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Nº 1762 - Ano 38
6.2.2012

opiniao

Pensando a EDUCAÇÃO e a EXTENSÃO

Hercules Pimenta dos Santos*

Entendemos que a educação é uma das faces mais presentes na extensão universitária. Assim, nos voltamos a ela no interior da universidade pública visualizando o seu caráter formador. Estudantes envolvidos com temáticas diversificadas são contemplados com a oportunidade de se aproximar de realidades, demandas e movimentos sociais e de estabelecer um contato mais estreito com as necessidades de produção do conhecimento que deve ser revertido em favor da humanidade.

Nesse sentido, a extensão universitária, como processo educativo, abrange ações frente às demais áreas de sua atuação, propiciando a criação de propostas interdisciplinares que permitem experimentações metodológicas, além da possibilidade de identificar, empiricamente, novos problemas para estudos e pesquisas.

O programa de ensino, pesquisa e extensão Pensar a Educação Pensar o Brasil 1822-2022 vem sendo desenvolvido desde o ano de 2007, articulando projetos em torno da educação pública. Suas ações são desenvolvidas por grupo multidisciplinar de professores e alunos, dos níveis de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da UFMG que atuam em diferentes áreas do conhecimento, como Pedagogia, Educação Física, História, Letras e Comunicação Social, em sua maioria vinculados ao Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação da Faculdade de Educação da UFMG.

É importante refletir sobre o papel da universidade pública, o conhecimento que produz e a responsabilidade de integrar tal produção socialmente. É necessário pensar esse processo em uma perspectiva de integração, o que pressupõe uma ação interdisciplinar. A interdisciplinaridade não pretende unificar os saberes, mas se propõe a mediar e articulá-los com suas disciplinas para a construção de termo conceitual e metodológico capaz de facilitar a compreensão de realidades complexas. O objetivo é estabelecer vinculações entre essas disciplinas, construindo referências conceituais e metodológicas e promovendo diálogos e trocas entre campos disciplinares.

Pretendemos aproveitar o período que antecede as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, para propor ações que estimulem a reflexão sobre a contribuição da educação para a construção de um país mais justo e igualitário. De acordo com o principal idealizador do programa, o professor Luciano Mendes de Faria Filho, “entendemos que uma das maneiras de projetar alternativas viáveis para a construção de um país mais democrático e igualitário é, justamente, o esforço para pensar os nossos problemas de maneira plural e diversificada, fugindo de lugares comuns e das soluções fáceis”.

O programa Pensar a Educação, Pensar o Brasil 1822-2022 é organizado por um conjunto de ações articuladas. O seminário anual, realizado desde 2007, tem suas palestras integradas ao currículo do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da UFMG, admitindo, além dos alunos regularmente matriculados nos cursos de mestrado e doutorado em Educação e de outros cursos da Universidade, em caráter de disciplina optativa, o ingresso de pessoas graduadas em qualquer instituição de ensino superior na condição de isolada. Tal atividade é importante para a futura atuação profissional desse público por oferecer maior compreensão da realidade de vários grupos, seus saberes e manifestações culturais.

O segundo projeto é a publicação de livros da Coleção Pensar a Educação Pensar o Brasil, parceria com a Mazza Edições, de Belo Horizonte. Trata-se de material de significativa contribuição para o pensamento e as práticas educativas. É uma produção portadora de representações e valores predominantes de períodos de uma sociedade que, simultaneamente à historiografia da educação e da teoria da história, permitem revisar intenções e projetos de construção e de formação social no Brasil.

Um programa de rádio é o terceiro projeto. Ele é transmitido pela rádio UFMG Educativa, 104,5 FM, ao vivo, toda segunda feira, das 20h às 22h. Desde setembro de 2007, mais de 200 edições já foram ao ar.

O quarto projeto integrado ao nosso programa é a manutenção de um website. Entendemos que se trata de uma forma de possibilitar fundamental aproximação com diversos tipos de público, provenientes de todos os lugares. Ainda nos conteúdos disponibilizados pela rede mundial de computadores, procuramos nos beneficiar do advento da Internet 2.0.
Como pressupõem alguns autores, estamos migrando de um espaço virtual correspondente a uma coleção de websites de consulta para uma plataforma inteligente, da qual seus utilizadores finais podem, ao mesmo tempo, ser consumidores e fornecedores de informação. Dessa forma, convidamos o nosso público a realizar uma interação mais dinâmica por intermédio de algumas redes sociais: Facebook, Orkut e Twitter.

O que buscamos é cumprir o compromisso da universidade pública com a produção e divulgação do conhecimento. Retomamos a ideia de que a função da universidade é produzir conhecimento e ser o espaço da crítica qualificada, e não o de operacionalizar as políticas públicas. Nesse sentido, assumimos a extensão como princípio fundamental de formação diferenciada e da possibilidade de produzir novas pesquisas derivadas da relação da universidade com a sociedade.

Com as ações aqui relatadas, desenvolvidas de forma presencial e, por meio de diversas mídias, buscamos democratizar o acesso ao debate educacional, às pesquisas e ao conhecimento, ampliando o número de pessoas interessadas em pensar e discutir a educação pública no Brasil.

*Mestre pela Faculdade de Educação da UFMG, especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense e professor da pós-graduação e de cursos de extensão da Faculdade Milton Campos