde vai muito além dessas duas premissas. Promover é tão ou mais importante do que tratar, pois traz associada a ideia de prevenir, e ao prevenir, contribuímos com grande economia em tratamentos. O ineditismo está na coragem de, pela segunda vez, organizar um evento interdisciplinar com o foco completamente distinto daquele a que todos nós estamos acostumados.

Ainda há muito a fazer em relação à promoção da saúde?

Sim, a começar pelo próprio indivíduo. Alguém me perguntou se as políticas de promoção são obrigação do Estado, e eu respondi que temos por hábito sempre delegar as funções a alguém; esquecemos que somos partícipes da sociedade. O indivíduo tem que tomar atitudes. Nós ainda estamos a anos-luz deste pensamento. Eu tenho exemplos disso todos os dias. Quando começo a ver um doente por alguma razão e pergunto se ele faz atividade física, se come bem, muitas vezes ele diz: “Doutora, eu vim aqui para você tratar do meu problema”. E eu falo: “Eu sei, mas isso faz parte da sua vida, não trato só a sua doença”. Temos que mudar muito a cabeça das pessoas, ainda.

O que mais nós podemos fazer pela nossa própria saúde?

A própria ideia de relaxamento, de dar-se um momento para si mesmo, de ficar à toa. As pessoas não sabem ficar à toa. A gente está sempre a correr, sempre a querer fazer alguma coisa. Temos que dar uma brecada em nossa rotina. Ainda há muito por fazer. E coisas facílimas: hábitos alimentares, atividade física, o convívio. Começa dentro da própria família.

Violas, homenagem e livros

A abertura oficial do 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG e da 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana (ICUH 2011) será no dia 2 de novembro, às 19h30, no Minascentro. Na ocasião também será entregue a medalha Cícero Ferreira, que passará a ser concedida anualmente a profissionais que se destacaram pela dedicação e contribuição à Faculdade. O primeiro homenageado é o pediatra Ennio Leão, professor emérito da UFMG. Ainda no dia 2, com a programação aberta ao público, o destaque ficará por conta da apresentação da Orquestra Mineira de Violas.

Já os inscritos no Congresso e na Conferência poderão assistir também às bandas Odilara e Caramão de Rama. Dois lançamentos de livros estão confirmados: O viés médico de Guimarães Rosa, escrito pelo professor Eugênio Marcos Andrade Goulart, do Departamento de Pediatria, e A evolução humana – alguns gargalos e muitas oportunidades, do ex-presidente da União Brasileira de Qualidade (UBQ), Maurício Roscoe.