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Nº 1770 - Ano 38
9.4.2012

Caminho da Ásia

Universidades brasileiras abrem horizonte de cooperação com China e Coreia do Sul

Da redação

A missão do governo brasileiro que levou à China e à Coreia do Sul dirigentes de 20 universidades e representantes da Capes, do CNPq e do Ministério das Relações Exteriores para discutir ações relacionadas ao programa Ciência sem Fronteiras e à ampliação de intercâmbio acadêmico retorna da Ásia convencida de que há grandes possibilidades de cooperação entre o Brasil e os dois países.

A avaliação é do reitor Clélio Campolina, um dos integrantes da delegação brasileira que encerrou na semana passada seu périplo pelos dois países. “A viagem foi um marco no processo de abertura do Brasil para as universidades asiáticas”, resumiu Campolina, ao final da visita.

Na China, o grupo participou, entre 26 e 30 de março, do seminário Enhance Education International by Student Exchange, organizado pelo China Scholarship Council (CSC) e pela Capes. O encontro ocorreu na Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde os delegados brasileiros se reuniram com representantes de 43 universidades chinesas. Já em Seul as reuniões, realizadas nos dias 2 e 3 deste mês, envolveram dirigentes de 13 instituições, entre as quais a Universidade Nacional de Seul, além do órgão coreano responsável pelo planejamento de ciência e tecnologia.

O reitor Campolina se disse impressionado com o desenvolvimento dos sistemas universitários na China e na Coreia. “Eles contam com pesquisadores altamente qualificados, instalações e laboratórios modernos e são abertos à cooperação internacional”, afirmou. No caso da Coreia, o reitor disse que o país é hoje um dos principais polos mundiais de geração de alta tecnologia, e que suas universidades exercem papel decisivo nesse processo. “Lá o desenvolvimento tecnológico está profundamente enraizado nas universidades. Empresas como Samsung, LG e Hyundai se lastreiam na pesquisa produzida na academia”, afirmou. A Coreia do Sul está incluída na mais recente lista de chamadas para graduação sanduíche do Programa Ciência sem Fronteiras (leia mais na página ao lado).

A missão, liderada pelo chefe de Gabinete da Capes, Geraldo Nunes Sobrinho, foi recebida em coquetel oferecido pela embaixada brasileira na China e em jantar organizado pela representação do governo brasileiro em Seul. Em alguns encontros e visitas, a delegação foi comandada pelo reitor Clélio Campolina, que também falou em nome das universidades brasileiras na abertura do seminário na China.

Estudos chineses

Além dos compromissos de que participou como integrante da missão brasileira, o reitor aproveitou a viagem ao Oriente para aprofundar negociações em torno de acordo que será firmado com a Huazhong University of Science and Technology (Hust), sediada em Wuhan, parceira da UFMG na implantação do Instituto Confúcio/Centro de Estudos Chineses em Belo Horizonte. Detalhes do projeto foram discutidos com o presidente da Hust, Li Peigen, e com o vice, Luo Qingming. Campolina também esteve na sede do Instituto Hanban, em Pequim, que financiará a iniciativa, e foi recebido pela diretora-geral Jing Wei.

Segundo o diretor de Relações Internacionais, Eduardo Viana Vargas, as negociações para a criação do Instituto Confúcio/Centro de Estudos Chineses estão quase concluídas. “Vamos tomar as últimas providências para selar um acordo formal e partir para a prática. Esperamos que o instituto esteja em pleno funcionamento já no ano que vem”, adiantou o diretor.

Em sua concepção original, o Instituto Confúcio tem viés cultural, voltado para o ensino do mandarim, mas o núcleo que será estruturado na UFMG pretende alargar esse horizonte. “Estamos interessados em construir um centro com dimensão nitidamente acadêmica, que possa operar no âmbito da colaboração efetiva entre pesquisadores daqui e da China, daí a ideia de um Centro de Estudos Chineses”, detalha Vargas.

A intenção da UFMG é oferecer suporte às pesquisas que tenham a China como objeto ou os chineses como parceiros. Cinco professores da Universidade que já desenvolvem estudos sobre aquele país farão parte da composição inicial do Centro, que será financiado com recursos de cerca de US$150 mil por ano. “A UFMG terá que oferecer uma contrapartida, mas não necessariamente monetária. Estamos reestruturando um espaço no segundo andar da Reitoria, que abrigará não só o centro chinês, mas outros núcleos voltados para estudos da Índia, África e Europa”, conclui Eduardo Vargas.