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Nº 1768 - Ano 38
26.3.2012

Ciclo fértil e sustentável

Por meio da compostagem, resíduos verdes gerados no campus Pampulha voltam aos gramados e jardins na forma de produto que melhora as condições do solo

Maurício Paulucci

A UFMG é dona de uma das maiores áreas verdes preservadas da capital mineira, com cerca de 1,7 milhão de metros quadrados, o equivalente a 170 campos de futebol. Essa extensão gera quantidade expressiva de resíduos sólidos e, para tratá-los e destiná-los adequadamente, a Universidade realiza o processo de compostagem – decomposição controlada de matéria orgânica, de forma aeróbia. O composto orgânico resultante retorna aos jardins e gramados, melhorando as características físicas, químicas e biológicas do solo.

Realizados diariamente pelos mais de 100 homens que compõem as equipes das áreas verdes, o corte dos gramados, a varrição das ruas, a coleta de restos de jardins e de folhas secas e a poda de árvores e arbustos geram volume aproximado de oito mil metros cúbicos de resíduos por ano, média diária de 22 metros cúbicos.

Esse material é encaminhado para processamento em uma rua sem saída, atrás do prédio da Faculdade de Educação (FaE), e em área adjacente ao Centro Esportivo Universitário (CEU). “O plano diretor do campus não prevê áreas com esse perfil, por isso elas são improvisadas”, explica o professor da Escola de Engenharia Raphael Tobias de Vasconcelos Barros, diretor do Departamento de Gestão Ambiental (DGA). Ele acredita que os resultados da atividade poderiam ser potencializados se fosse realizada em pátio com condições controladas e com maior nível de mecanização.

Antes do processamento, o material é separado manualmente, eliminando lixos inorgânicos, como embalagens, que não podem ser aproveitados. Os troncos e galhos maiores são triturados para facilitar a decomposição e os restos, amontoados em leiras – montes de resíduos revirados e molhados periodicamente. Tudo isso é executado de modo a permitir boas condições de aeração e de umidade para otimizar o processo.

Esterco de carneiro proveniente da Escola de Veterinária é adicionado ao processo para aumentar o teor de nutrientes do produto. Os restos de comida dos restaurantes universitários (RUs) e das cantinas ainda não são devidamente aproveitados. Estudos do DGA, no entanto, avaliam a possibilidade de incluir, na compostagem, esses materiais resultantes do pré-preparo de alimentos e das sobras das refeições, o que melhoraria as qualidades bioquímicas do produto e diminuiria os impactos ambientais de sua disposição.

Condicionador

O resultado do processo, que nessa forma simplificada dura de três a cinco meses e depende das condições meteorológicas, é o composto orgânico, utilizado nos jardins e gramados da UFMG. Em média, 1,1 mil metros cúbicos são gerados por ano, volume que supre todas as áreas verdes do campus. “O produto é considerado um condicionador, que além de conter pequenas frações de nutrientes, melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes”, detalha o engenheiro Fábio Dornelas, diretor da Divisão das Áreas Verdes. Geralmente, o composto é aplicado, juntamente com adubos químicos, para compensar determinadas deficiências do solo.

Antes do processo de compostagem ser adotado de forma rotineira há cerca de oito anos, os resíduos verdes eram encaminhados ao aterro sanitário de Belo Horizonte pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). “Com o aproveitamento dessa parte orgânica do lixo, evitamos a contaminação do meio ambiente e melhoramos as áreas verdes da UFMG”, afirma Fábio Dornelas.